29 de dezembro de 2010

O LOBO INTERIOR


A famosa obra O Lobo da Estepe que consagrou o escritor Hermann Hesse como um dos maiores romancistas do século passado é inovadora e audaciosa. Publicada pela primeira vez em 1927, o livro do escritor alemão se utiliza em argumentos das descobertas de Sigmund Freud.

Suas estratégias fazem com que ouçamos atentamente nosso lobo interno ecoando nos ouvidos. Perturbador e profundo, conta a história em primeira pessoa de Harry Haller em manuscritos deixados por um vizinho seu. Por falar em manuscrito, o prefácio é escrito pelo então vizinho de Harry que se faz editor e aponta atentamente para a veracidade dos fatos que serão exibidos, estratégia que dialoga com o leitor e tenta apimentar e confundir o menos atento da veracidade do conteúdo ali exposto.

O livro é dividido em três partes. A primeira, e já mencionada, é o prefácio do editor, a segunda Anotações de Harry Haller -só para loucos na qual Harry inicia a sua narrativa de um curto período de sua vida em que esteve vivendo naquele apartamento vizinho do então “editor”. O comentário escrito abaixo do titulo “só para loucos” não é por acaso, pois Harry é visto e interpretado naquela sociedade como louco, já que tenta fugir insistentemente do modo burguês de se viver. E eis outra característica forte desta obra: a denuncia à sociedade burguesa, as criticas feitas são ferozes e irônicas.

Sua narrativa misteriosa e inusitada segue até que encontra, o que então intitularemos de terceira parte, o Tratado do Lobo da Estepe, no qual encontra um tratado sobre sua própria pessoa e modo de ser, fato que o deixa, no mínimo instigado.

Além das denuncias à sociedade burguesa e de todas as fortes qualidades da obra que a aponta como literatura de qualidade, o enredo traz ainda reflexões profundíssimas como a questão da existência de inúmeros seres dentro de uma única individualidade, do lado lobo do homem, questões filosóficas ainda sobre música, sobre comportamento humano, liberdade.

Algumas edições mais recentes trazem em anexo uma nota do autor, na qual o autor expõe sua preocupada opinião sobre as interpretações do livro, abaixo transcrevo, polemicamente, um trecho da opinião do autor no qual fala de sua “pretensão”:

“Mas, entre leitores da minha própria idade, também tenho encontrado com freqüência alguns que – embora bem impressionados com o livro – só percebem estranhamente apenas uma parte do que pretendi. Tais leitores, ao que me parece, reconheceram-se no Lobo da Estepe, identificaram-se com ele, sofreram suas dores e sonharam os seus sonhos; mas não deram o devido valor ao fato de que este livro fala e trata também de outras coisas, além de Harry Haller e de seus problemas, que fala a propósito de um outro mundo mais elevado e indestrutível, muito acima daquele em que transcorre a problemática vida de meu personagem. O Tratado do Lobo da Estepe e outros trechos do livro que versam questões do espírito abordam assuntos de arte e mencionam os “imortais”, opõem-se ao mundo sofredor do Lobo da Estepe com a afirmativa de um mundo de fé, sereno, multipersonalístico e atemporal. O livro trata, sem duvida alguma, de sofrimentos e necessidades, mas mesmo assim não é o livro de um homem em desespero, mas o de um homem que crê.

É claro que não posso nem pretendo dizer aos meus leitores como devem entender a minha historia. Que cada um nele encontre aquilo que lhe possa ferir a corda intima e o que lhe seja de alguma utilidade! [...]”

Fica a dica, mas lembrem-se: 1) Só para loucos e 2)cuidado com o Lobo da Estepe!

Ana Carla Bellon

Ref. HESSE, Hermann. O Lobo da Estepe. Trad: Ivo Barroso, ed: Record, 15° edição, 1995.

28 de dezembro de 2010

LISTAS

Com a proximidade do final do ano surgem diversas retrospectivas e listas acerca dos acontecimentos do ano, inclusive relacionadas ao cinema. Admito que adoro essas listas porque acho que valem a pena para concordar, discordar ou mesmo para aproveitar as dicas e  ir atrás daquele filme que você ainda não assistiu pra ver se realmente “mereceu” estar ali.

Aproveito para sugerir algumas dessa listas, alguma aliás valem a pena só pela criatividade, como é o caso dessa:

Site lista filmes de 2010 que serão fáceis de esquecer no futuro

Além das já clássicas:

Conheça os filmes que mais arrecadaram em 2010

G1 elege os destaques - e o mico - do cinema em 2010

'Avatar' é o filme mais baixado na internet em 2010

Retrospectiva 2010: Os melhores filmes do ano por críticos

Os poucos sucessos e os muitos fracassos do cinema brasileiro

 

Katrym

22 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL

Ao longo de várias recentes produções do cinema nacional, Selton Mello consagrou-se como um dos melhores e mais versáteis atores de sua geração. Além disso, o ator já participou do processo de criação de dois filmes: Lavoura Arcaica, de Luís Fernando Carvalho e O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia, nos quais também atuou.

Em 2008, Selton Mello estreou como diretor com Feliz Natal. Com um elenco formado por Leonardo Medeiros, Darlene Glória, Graziella Moretto, Paulo Guarnieri e Lúcio Mauro e com um roteiro cortado, uma fotografia escura e sombria, uma câmera que se aproxima dos corpos como se fosse possível tocá-los e uma trilha sonora dramática, o filme deve ser visto.




Durante a noite de Natal, Caio (Leornado Medeiros) que é dono de um ferro velho resolve viajar e visitar a família que não vê há alguns anos. Antes mesmo da chegada do personagem a casa da família, o filme nos leva a reflexão e inquietação com as cenas de sua viagem.

Quando da chegada a festa de Natal, o filme penetra em um universo de uma família repleta de conflitos, dramas, situações mal-resolvidas, pessoas que não reconhecem mais a si mesmas nem a seus entes, enfim em um contexto de uma família disfuncional e fragmentada.

Com a chegada de Caio, toda essa problemática vem a tona como erupções, devastando, mas ou mesmo tempo recriando a vida de cada personagem, que de uma forma ou outra passa a questionar sua existência e experiência na vida.

Talvez não seja este o filme mais indicado pra se assistir na noite de Natal com a família, até porque a todo o momento o filme, que além de produzir uma catarse em seus personagens, o faz também nos espectadores. Fica a dica!

Amanda Cieslak

Walter Salles conta o que sentiu ao ler On the Road pela primeira vez

 

      Trabalhando incansavelmente para levar aos cinemas um dos maiores clássicos da geração beat:On the road, Salles respondeu sobre as impressões que teve na sua primeira leitura e o que ele pensa da tradução brasileira.


Chris Felver

 

Quantos anos você tinha quando leu On the Road pela primeira vez? E o que sentiu?
W.S.: Tinha dezoito anos e me lembro ainda hoje de como fiquei impactado por aquela primeira leitura. Havia muito mais desejo de experimentação e de transgressão em On the road do que em qualquer outra narrativa que eu tinha lido até ali - incluindo “O Apanhador no Campo do Centeio”, do Salinger, que eu também tinha adorado com quinze, dezesseis anos. Voltei ao livro várias vezes, inclusive antes de dirigir “Diários de Motocicleta”. Mais recentemente, descobri a versão original escrita por Kerouac, ainda mais livre e radical do que a versão editada em 1957. Não é difícil entender porque: durante os anos 50, os Estados Unidos viviam os anos negros do mccarthismo. Um exemplo: nos primeiros romances de Norman Mailer como “The Naked and the Dead”, os personagens não podiam dizer “fuck you, man”, Mailer era obrigado a escrever “fug you, man”. Kerouac foi vítima dessa mesma censura, que o poeta Michael Mc Clure chama de “censorship of the language”. A violência emocional na versão original de On the Road também vai além daquela presente na versão publicada nos final dos anos 50.

Desde que leu o livro pensava em adaptar a obra para o cinema?
W.S.: Não, de forma alguma... a própria possibilidade de fazer cinema era algo distante naquele momento. Aos dezessete, dezoito anos, eu estava mais interessado na fotografia do que na imagem em movimento. Cartier Bresson, Kertez, Doisneau e Kudelka eram os pontos de referência... Aos poucos, fui passando da fotografia para o documentário, e deste para a ficção. E entre um ou outro trabalho no cinema, ainda volto para minha velha Leica com uma única lente, a 50mm.

E você leu a tradução brasileira? O que acha dela?
W.S.: Nasci em 1956, um ano antes da publicação de On the Road. Se tivesse algumas décadas a menos, teria descoberto On the Roadna versão brasileira. A tradução é ótima, aliás... viva, com a musicalidade do texto original, o que não era nada fácil de atingir. A introdução de Eduardo Bueno na versão brasileira é muito boa... melhor e mais instigante do que os textos que acompanham a versão do “scroll” que saiu no original.

On the Road, o filme, é uma estrada sem fim ou tortuosa?
W.S.: A exemplo de “Diários de Motocicleta”, o projeto de On the Road já teve tantas encarnações que uma resposta definitiva só poderá ser dada quando a claquete do último plano da filmagem for batida. O que pode tornar o filme possível é a paixão de uma produtora independente francesa, a MK2, pelo projeto, e a fidelidade dos atores que convidei para fazer parte do processo em 2008. Mas novamente, certeza mesmo, só quando as filmagens forem terminadas e o filme for projetado na tela do cinema...

 

 

Kleber

15 de dezembro de 2010

O Seminarista um romance cinematográfico de Rubem Fonseca



O romance, conto ou seria a novela? Rubem Fonseca traz para a narrativa de O Seminarista, editora Agir, 2009, uma apresentação do que podemos chamar de uma literatura pautada em um estilo cinematográfico. Isso não é uma novidade no estilo literário desse octagenário que tem uma publicação na literatura há praticamente cinquenta anos.
Em O Seminarista encontramos essa linguagem enxuta e direta que naucateia o leitor, que aliás sente esse gosto desde os clássicos Lúcia McCartney, Feliz Ano Novo e o Cobrador obras publicadas na década de 60, fazendo deste mineiro com uma alma tão carioca dono de um estilo próprio dentro do conto brasileiro.
Nas 23 narrativas de O Seminarista temos a presença de grandes cortes nas cenas narradas, permitindo ao leitor um encontro com o jocoso. Essa estratégia do narrador, contribuiu para deixar que o personagem título da obra – “O especialista” não caia nos esteriótipos corriqueiros quando tratamos de personagens de produções policias. Afinal, não é todo matador profissional que confessa estar apaixonado, como no caso, acontece no relacionamento com Kirsten ou ainda quando interrompe a narrativa para dizer de sua consulta no dentista para um implante dentário.
Outro ponto interessante nesta narrativa de Rubem Fonseca para desconstruir os tipos caricatos de assassinos de aluguel é torná-lo um homem inteligente, falante de latim, cinéfilo de Kurosawa, Fellini, Visconti, Buñuel e Kubrick.
Porém, se por um lado temos a presença desse personagem “título”, em outro, há muito do mundo da realidade contemporânea, principalmente no que tange o tráfico de drogas, a compra indiscriminada de armas de fogos, além de intrigas provocadas pelos poderes paralelos. Ao atribuir isso ao discurso ficcional de O Seminarista, Rubem Fonseca permite aspectos novos em sua obra, por mais que estruturalmente, pelo ponto de vista da linguagem construída em períodos curtos centradas no coloquialismo sejam uma marca sua em muitas outras de suas obras.
Tudo em O Seminarista permite ao leitor um encontro com uma obra que proporciona leituras independentes. Nos 23 “capítulos” existe uma independência, que por mais que os personagens migrem de um capítulo para o outro, essa unidade permanece entre o começo e o final de cada parte.
Se a obra tem uma pauta em um estilo cinematográfico, isso requer dizer que médias e curtas metragens seriam o termo mais apropriado para estabelecer comparação com as narrativas de O Seminarista.
A pergunta inicial não ousa ser respondida, não pela falta de argumentos, mas pelo descompromisso de uma sala de cinema comercial que é projetada nesta leitura.



Bruno Scuissiatto

11 de dezembro de 2010

Explosão de bom humor



Uma das séries de maior sucesso na atualidade, The Big Bang Theory revoluciona o conceito de seriado. Criado por Chuck Lorre e Bill Prady, os mesmos criadores de “Two and a Half man”, o enredo da série é intelectualmente elaborada e aborda questões polemicas.

Leonard e Sheldon, PHDs em diferentes áreas da Física, dividem um apartamento na cidade de Pasadena na Califórnia. Assumidamente “nerds”, ambos divergem nas posições teóricas, o que sempre causa discussões acerca de “tudo de relevante que o universo abarca”, creditando à série algo de educativo, digamos assim.

Os dois contam, ainda, com a companhia inseparável – mesmo que forçada as vezes, como é o caso de Sheldon – de mais três amigos: Rajesh Koothrappali, Howard Wolowitz e Penny. Penny é a vizinha que acaba de se mudar para o apartamento da frente, com seu jeito peculiar de não se interessar teoricamente por nada e com sua praticidade diante das coisas, se torna alvo de todos os encantos de Leonard.

Rajesh é um indiano, que por sinal detesta seu país de origem e ama a nova cidade, – algo que pode traduzir aquela velha idolatria aos EUA – doutor em astrofísica, extremamente tímido e incapaz de falar com mulheres, a não ser que esteja sobre efeitos químicos. Howard é o único dentre os pesquisadores da universidade que não possui doutorado, o que acarreta sempre um desmerecimento às suas abordagens, já que mestrado não é grande coisa na universidade, isso traduz um problema real não apenas daquela instituição.

Leonard é doutor em física aplicada e, após se apaixonar por Penny, tenta, inutilmente, disfarçar seu jeito nerd de ser, transparecendo sempre que faz alusões a teorias cientificas em conversas casuais. Sheldon, Phd em física teórica, o mais peculiar de todos, tenta sobreviver meio aos pobres mortais que tem suas experiências limitadas pela falta de estudo, isso nas palavras da própria personagem. Evita ao máximo os vários tipos de contato entre humanos e possui surtos de explicações cientificas sempre que algo é, na sua visão, equivocadamente conceituado, desde as coisas mais simples do cotidiano até grandes discussões científicas. Além de se considerar uma espécie muito mais evoluída de humano, o que o torna comicamente insuportável.

Como dizem por aí “nem só de médicos, policiais e super-heróis vive o mundo das séries...”. The Big Bang Theory possui um humor de alta qualidade, além de nos proporcionar novas visões sobre o universo, discussões sobre a sobrevivência de um imigrante no país, a arrogância, a insuficiência cada vez mais notada do mestrado no meio acadêmico, a visão de mundo sobre os olhos de alguém que vem do interior para tentar ganhar a vida como ator na cidade, entre tantas outras abordagens e alusões à diversas realidades e situações existentes.

A série está em sua 4° temporada e já ganhou muitos prêmios, como People's Choice Awards na categoria de Melhor Série de Comédia. É exibida no canal fechado mas é disponibilizada também pela internet. Abaixo a ficha técnica da série:

FICHA TÉCNICA

Exibição nos Estados Unidos: 4ª temporada às quintas de 20:00h às 20:30h (horário americano) na CBS.
Exibição no Brasil:
4ª temporada às terças de 20:30h às 2

1:00h na Warner Channel.
Duração:
Aproximadamente 21 minutos.
Estréia:
Setembro de 2007 (nos Estados Unidos), Novembro de 2007 (no Brasil).
Criadores: Chuck Lorre (Two and a Half Man) e Bill Prady (Gilmore Girls).


Ana Carla Bellon

7 de dezembro de 2010

     A Rede Social

 

    O filme  “A rede social”, esperado longa quea-rede-social relata o início do Facebook, estreou no Brasil no último dia 3. O plano de fundo é a universidade de Harvard em que Mark Zuckerberg,estudante prodígio, leva um fora da namorada e por vingança, decide criar um site no qual compara as estudantes da universidade, em uma votação pra decidir quem é a mais atraente.

    O site recebe tantos acessos que derruba a rede de Harvard, o que torna Mark conhecido por todos, desencadeando uma onda de acontecimentos que levaram à criação do Facebook.

    Dirigido por  David Fincher, “The social network” mostra evidencia os bastidores da empresa responsável por criar o bilionário mais novo de todos os tempos, e como Mark chegou lá.

 

título original: (The Social Network)

lançamento: 2010 (EUA)

direção:David Fincher

atores:Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Joseph Mazzello.

duração: 121 min

gênero: Drama

 

Kleber

3 de dezembro de 2010

Prêmios!


Durante essa semana o Projeto esteve envolvido em duas cerimônias de premiação, o que nos deixou muito orgulhosos.
No dia 30 de novembro no período da tarde aconteceu a 3ª Mostra Cultural Vamos Ler, uma iniciativa do Jornal da Manhã, organizado pela coordenadora do Projeto Vamos Ler,- Talita Moretto, que foi uma das colaboradoras do I Dia da Cultura Sem Fronteiras, promovido pelo Projeto Literatura e Cinema na Formação Humana.
A programação da Mostra contava com apresentações artísticas dos alunos que participam das atividades do Projeto Vamos Ler e com a premiação do Concurso Cultural nas categorias alunos e professores. Como já havíamos noticiado, participamos da Comissão Julgadora na categoria alunos, que escolheu cinco textos que foram para votação popular.
Na categoria alunos o 3º lugar foi Francielle Nocêra Viechineski | 5ª série | Colégio Sagrada Família (Sede Uvaranas) | Ponta Grossa, o 2º lugar foi de Giulia Bowens | 4ª série | Colégio Sagrada Família (Sede Centro) | Ponta Grossa, e o vencedor foi Lucas Daniel Oliveira da Silva | 5ª série | Colégio Estadual Padre Arnaldo Jansen | Ponta Grossa, que na foto abaixo aparece com sua professora, Patrícia Regina Kloster | Colégio Estadual Padre Arnaldo Jansen | Ponta Grossa:


Parabenizamos a todos os vencedores e destacamos a participação das escolas públicas no projeto, inclusive o vencedor da categoria alunos é de escola pública, e nas apresentações artísticas que aconteceram durante a tarde. Aqui no blog você pode conferir as fotos dessas apresentações e dos outros premiados da Mostra no álbum no canto direito superior da página.
O Projeto Vamos Ler é uma iniciativa louvável, e a ideia da Mostra ao fim das atividades colabora para a valorização dos alunos e dos professores. Alguns dos momentos mais interessantes da Mostra ocorriam quando alunos de quarta ou quinta série subiam ao palco para declamarem poemas de autoria própria ou de colegas, sem dúvida um incentivo à leitura e à escrita que não podia deixar de ser destacado!

PRÊMIO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA 2010
No auditório da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais aconteceu, também no dia 30, a Cerimônia de Premiação do Prêmio de Extensão Universitária 2010 e o lançamento da 6ª Edição da Revista CONEX.
O prêmio teve como homenageada a professora e assistente social Carmen Vargas, uma das pioneiras no trabalho com extensão na UEPG. Além de sua fala, tivemos o depoimento de uma das beneficiadas pelo projeto de extensão coordenado pela professora. Foi um momento muito especial!
Pela terceira vez consecutiva o Projeto Literatura e Cinema na Formação Humana foi contemplado! Neste ano ficamos com o terceiro lugar, o projeto Portal Comunitário, do Departamento de Jornalismo, com o segundo, e o Projeto “Física: da Universidade para a Comunidade” com o primeiro lugar.
Agradecemos a todos os que colaboraram para que as atividades desse ano tivessem sucesso, como a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais, o Departamento de Letras Vernáculas e a Fundação Cultural de São Mateus do Sul.

29 de novembro de 2010

José Mojica Marins, o Zé do Caixão


São inúmeros os casos em que a criação ultrapassa o criador! Talvez seja este o caso de José Mojica Marins, reconhecido pela encarnação de seu personagem mais famoso, o lendário Zé do Caixão.
O gosto pelo cinema se apresentou desde a infância. Seu pai era gerente de um cinema e Mojica passava horas assistindo filmes, brincando de teatro e lendo gibis.
Aos 17 anos fundou a Companhia de Cinema Atlas e juntamente com amigos começou a filmar um estilo que pode ser chamado de terror experimental.
Na década de 50, Mojica criou uma escola de cinema e lançou o filme A sina do aventureiro, uma produção bem distinta em comparação com as quais posteriormente o diretor, roteirista e ator viria a ser reconhecido.
Segundo Mojica, após um sonho surgiu a inspiração para a criação do Zé do Caixão, personagem de terror emblemático e inovador. Este se caracteriza pela sua descrença, desprezo para com as instituições e crenças essências para a maioria da sociedade e pelo seu sadismo.
O que atormenta Zé do Caixão é a procura de uma mãe ideal para um filho seu. Alguém que seja capaz de perpetuar seu sangue e sua linhagem. A atitude de Zé pode ser “quase” caracterizada como eugênica.
Levando em consideração a época, os recursos e o contexto em que foram filmados, os filmes de José Mojica Marins foram muito bem produzidos, o que rendeu ao cineasta reconhecimento internacional.
Este mês o projeto Cine Arte está realizando uma mostra dedicada às produções de Mojica. Já foram exibidos e discutidos as filmes A Meia Noite Levarei Sua Alma e Esta noite Encarnarei no Teu Cadáver. No próxima dia 04 de dezembro será exibido Encarnação do Demônio, produzido em 2008. A sessão contará com a presença do próprio Mojica/Zé do Caixão. Vale a pena conferir!

Amanda Cieslak






25 de novembro de 2010

Balada Literária

Peça Los Críticos También LLoran.

Foi o tempo em que a literatura era vista como uma atividade reclusa de escritores trancafiados em seus escritórios. Depois do advento da internet, as informações se diluiram e o contato da atividade literária por intermédio dos autores ganhou mais espaços, além dos conhecidos coqueteis de lançamentos ou bienais.
Há cinco anos ocorre em São Paulo a BALADA LITERÁRIA, evento que reune autores e artistas. Com uma programação variada - de mesas de lançamentos à debates em torno da produção artística de cada área envolvida (literatura, teatro, cinema, criação literária). Na edição deste ano, ocorrida de 18 a 21 de novembro em diferentes espaços da capital paulista, como a biblioteca Alceu Amoroso Lima, Livraria da Vila, SESC Pinheiros, Goethe-Institut, Espaço Plínio Marcos, entre outros, teve como homenageada a escritora Lygia Fagundes Teles, que teve recentemente toda sua obra relançada pela Companhia das Letras.
Com uma programação diversificada, o evento com curadoria do escritor Marcelino Freire se mostrou como um dos grandes representantes em torno dos diálogos de autores, artistas e críticos com o público, que teve entrada gratuita em todos os eventos da Balada.
Entre as tantas atividades, chamaram atenção: os bate-bapos com o ensaísta argentino Alberto Manguel, o poeta concretista Augusto de Campos e a performance teatral dirigida pelo espanhol Marc Caellas - Los Críticos También Lloran (homenagem ao escritor chileno Roberto Bolaños). Outros nomes do campo artistico nacional estiveram presentes: Alice Ruiz, Beth Goulart, Jorge Furtado, José Castello, Luiz Antonio de Assis Brasil.
Para todos aqueles que não puderam participar dessa Balada, através das mensagens do twitter - http://twitter.com/baladaliteraria, podemos sentir um pouco do que o evento proporcionou pelas postagens de fragmentos dos debates.


http://baladaliteraria.zip.net

Bruno Scuissiatto

17 de novembro de 2010

Apenas complexamente simples


A princípio é apenas mais uma história de amor, mas no decorrer da apreciação nos deparamos com uma obra de arte incrivelmente sensível e peculiar de narra um amor que não acontece.

O encontro inusitado entre a vendedora de flores e o músico nas ruas de Dublin revela os dramas e as dúvidas interiores de duas pessoas com sonhos e historias diferentes.

Ele é musico, compõe suas canções e as interpreta nas horas vagas do trabalho que desempenha ao lado de seu pai na oficina de conserto de aspirador. Suas canções incrivelmente líricas e tocantes são a trilha sonora de todo o filme que possui um tom de musical.

Ela, mãe solteira, vive com sua mãe e filho após ter vivido uma história de amor dramática. Passa a ajudar o jovem garoto na composição de suas canções.

O encontro em uma loja de instrumentos musicais revela o sentimento e a explosão de um amor que passa o filme todo prestes a acontecer. O momento mais próximo de ser realizado é em um final de semana, o ultimo que passam juntos, no qual gravam uma serie de musicas compostas por ele e por ela.

Os momentos e as musicas possuem um romantismo extremamente delicado e encantador, sincero e transcendental. Tão transcendental que não ocorre e por vezes podemos até chegar a conclusão que eles mesmos não percebem o quanto se amam, pois, diante de suas historias pessoas, se cegam para as surpresas que a vida lhes reservou.

O Filme Irlandês “Once”, na versão original, foi produzido em 2006 com direção de John Carney. No elenco os músicos Glen Hansard (da popular banda de rock irlandesa "O Frames") e Markéta Irglová (compositora e instrumentista nascida na República Checa), Recebeu ótimas críticas e prêmios, como o Independent Spirit Awars para melhor filme estrangeiro. A canção deHansard e Irglová "Falling Slowly" foi indicada ao Oscar e ao Grammy de 2008.


Ana Carla Bellon

16 de novembro de 2010

1º CONCURSO CULTURAL VAMOS LER

A equipe Literatura e Cinema na Formação Humana participa como comissão julgadora do 1º CONCURSO CULTURAL VAMOS LER, promovido pelo Jornal da Manhã através do projeto cultural Vamos Ler que aproxima as escolas do jornal impresso através de atividades com alunos e professores.

O concurso pretende valorizar o trabalho desenvolvido por alunos e educadores utilizando o jornal dentro e fora da sala de aula, para promoção da leitura, cultura e cidadania, conforme consta em seu regulamento.

Os professores podiam se inscrever com relatos de experiência da utilização do jornal em sala de aula, e os alunos com textos com a temática “meio ambiente”, no intuito de demontrar como o acesso deles à informação colabora no modo de escrever.

A responsável pelo projeto Vamos Ler, Talita Moretto, esteve conosco no I Dia da Cultura Sem Fronteiras em São Mateus do Sul, ministrando uma oficina destinada aos professores “CINEMA E INFORMAÇÃO: DIÁLOGOS POSSÍVEIS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA” , cuja participação da comunidade local foi significativa.

Os classificados para votação pública estarão disponíveis entre os dias 20 e 28 de novembro, com a premiação final acontecendo no dia 30 de novembro de 2010. O projeto Literatura  e Cinema na Formação Humana sente-se honrado diante da responsabilidade de participar como comissão julgadora.

Em breve teremos mais informações acerca de outras atividades em conjunto com outros projetos culturais e educacionais em que o grupo está envolvido.

15 de novembro de 2010


O Visitante

Este filme, do diretor Thomas MacCarthy, foi feito em 2007 (EUA) e estreou no Brasil em 2009. Aqui foi mantido o mesmo título do original em inglês – The Visitor. A temática alude claramente ao clima pós 11 de setembro, opondo a forte presença de imigrantes nos EUA a um certo espectro de identidade americana já ultrapassada. O título é uma alusão ao protagonista, um professor universitário de 60 anos, Walter Vale (Richard Jenkins, em atuação memorável), que leciona em Connecticut e é um estranho no ambiente em que trabalha. Não tem interesse pelos seus colegas de departamento, nem pelos alunos, menos ainda pelo programa da disciplina que leciona há mais de 20 anos. Sua única manifestação de envolvimento pessoal é o esforço em aprender a tocar piano, habilidade da mulher falecida já há anos. Mas mesmo isso é um exercício de frustração, ele não aprende, não tem vocação, os professores de música são detestáveis.
No meio desse limbo – que não deixa de ser a dicção de certo modo de o ambiente acadêmico acontecer – Valter recebe uma incumbência: ir a um Congresso em Nova York para apresentar um trabalho que fez em co-autoria com uma colega de departamento. Valter na verdade não é autor de nada, apenas “emprestou” o nome para uma colega em começo de carreira, a moça está grávida, não pode viajar e Valter é “convocado” pela Universidade para apresentar o artigo. Ele não quer ir, mas se esforça e vai, na mesma cadência do tédio e marasmo de todas as suas horas. Sua condição de “visitante” concretiza-se na relação com a cidade de Nova York.
Ao chegar ao apartamento que mantém vazio em Nova York, Valter se depara com um casal de jovens imigrantes alojados ali: um sírio, Tarek (Haaz Sleiman) , e a namorada Zainab (Danai Gurfira), senegalesa. O casal percebe que alugara o apartamento de algum golpista local que se aproveitou do fato de Valter nunca vir à cidade. Concordam em deixar o apartamento, mas no último momento Valter se comove e os deixa ficar.
O contato entre os três, apesar das desconfianças mútuas, vai se estreitando. Valter começa a aprender a tocar tambor africano com Tarek. Este último é um fenômeno de graça e carisma, de que a música faz parte.É muito interessante como o filme contrapõe o clima insosso e impessoal do congresso ao contato humano e intenso que Valter passa a ter com Tarek e com a cidade de Nova York. Ambos tocam tambor no Central Park, em uma cena belíssima, da qual participam várias nacionalidades, tornando o centro do parque uma festa multiétnica.
No curto período da estada de Valter na cidade, Tarek é detido por um pequeno mal entendido no metrô – sempre o metrô – e sua condição de imigrante ilegal vem à tona. A partir daí, Valter passa a buscar meios de libertar o amigo.Nesta ponta da história chega à cidade a mãe de Tarek, uma imigrante síria que vive em Michigan e estranha a falta dos telefonemas diários do filho. É uma mulher bonita, de uma suavidade encantadora. Neste ponto do filme, a vida de Valter tem muito mais sentido entre essas pessoas que ele conheceu há pouco mais de 10 dias do que em Connecticut, com as aulas e a casa vazia. Na relação com Moluna (Hiam Abbas), a mãe de Tarek, vemos um Valter diferente, interessado na cidade, nos passeios que Zainab propõe de forma a Moluna conhecer a cidade como Tarek a conhecia.
Tarek acaba sendo deportado e sua mãe também retorna à Síria para ficar próxima do filho. O afeto que vinha se manifestando entre o casal Valter e Moluna é suspenso pelo imperativo da separação: a cena da despedida no aeroporto é antológica, de uma elegância rara no cinema americano.
A cidade de Nova York aparece de uma forma original neste filme. O passeio pelo rio Hudson, a vista da estátua da Liberdade, as estações do metrô, mesmo o vazio das torres gêmeas, tudo é mostrado como que pelos olhos de quem não é da cidade: Tarek, Zainab, mas também Valter, que havia morado ali há alguns anos, mas nunca tinha efetivamente “visto” esta Nova York.
A cidade que as personagens compartilham é outra, é a cidade que o encontro entre elas faz existir. Nesse sentido, vemos nesse filme a cidade cosmopolita que dizem ser Nova York, na qual podemos circular sem que a noção de sermos “de fora” nos alheie ou expulse.
Silvana Oliveira

11 de novembro de 2010

O mesmo amor, a mesma a chuva

 

  Jorge (Ricardo Darín) é um talentoso escritor de contos que sente-semesmo-amor-mesma-chuva-poster01 temeroso em entrar de cabeça no meio literário então, que limita-se a publicar seus trabalhos em uma revista na qual possui vários amigos. Em um dia chuvoso ele vê pela primeira vez Laura (Soledad Villamil), e mais tarde a reencontra em uma apresentação de um curta metragem baseado em um de seus contos, em que ela faz o papel principal.

   Eles iniciam um relacionamento que que dura pouco mais de uma ano, por culpa da infidelidade de Jorge. O enredo se passa durante mais de 20 anos, relatando outras histórias além dos protagonistas.

   O filme também ressalta o cenário político argentino, da guerra das Malvinas ao governo de Carlos Menem, narrando a relação dos personagens com as mudanças políticas.

   O diretor Juan José Campanella (que em 2008 ganharia o oscar com o mesmo casal de protagonistas com “O segredo dos seus olhos”) conduz um roteiro que nos mostra uma história corriqueira e plausível, mas que, ou talvez por isso mesmo nos toca e emociona.

Kleber Bordinhão

 

7 de novembro de 2010

Selvagens, bárbaros e canibais


Normalmente, quando algum assunto relacionado aos indígenas vem à tona, estereótipos e imagens simplistas surgem, tais como nudez, selvagens, canibais, poligamia, etc. como que se dessem conta de explicar a totalidade e diversidade das práticas dos nativos.
Para que tal cenário seja compreendido se faz necessário entender o contexto em que foram criadas tais imagens. Durante a colonização do território brasileiro, no século XVI, dois universos culturais totalmente dissonantes travaram encontro. Um deles representado pelas diversas tribos que habitavam o Brasil quando da chegada dos europeus, e o segundo pelos colonizadores (entre eles pode-se citar os viajantes, os religiosos, os colonos, os aventureiros) europeus.
Além do desejo de conquista, enriquecimento e novas descobertas a relação que o colonizador português demonstrou manter com uma ação evangelizadora é primordial. Ao assumirem para si a postura e a identidade de evangelizadores, sendo assim responsáveis pela disseminação do catolicismo e pelo fortalecimento do reino, estes homens viram sua ação justificada e legitimada, possibilitando que atuassem perante o Novo Mundo e seus habitantes conforme acreditavam ser o correto.
E este correto era pautado conforme os referenciais europeus, que no século XVI, vivia a Reforma e a Contra–Reforma, a inquisição, a disseminação da figura da bruxa, o medo do purgatório e dos castigos do inferno e ao mesmo tempo o florescimento do Renascimento, das novas descobertas e da formação de campos científicos. Assim, o colonizador era um homem desejoso de novas descobertas, de aventuras e conhecimentos, mas que ainda pautava suas ações pela imaginação, religiosidade e fantasia.
Dessa maneira, quando este chegou ao Brasil passou a classificar e a representar os nativos conformes seus referenciais de mundo, em uma tentativa de tradução da cultura indígena. Tais descrições são encontradas na chamada Literatura de Informação e Literatura Jesuítica. São exemplos de cronistas o Padre Fernão Cardim e Simão de Vasconcelos, e Pero Vaz de Caminha com sua famosa carta do descobrimento.
Nestas descrições encontram-se relatos de barbarismo, selvageria, feitiçaria, desregramento, nudez, etc. O nativo brasileiro não foi percebido a partir de sua própria cultura, até porque os colonizadores não a reconheciam, mas sim conforme a cultura e significações de mundo próprios da Europa.
Essa transposição cultural européia para o entendimento do universo nativo gerou um distanciamento, um abismo. Mesmo que se reconheçam as trocas culturais e a rede de relações que se deram entre colonizadores e colonizados, a particularidade das culturas nativas não foram reconhecidas. A Colônia e seus habitantes não significaram então a distinção e o respeito ao outro, mas sim a projeção de si mesmo.

Amanda Cieslak.

4 de novembro de 2010

Honeydripper


Honeydripper (Do Blues ao Rock) é um drama musical norte-americano, escrito e dirigido por John Sayles. O filme estreou em 10 de setembro de 2007 no Festival Internacional do Filme de Toronto.
Para quem gosta de blues e rock’n roll é um bom filme para viajar no tempo e sentir o gosto de poeira em cada gole de cerveja que filme mostra. A música vinda dos campos de algodão junto com toda a discriminação contra o negro ganha forma nos bares do pequeno vilarejo de “Harmony”, nome um tanto quanto irônico para um cidade dominada pelos velhos conhecidos “cherifes” dos filmes norte-americanos.
Tyrone "Pine Top" Purvis (Denny Glover) é dono de um pequeno bar que está indo a falência devido ao novo estilo de música que sai da vitrola, o som elétrico das guitarras. Sem nenhum dinheiro para pagar a conta de luz, Tyrone recebe todos os dias o bom e velho blues, feito por uma senhora que canta sem cobrar nada, apenas pelo amor a musica. Para escapar da falência e do peso que as jukeboxes causam ao alimentamem os outros bares vizinhos, Tyrone contrata um músico de grande nome nas rádios, vindo de New Orleans, lutando contra o tempo e os cobradores de suas dívidas.
Nesse mesmo tempo chega na cidade um jovem músico chamado Sonny (Gary Clark Jr.) vindo de lugar nenhum, sem fama, sem dinheiro, sem estilo visual. Ele tem uma guitarra elétrica feita por ele mesmo e muitos sonhos, mas é preso por vadiagem e obrigado a trabalhar nos campos de algodão.
Tyrone é pego de surpresa com uma doença que ataca o seu musico salvador. Mas entre o desespero de perder tudo e a vontade de vencer, Tyrone se lembra do jovem músico e decide chamá-lo para se fazer passar pelo astro do rock, já que todos conhecem o seu som, mas nunca viram o seu rosto.
O filme é bem previsível, Sonny ataca de rock star e conquista o publico, Tyrone consegue o dinheiro e se livra das dividas. O filme termina em uma pequena lição de moral, sem nada muito espetacular.
Com um ritmo constante e o esforço dos atores, Honeydripper não consegue ser um filme de impacto, porém é um bom entretenimento para os amantes da música. O ponto que torna este filme uma boa indicação é um pouco do histórico social que ele resgata e a trilha sonora impecável.
Ramon

3 de novembro de 2010

A hora e a cena do Fenata 2010

Chegar a 38° edição de um festival teatral não é tarefa das mais simples. Partindo desse principio o Fenata (Festival Nacional de Teatro), que começa na próxima quinta (04/11), confirma a tradição da Universidade Estadual de Ponta Grossa em promover um dos eventos mais douradores das artes cênicas no país.

O teatro que é um dos gêneros narrativos mais remotos, estudos apontam que 510 a.C tivemos as primeiras manifestações cênicas. Porém, o estilo dos primeiros autores de teatro clássico do qual temos notícias (Ésquilo, Sófocles, Eurípedes na Gŕécia) ou o posterior teatro inglês com as peças shakesperianas são referências para a produção de um teatro contemporâneo. Algumas peças que serão encendas no próprio Fenata trazem para os palcos em 2010 textos escritos há mais de 400 anos, como a peça - Medida por Medida de William Shakespeare.

O teatro enquanto gênero artístico tem um processo de renovação natural, como acontece na própria literatura e cinema, porém entre eles, parece que o olhar cênico sente respeito e necessidade em continuar representando os modelos antigos vestidos pelos trajes da moderidade.

Dessa forma, fica o convite para assistir tudo isso ao vivo pelos palcos do Cine Teatro Ópera à partir de amanhã.

A seguir a programação das oito peças adultas do 38 Fenata.


Dia 04/11

20h

Abertura oficial

Local: Cine-Teatro Ópera


20h30 – Espetáculo Adulto

Peça: O AVARENTO

Autor: O Grupo, a partir da obra de Molière

Direção: Gilberto Fonseca

Grupo: Farsa

Cidade: Porto Alegre - RS

Local: Cine-Teatro Ópera – Auditorio A

Duração: 95 minutos

Classificação: livre


Dia 05/11

20h30 – Espetáculo Adulto

Peça: MEDIDA POR MEDIDA

Autor: Willian Shakespeare

Tradução e adaptação: Fábio Brandi Torres

Direção: Val Pires

Grupo: Folias

Cidade: São Paulo - SP

Local: Cine-Teatro Ópera – Auditorio A

Duração: 100 minutos

Classificação: 16 anos


Dia 06/11


20h30 – Espetáculo Adulto

Peça: ROSA DE CABRIÚNA

Autor: Luis Alberto de Abreu

Direção: Carlos Ribeiro

Grupo: Cia de Teatro do Conservatório de Tatuí

Cidade: Tatuí - SP

Local: Cine-Teatro Ópera – Auditório A

Duração: 110 minutos

Classificação: livre


Dia 07/11

20h30 – Espetáculo Adulto

Peça: AMARGASALMAS

Autor: Ribamar Ribeiro

Direção: Ribamar Ribeiro

Grupo: Os Ciclomáticos Companhia de Teatro

Cidade: Rio de Janeiro – RJ

Local: Cine-Teatro Ópera – Auditório A

Duração: 60 minutos

Classificação: 16 anos


Dia 08/11

20h30 – Espetáculo Adulto

Peça: SINTOMA

Autor: Angela Sassine

Direção: Silvana Abreu

Grupo: Cia. Silvana Abreu

Cidade: São Paulo – SP

Local: Cine-Teatro Ópera – Auditório A

Duração: 50 minutos

Classificação: a partir de 12 anos


Dia 09/11

20h30 – Espetáculo Adulto

Peça: AS CRIADAS

Autor: Jean Genet

Adaptação: Cia Teatral Confraria Tambor

Direção: José Luiz Calixto Pereira

Grupo: Cia Teatral Confraria Tambor

Cidade: Uberlândia – MG

Local: Cine-Teatro Ópera – Auditório A

Duração: 70 minutos

Classificação: 16 anos



Dia 10/11

20h30 – Espetáculo Adulto

Peça: CACHORRO MORTO

Autor: Leonardo Moreira

Direção: Leonardo Moreira

Grupo: Cia Hiato

Cidade: São Paulo – SP

Local: Cine-Teatro Ópera – Auditório A

Duração: 60 minutos

Classificação: 12 anos


Dia 11/11

20h30 – Espetáculo Adulto

Peça: Um Dia Ouvi a Lua (hors concours)

Autor: Luís Alberto de Abreu

Direção: Eduardo Moreira

Grupo: Cia Teatro da Cidade

Cidade: São José dos Campos - SP

Local: Cine-Teatro Ópera – Auditório A

Duração: 70 minutos

Classificação: 14 anos


Além disso, o Fenata tem as categorias Teatro de Bonecos (adulto e infantil), teatro infantil, mostra especial e paralela.


Mais informações em: http://www.uepgcultura.com.br/fenata



Bruno Scuissiatto


28 de outubro de 2010

A PROFECIA


A proximidade da chegada de Paul McCartney ao Brasil traz a possibilidade de relembrarmos de uma de suas canções compostas ao lado de Lennon: “Helter Skelter”. A polêmica canção, que era pra ser “apenas” a precursora do que mais tarde viria se transformar no Hard Rock/Heavy Metal dos anos 70, caiu na mente perigosa de Charles Manson e gerou a interpretação de que a canção faria profecias de uma apocalíptica guerra racial.

Na própria fala de Paul , no projeto “The Beatles Anthology": "Manson nos interpretou como ‘os quatro cavaleiros do Apocalipse.’ Eu ainda não entendo qual foi a jogada; é sobre a Bíblia, Revelação – Eu não li então eu não sei. Mas ele interpretou a coisa toda. Nós éramos os cavaleiros, Helter Skelter era a mensagem, e ele achou que podia sair e matar todos por aí.".

Em 9 e 10 de agosto de 1969, a Família Manson, como era conhecido o grupo de pessoas simpatizantes da interpretação de Charles, cometeu a chacina Helter Skelter, termos escritos com o sangue das vitimas nas paredes, em Hollywood.

Charles Manson se justifica na corte em novembro de 1970 em ocasião de seu julgamento: “Helter Skelter significa confusão. Literalmente. Não significa Guerra com ninguém. Não significa que eles irão matar outras pessoas. Apenas significa o que significa. Helter Skelter é confusão. Confusão está vindo rápido. Se você não vê que a confusão está vindo rápido, chame do que quiser. Não é minha conspiração, não é minha música. Eu escuto o que relato. Ela diz, ‘Apareça!’ ela diz, ‘Mate!’ Porque me culpar? Eu não escrevi a música. Eu não fui a pessoa que projetou isso na consciência das pessoas." Argumento que ilustra a sua capacidade de persuasão.

O famoso caso e mais chocante de serial killers ocorrido nos Estados Unidos serviu de base para o roteiro que o diretor John Gray que mais tarde o retrata em arte cinematográfica. O filme homônimo a canção aborda os assassinatos cometidos por Charles (interpretado pelo ator Jeremy Davies) e seu grupo de seguidores. O elenco traz ainda Clea DuVall no papel de Linda Kasabian, jovem mãe que resolve se refugiar no grupo hippie de Manson. O grupo hippie conta também com Patricia Krenwinkel (Allison Smith), Susan Atkins (Marguerite Moreau), Squeaky Fromme (Mary Lynn Rajskub), "Tex" Watson (Eric Dane) e Bobby Beausoleil (Michael Weston).

Charles, após ter fracassado na tentativa de espalhar a sua filosofia apocalíptica por meio de canções, resolve então liderar o grupo que comete os assassinatos mais frios e cruéis vistos naquela região. O psicopata não sujava suas mãos, pois era tão persuasivo que fazia com que seus seguidores executassem todas as suas “tarefas”.

Vale lembrar que o assassino Charles Manson, no qual o filme se inspirou, encontra-se até hoje na Corcoran State Prison, na Califórnia, em uma unidade especial de isolamento da penitenciária, junto com o assassino de Robert Kennedy, Sirhan Sirhan, que também cumpre prisão perpétua. Sua última tentativa em audiência, negada, foi em 2007. A próxima será em 2012.

Veja a baixo foto do grupo de atores que interpretaram os seguidores de Manson no filme, lembrando que a classificação indicada é de 15 anos e link para canção do Beatles:

Helter Skelter, by Paul: http://www.youtube.com/watch?v=ZV18scOsX54&feature=related


Ana Carla Bellon

24 de outubro de 2010

     

MADAME BOVARY

      O próximo encontro de estudos dos membros do Projeto Literatura e Cinema na Formação Humana será na segunda-feira dia 25/10, quando discutiremos o livro de Gustave Flaubert, Madame Bovary de 1856, e sua adaptação cinematográfica homônima do diretor Claude Chabrol, de 1991.

       O livro é considerado um dos grandes representantes do chamado realismo (me refiro a chamado por conta da polêmica em torno de tal conceito) representado por Flaubert, e nos apresenta uma trama onde Emma Bovary aparece entediada com a vida que leva, e para superar essa situação lê diversos romances, trai e, talvez consequentemente, passa a ter aversão pelo marido.

       As minuciosas descrições acerca dos locais habitados por Emma, como quando ela redecora a casa do viúvo, agora seu marido, Charles, ou mesmo das situações, como o vestido e a festa de seu casamento, aparecem como um dos motivos pelos quais se atribui ao livro o caráter realista. 

      De acordo com Ian Watt , em A Ascensão do Romance, essas descrições minuciosas poderiam funcionar como um modo de atenuar o individualismo da situação vivida pela personagem, o que, em suma, é o grande diferenciador do romance quando comparado com as narrativas anteriores a ele – que se focavam em tramas comuns.

     Assim, certamente, podemos apenas com essas breves observações acerca do realismo, criar uma boa proposta de debate acerca dessa obra. Discussão essa que contará ainda com a análise de uma adaptação cinematográfica do livro, suscitando as dúvidas acerca da transposição dessas situações tão bem apresentadas na obra literária para o cinema.

Katrym

22 de outubro de 2010

A Revolução Musical

 

       “Se o rádio não toca a música que você quer ouvir, não procure dançar ao som daquela antiga valsa, é muito simples, é só mudar a estação”. A máxima profética de Raul Seixas já pregava nos anos 80 a liberdade que vinte anos depois chegaria com a internet e tiraria as correntes dos consumidores de música e o sono dos executivos das grandes gravadoras.

       A “revolução digital” na música esta aí pra todo mundo “ouvir”, graçashand-with-reflecting-ipod a internet estamos livres das mídias. Já é fato, o formato CD está moribundo e muito em breve se reunirá com seus falecidos amigos, LP e K7. A indústria da música como seus olhos de cifrão, não acompanhou a evolução desse conceito de liberdade.

       Quando surgiu a cultura de se ouvir música além do rádio, no início do século XX, também veio a necessidade de se armazená-la . Então foram produzidos os primeiros discos de vinil de 78 rpm, e mais tarde quando a indústria musical tornou-se um grande negócio, foi que os papéis se inverteram, ou seja, o produto que era a música passou para segundo plano, dando lugar ao meio no qual ela seria distribuída e assim, “casando” por um bom tempo a música e a mídia física.

      Do vinil de 78 rpm, para o de 45 rpm, ainda com o de 33 rpm, passando depois pelo K7 e chegando ao CD, a indústria obrigou os consumidores a consumir suas mídias e de tempos em tempos trocá-las além de trocar também os aparelhos que as reproduziam, em nome da qualidade que as novas tecnologias traziam. E é essa mesma tecnologia que está decretando o fim desse sistema.

      Pois o próximo passo na evolução da música como produto, não foi dado pela indústria e sim pelo consumidor. Ao criar o formato MP3, e desvincular da música a necessidade da distribuição por algum meio físico, os consumidores finalmente tornaram se “livres”. Só com a troca de músicas pela internet consolidada, que as gravadoras se renderam ao formato digital, devolvendo à música em si o lugar de produto, agora se percebe o quanto sempre nos custou, o disco propriamente dito, com músicas sendo vendidas por menos de um real.

      A revolução digital trouxe a facilidade de distribuição, é enorme o número de artistas que estão podendo mostrar o seu trabalho graças à internet. Trazendo à tona o conceito de single, que há tempos estava esquecido, o artista disponibiliza uma música avulsa sem precisar de uma gravadora, ou até da gravação de uma álbum com várias faixas. São várias as bandas e cantores que são “crias” desse mundo digital

     Sabendo que a maior parte da renda de um artista vem dos shows que promove e não dos discos que vende, a internet passa ser uma grande vitrine para se conhecer novos talentos e assim alavancando a carreira dos artistas, sem a necessidade desses serem um fenômeno de vendas. As gravadoras por sua vez, têm casa vez mais a ânsia de fabricar sucessos, com artistas fajutos e medíocres, ganhando dinheiro com “jabás” para rádios e TV’s e ainda com a venda de discos para a massa em geral, que não se enquadra no termo de consumidor de música, pois ouve indistintamente o que toca no rádio ou o que vê na TV fechando assim o ciclo.

     Na realidade a o contato com a música ficou mais fácil, a “culturaiPod” é um fenômeno mundial, incluindo sim, o Brasil. Aqui, os mp3 players já são uma realidade, é só dar uma volta pela sua cidade e comprovar. Outro fator relevante é que por mais que a internet de alta velocidade nas residências não esteja tão difundida como os players, há de se contar o fato da banda larga estar presente no trabalho dessas pessoas, tornando assim possível a aquisição dessas músicas e a troca delas com amigos, alastrando a distribuição.

     O que se pode esperar dessa nova maneira de se consumir música, é sem dúvida uma crescente democratização da experiência musical, pois antes de tudo música é cultura, e sabemos que cultura nunca é demais, pois citando novamente nosso saudoso Raul Seixas, a vida é mais que “sentar num trono de apartamento com a boa escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar” .

 

Kleber Bordinhão

18 de outubro de 2010

Tropa de Elite II - a redenção

Apesar da última postagem do blog ter sido sobre o Tropa de Elite II, não pude deixar de prolongar um pouco mais a discussão sobre o filme, tamanha a repercussão deste na mídia, seu apelo comercial e o sucesso de alcance entre a população de modo geral.
Como já citado no texto anterior e nos comentários, quem foi ao cinema esperando por ação ou por cenas de violência constantes, como aquelas que estampam todos os dias os jornais sensacionalistas que derramam sangue saiu decepcionado ou, espera-se, tenha aproveitado o gasto com a entrada para (re) pensar sobre a temática do longa.
Além das questões referentes a produção, que já foram bem analisadas aqui, é preciso atentar para a densidade com que o filme se propôs a tratar a problemática do tráfico, desta vez não tratando-o como um problema isolado, passível de ser resolvido através da ação de um grupo de policiais treinados para eliminar um dos “males” que aflige a sociedade.
Vários problemas foram explorados e toda a extensa rede que permeia o tráfico, a favela, a mídia, a polícia, a política, os corruptos, o poder do Estado e os micro-poderes que regem nossas relações em sociedade a todo o momento e o questionamento natural que leva todo ser humano a indagações e crises, como a pelo qual passou o capital Nascimento, que até então parecia um herói de pedra inabalável, e não um homem de carne, osso e sentimentos, são retratados muito bem durante o longa, mostrando o quão complexo e contraditório é o sistema.
Todos os lados foram abordados e não houve uma limitação em estereotipar todos os políticos como corruptos, traficantes como vagabundos e criminosos e a totalidade da polícia como vendida.
Fica muito claro, pelas reações e comentários dos expectadores durante e após a sessão, o quanto as produções cinematográficas tem o poder de suscitar discussões e influenciar estas. Neste sentido, acredito que após a superficialidade da primeira produção, a segunda alcançou a redenção através de uma proposta bem elaborada e produzida.
Amanda

14 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 - cumpre seu papel


Acompanhei de longe o lançamento de Tropa de Elite II, sentindo a necessidade de assisti-lo o quanto antes, para então poder acompanhar algumas críticas acerca do filme. Tentei ao máximo me distanciar do filme, porém, tarefa praticamente impossível, devido a grande enxurrada de notícias da grande mídia. Como um autêntico ladrão de histórias em quadrinhos, assisti o trailer do longa, ali, imaginei o quanto seria problemático escrever apenas sobre o lançamento e a bilheteria do primeiro final de semana de estreia.

Com desconfiança cheguei ao cinema, depois de ouvir tantas histórias sobre a superlotação das sessões, tive medo de não conseguir ingresso para o Tropa de Elite 2, justamente nestes tempos de correrias que antecipam o final de ano letivo. Adentrando a sala, encontrei facilidade em achar uma poltrona, já que a capacidade da sala tinha no mínimo a metade completada. Bem, vamos aos fatos, ou melhor, ao filme.

O ponto alto de Tropa de Elite 2 (se é que ele permite escolher apenas um) é o tom documental empregado no longa-metragem, que certas vezes chega a confundir o espectador com a mensagem inicial na tela - “uma obra de ficção”. O documentário que tantas vezes prestou um grande serviço ao cinema, parecia ser visto na contramão, quando visto como componente dentro de um cinema comercial. Com Tropa de Elite 2, a equação é invertida, o documental empregado na narrativa fílmica se torna mais verosímil com a própria construção do filme todo. Se por um lado, o longa de Padilha tem essa pertinente relação documental, por outro, as filmagens de grande em várias passagens, somadas aos efeitos especiais (principalmente nas cenas de perseguições áreas), conseguem traduzir uma grande evolução no cinema brasileiro. Aqui, cabe um pequeno comentário, a produção cinematográfica nacional, ao largo dos anos tem produzido significativa obras, seja no campo comercial, documental ou mesmo no mercado de curtas e médias metragens, inclusive somando forças no desenvolvimento no campo das animações, aplicando conceitos, que normalmente assistíamos apenas por intermédio de produções hollywoodianas.

Aqui fica um adendo ao staff de Tropa de Elite 2, que conseguiu enaltecer de forma maravilhosa o trabalho de uma equipe com experiência vitoriosa no cinema brasileiro, após o cinema da reabertura – no caso, Fátima Toledo (preparadora de elenco), Lula Carvalho (diretor de fotografia), Daniel Rezende (montagem) e Bráulio Mantovani (roteirista), todos trabalharam em Cidade de Deus (2001).

Já José Padilha se tornou definitivamente, se ainda existia alguma dúvida, um dos nossos maiores diretores de cinema nacional. Se os devidos créditos pela direção de Tropa de Elite I e II chamam atenção para Padilha em salas de cinema abarrotadas de gente pelo Brasil. Tal reconhecimento não é novo, basta verificar que dentro da filmografia nacional da última década, o diretor foi o responsável por dois grandes documentários – Ônibus 174 (2002) e Garapa (2009). Tão diferentes em sua estrutura, como no próprio caso das produções de Tropa de Elite.

No campo das interpretações, grande destaque pela sequência dos atores que interpretam as ações fundamentais longa. Isso provocou uma forte empatia com o espectador, que encontrou nas narrativas em OFF do Coronel Nascimento uma recordação adormecida da primeira sequência de Tropa de Elite.

O sucesso do filme não é mera decodificação dos invariáveis acessos proporcionados pelas mídias. A fórmula do filme de Padilha é trabalhar com muitas questões, que passam pelos campos sociais, políticas e familiares.

Fico com a sensação de dever cumprido ao final da sessão de Tropa de Elite 2 enquanto espectador de cinema. Em tempos de produções altamente comerciais, pode-se dizer que o longa-metragem consegue ser comercial e autoral ao mesmo tempo. E isso, é muito bom.



11 de outubro de 2010

O Cheiro do Ralo



O Cheiro do Ralo é um filme brasileiro de longa-metragem do gênero comédia, produzido e distribuído em 2007, com roteiro baseado no romance homônimo de Lourenço Mutarelli. O Cheiro do Ralo é o segundo filme de Heitor Dhalia, que estreou na direção com o longa Nina. O Cheiro do Ralo entrou em cartaz nos cinemas em 23 de março de 2007, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Do elenco participam Selton Mello, Silvia Lourenço, Leonardo Medeiros, Flávio Bauraqui, Alice Braga, Milhem Cortaz, Dionísio Neto, entre outros





Para o espectador desavisado o filme retrata uma paixão doentia de um negociante de antiguidades por uma bunda. Mas a história vai muito além desse foco que domina a maioria dos comentários sobre a obra cinematográfica. O Cheiro do Ralo é algo que incomoda, é indigesto, perverso e ainda assim cômico. Não muito diferente do que pode ser encontrado dentro de qualquer escritório, em qualquer canto da cidade. Um cidadão com frustrações psicológicas e amorosas, misturado com ambição pelo poder, toma conta do personagem interpretado por Selton Mello, fazendo dele um anti-herói comovente e vulnerável. Com diálogos sucessivos entre cada negociação, o personagem ouve histórias e vai assimilando-as, como se o mundo fosse construído a partir do que ele ouve, ou do apenas do que ele quer ouvir. O processo de “coisificação” de tudo que ele deseja torna este anti-herói não só interessante, mas também uma janela aberta para a discussão dos conceitos que a sociedade vem adquirindo nessa descentralização da identidade na correria do dia a dia.

Ramon