17 de setembro de 2008

Cinema e Literatura: o Mundo


A ficção é algo que engloba muitas coisas, que engloba o mundo inteiro. Tudo pode ser ficção. Tudo pode ser poesia. Tudo pode ser cinema. Mesmo assim, o “tipo” de ficção mais difundido e citado é relacionado à imagem, seja ela novela ou cinema. Isso se dá porque a imagem tem mais credibilidade que a palavra. Quem nunca ouviu a história do “ver para crer” ou “o que os olhos não vêem o coração não sente”?
A impressão de realidade que temos ao assistir um filme é muito maior do que a que temos ao ler um romance, por exemplo. A idéia que passa pela nossa cabeça é a de que, ao ver uma imagem em movimento, estamos vendo a realidade, algo concreto pois, para que a vejamos, ela precisa realmente estar acontecendo. Neste momento, se admitirmos que o que vemos não é real, não estamos sendo fiéis aos nossos olhos e precisaríamos admitir nossa insanidade.
Com relação à literatura, o maior nível de concretude que conseguimos obter é através da imaginação e, ao contrário do que acontece com o cinema, não podemos dar crédito apenas a uma invenção vinda simplesmente da nossa cabeça... Além disso, esse ramo de possibilidades é grande a ponto de que cada leitor possa perceber o texto de formas não contrárias mas diferentes.
Como exemplo de tudo isso, basta lembrar a figura do narrador. No cinema, as próprias imagens narram-se, não há (quase nunca) a presença explícita de uma figura narradora, o que ressalta ainda mais a impressão de realidade, pois não estamos diante de uma versão contada dos fatos, mas diante dos próprios fatos. Já na literatura, figura presente é o narrador que, por vezes, faz questão de mostrar que o que está contando é apenas uma das verdades. O narrador, pessoa, também está sujeito a erros e parcialidades. Não podemos, porém, nos deixar enganar, pois, mesmo no cinema, enquanto vemos os fatos realmente acontecendo diante de nós, temos que lembrar que, num mesmo instante, várias coisas estão também acontecendo e que não somos seres onipresentes.
No entanto, o defeito de cada uma das artes é também sua qualidade. Que maravilha não precisar se preocupar com nada e simplesmente sentar numa sala de cinema e ver o espetáculo do mundo diante de nossos olhos e crer... E que maravilha fechar os olhos e ser livre para imaginar e crer num mundo só nosso!
Angelis Cristina Soistak

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