25 de agosto de 2009

Cinema: uma arte em movimento


O cinema caracteriza-se como uma arte em constante movimento e renovação desde seu surgimento.Quando surgiu impressionava pela simples capitação de imagens funcionando como mero registro,depois Melies inova com o inicio do cinema narrativo.Mas isso ainda não era o bastante,então eis que aparece Griffith que apesar dos problemas éticos do seu filme não pode deixar ser desconsiderado como marco inicial do cinema americano em termos de estrutura do cinema.Quase no mesmo período surgem novas tendências ao redor do mundo.Na Alemanha o expressionismo,com o uso de cenários com obras-primas como a última gargalhada e outros.Na Rússia os formalistas como Einsenstein revolucionam a utilização de cortes e edição.

Mas o cinema continuava a avançar com a tecnologia.O advento do som marcou a história introduzindo a voz como elemento essencial.Mas muitos negaram esse advento ferozmente como Chaplin que combateu o som, realizou seu protesto através da realização de “luzes da Cidade” no ano de 1931,um filme mudo em pleno período sonoro,mesmo assim algum tempo depois esse critico acirrado do som rendeu-se a ele,realizando filmes como “O Grande Ditador”.considero esse um dos inúmeros exemplos de que como o cinema é uma arte em constante movimentação.

Ninguém melhor do que Hollywood soube tirar proveito dessa inovação. O som inaugura o período áureo do cinema, o denominado cinema clássico americano,marcado por uma estrutura narrativa com características próprias herdadas de Griffith.Este tipo de narrativa marcada por uma linearidade com inicio,meio e fim.Mesmo assim alguns cineastas ultrapassaram as barreiras das convenções narrativa,criando características próprias em suas obras como Billy Wilder,Alfred Hitchcock,John Ford e Willian Wiler.

Mas quem diria que um jovem de 25 anos em se primeiro filme iria revolucionar o cinema, Orson Welles com seu “Cidadão Kane”,mudou a historia do cinema ao quebrar com as convenções lineares do cinema clássico ao utilizar o flash-back para narrar e não justificar uma ação de uma determinada personagem,ou com uso da profundidade de campo.Cidadão Kane é um marco na história do cinema,tornando-se um dos filmes mais influentes,até os dias atuais.Muitos dos cineastas que vieram depois tiveram em Welles um mestre,inclusive Stanley Kubrick,que soube como ninguém aplicar os ensinamentos de seu professor.

O cinema que no seu início era considerado uma mera atração de feiras,confirmou-se como arte com linguagem própria.A invenção sem futuro como julgavam seus inventores, conquistou o mundo e chegou a mais de um século de existência.Longe de ter um fim,e com os constantes avanços tecnológicos é difícil prever quais serão os novos rumos dessa arte.

No ano de 1995 data em que o cinema completou um século de existência,uma revista publicou uma reportagem intitulada “o cinema nas palavras de quem o faz”,essa reportagem trazia depoimentos e declarações de cineastas,roteiristas,atores e críticos,dentre os vários depoimentos vale a pena ressaltar o depoimento do cineasta Francis Ford Coppola.quando pediram a ele para dar sua opinião pessoal,ele deu a seguinte opinião “para mim,a grande esperança é que agora,com essas coisas que estão acontecendo,como os gravadores de vídeo de 8 mm,algumas pessoas que normalmente não fariam filmes passem a faze-los.Algum dia,uma garota gordinha de Ohio será o novo Mozart e fará um lindo filme com a camerazinha do seu pai.Daí o assim chamado profissionalismo terá sido destruído,e o cinema passará a ser uma forma de arte.Essa é minha opinião”.Esta opinião era a única a fazer algum tipo de previsão quanto ao futuro do cinema,já é possível observar um pouco dessa previsão tornando-se concreta.Por isso definir algo como possível ou impossível na arte cinematográfica seria uma afirmação sem sentido.





Publicado por Andressa

5 de agosto de 2009

Rota Comando

capa do filme - Rota Comando




O estopim foi acesso por Hector Babenco em 1981 com Pixote – A Lei do Mais Fraco. Passado pouco mais de duas décadas o diretor nos apresentou Carandiru. Anterior a este tivemos Cidade de Deus, do diretor Fernando Meirelles. Porém, foi com o longa Tropa de Elite, de José Padilha, lançado em 2006 que o cinema policial ganhou discussões além das fronteiras das mesas redondas cinéfilas.

Chegamos a 2009 e acaba de chegar às locadoras de todo país Rota Comando, um filme do estreante diretor Elias Junior. Orçado com apenas 550 mil reais, um valor distante de uma produção cinematográfica, o longa tem 2h14, e foi uma adaptação do livro Matar ou Morrer de Conte Lopes, atualmente deputado estadual pelo estado de São Paulo, mas que anteriormente foi capitão da Rota.
A ação do filme se concentra nos habituais crimes e perversidades presentes na cidade: crimes, trafico de drogas, estupros e logicamente o efetivo do batalhão de choque da Polícia Militar de São Paulo.

Não estabelecer proximidades entre Rota Comando e Tropa de Elite é aparentemente superficial demais, pois ambos são adaptações de livros escritos por comandantes da ROTA e BOPE. E, a concentração das cenas é envolta aos comandantes e suas equipes, na tarefa de eliminar os crimes e proteger a cidade.
Lançado com diretamente para as locadoras, o longa saiu com uma tiragem de 20 mil, porém se acredita que o número de cópias seja muito maior pela pirataria na cidade de São Paulo.

O filão que ficou adormecido por quase vinte anos, se tornou um mercado altamente rentável para o cinema nacional. Assuntos que agradam imensamente o público presente em salas de cinema, ou mesmo em casa, em suas leituras muitas vezes estáticas, e também as discussões mais amplas de ordem sociológica feitas sempre em torno destas produções. Se o termo “favela movie” ganhou força com Cidade de Deus e Cidade dos Homens, com Tropa de Elite e o novo Rota Comando ficamos com o termo “PM movie”. Além do cinema, a televisão e o teatro tem apresentado nos últimos anos produções baseadas nestes filmes, ou mesmo nos temas, basta recordar do Força Tarefa e a Lei é o Crime, e da excelente montagem teatral Salmo 91 (adaptação do livro Estação Carandiru).

A fórmula do cinema policial nacional esta montada, resta saber se a equação será cumprida a regra do que se espera de um bom filme: boas interpretações, montagens e fotografia. De resto ficamos com a imagem do cinema policial, resta saber se não o bastardo.


Bruno Scuissiatto