30 de dezembro de 2009

Tristão e Isolda



...continuando com a literatura medieval adaptada para o cinema...


…Tristão e Isolda
Um dos contos mais antigos da humanidade que sobreviveu até os nossos dias. Alguns vestígios da lenda de Tristão e Isolda sugerem suas primeiras formas acerca de 1 milênio a.C. Contavam na Irlanda que um herói chamado Drustan, em suas andanças, chegou certo dia a uma colina, aonde encontrou uma moça loira que chorava. Perguntou-lhe o motivo, e ao que ela respondeu que seu pai a obrigara a casar com um gigante, que deveria buscá-la naquele local, o herói se propôs a matar o gigante. E o fez, fugindo em seguida com a moça.
Isold, em gaélico arcaico (gaélico é a língua dos povos irlandeses) significa “a loira”, com o passar do tempo tornou-se uma princesa, uma fada princesa. É que os celtas tínham o hábito de chamar toda e qualquer ilha de “outro mundo”, e a Irlanda é uma ilha, afinal de contas, contendo inclusive gigantes e dragões. Problema grave!
Mas aí chegou Tristão (em inglês e francês Tristan), deu cabo do gigante, depois do Dragão, e conquistou uma fada como esposa para seu tio, o Rei Marcos da Cornualha. Não fosse o maldito filtro do amor, que os protagonistas tomaram por engano, a história seria mais um conto de fadas para crianças. Mas aí começa a rolar um adultério, uma paixão mágica, impossível de ser desfeita. Feitiço, mesmo! E um desfecho fúnebre. Os amantes são enterrados juntos, e os ramos de flores que nascem de seus túmulos estão até hoje entrelaçados (dizem).
Depois que Nietzche veio com aquela história de eterno retorno fundamental nas religiões, a psicologia começou a revalorizar a mitologia, e as ciências humanas começaram a se interessar por religião… o símbolo foi, aos poucos, voltando a obter espaço na produção cultural do Ocidente.
Durante a depressão da Segunda Guerra Mundial, Jean Delannoy dirigiu uma adaptação para a modernidade da lenda de Tristão e Isolda, chamava-se ‘O Eterno Retorno’ (1943), sugerindo que a humanidade, sem perceber, repete seus mitos, comete os mesmos erros, e se seduz pelas mesmas coisas, como o adultério. O filme é simbólico, triste e malicioso. Alguns sugerem até uma representação da França sob opressão da Alemanha nazista.
Em 2006, uma produção de Ridley Scott, dirigida por Kevin Reynolds, trouxe de volta a trama para o hambiente medieval, mas sem dragões ou filtros do amor. A adaptação tenta tornar a história realista, possível. Dá importância à sociedade medieval e a tensões políticas, fazendo um contrasenso entre isto e a importância do amor acima de tudo.
Ana Elisa

27 de dezembro de 2009

O GATO DOS SONHOS



Antes de botões, deuses e contos de fadas para adultos, Neil Gaiman criou aquele que se tornaria febre entre os fãs de Histórias em Quadrinhos (HQ): Sandman.


Sandman, Dream, Sonho, Morpheus, Príncipe das Histórias, Oneiros, Modelador, Tecedor de Histórias, Gato dos Sonhos entre tantas outras denominações, é um dos sete perpétuos que nomeou a série que deu origem a primeira grande obra de Gaiman. Os perpétuos são manifestações antropomórficas de aspectos comuns a todos os seres vivos: Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio.



A série é composta por 10 arcos (como se fossem tomos) lançados no Brasil, com os seguintes títulos:
1. Sandman: Prelúdios & Noturnos (The Sandman #1-8, 1988-1989)
2. Sandman: A Casa de Bonecas (The Sandman #9-16, 1989-1990)
3. Sandman: Terra dos Sonhos (The Sandman #17-20, 1990)
4. Sandman: Estação das Brumas (The Sandman #21-28, 1990-1991)
5. Sandman: Um Jogo de Você (The Sandman #32-37, 1991-1992)
6. Sandman: Fábulas & Reflexões (The Sandman #29-31, 38-40, 50, Sandman Special #1 and Vertigo Preview #1, 1991, 1992, 1993)
7. Sandman: Vidas Breves (The Sandman #41-49, 1992-1993)
8. Sandman: Fim dos Mundos (The Sandman #51-56, 1993)
9. Sandman: Entes Queridos (The Sandman #57-69 and Vertigo Jam #1, 1994-1995)
10. Sandman: Despertar (The Sandman #70-75, 1995-1996)

Os críticos dizem que Gaiman elevou este HQ a um nível literário, cujo gênero é o terror. A obra possui muitas características literárias de qualidade como os tempos: tempo do sonho, tempo da realidade, tempo do inconsciente, que vamos entendendo melhor no decorrer da história, além das belíssimas descrições.

“Pela centésima vez desde que recuperei a algibeira, eu toco a areia dentro dela. Ela escorre por entre os meus dedos. Sinto cada grão, inesgotável. Infindável como eu, como os pontos da minha espécie. Infindável... tal qual a noite, sempre um solitário, mas aqui, nas parais noturnas do sonho, a solidão flui sobre mim em gotas que envolvem e arrastam meu espírito.” (Sandman #7)

Tudo que ocorre com os perpétuos implica diretamente na vida dos humanos. A prisão de Sonho, por exemplo, no inicio da série, gera uma série de transtornos no mundo todo, como doenças e distúrbios relacionadas ao sono.



A atmosfera é aterrorizante e as personagens apresentam dramas existenciais complexos. As mentes de todos os seres humanos estão ligadas ao reino de Morpheus e suas almas vão para lá quando dormem. É Sandman quem controla este universo enquanto as pessoas sonham e guarda o imaginário de cada sonhador: “Ele possui tantas denominações e formas quanto os devaneios concebidos em seu reino e semeados entre os mortais.”(Neil Gaiman, Sandman # 7)



Todos os arcos foram publicados no Brasil por diversas editoras. Hoje, os exemplares podem ser encontrados apenas em lojas especializadas do ramo ou em sebos. Para aqueles que gostam de HQ, mas está cansado de clichês, fica aqui esta belíssima sugestão!!!
Ana Carla Bellon

23 de dezembro de 2009

Divulgação

Olá!

Hoje vou fazer um post de divulgações! No último dia 14 foi ao ar, através da Paraná Educativa, uma matéria sobre a vinda de alunos participantes do projeto, premiados no II Festival de Literatura e cinema, que vieram até Ponta Grossa no dia 03 de novembro para ir ao cinema, alguns deles pela primeira vez.

Sobre o passeio nós já falamos por aqui, mas vale a pena dar uma olhada na matéria, que nos mostra a sensação dos alunos com a novidade, assim como depoimentos deles sobre a expectativa de assistir a um filme no cinema e temas que trabalharam durante o trabalho com literatura e cinema.

Além disso, é possível conhecer uma grande apoiadora nossa, a vice-diretora do Colégio Duque de Caxias, Verônica, que fala um pouquinho sobre o projeto na escola.

Segue o link da íntegra da II Edição do Jornal da Educativa, confira:

http://www.rtve.pr.gov.br/modules/debaser/player.php?id=4235

E nesta semana foi noticiado no site oficial do programa Universidade Sem Fronteiras a nossa contemplação com o terceiro lugar do prêmio de extensão universitária, lá (http://www.usf.pr.gov.br) você pode ficar atualizado sobre as notícias dos outros projetos pertencentes ao USF, além de trocas de experiências e ações de integração, o que esclarece o funcionamento dos diversos projetos.

Assim, demonstramos nossa alegria em ver o projeto sendo divulgado, e principalmente, mostrando resultados de ações que desenvolvemos em grupo durante todo o ano.

Até a próxima!

Katrym

20 de dezembro de 2009

Boca do Lixo: A Hollywood dos pobres

No final da década de 60 até o início dos anos 80 existiu em São Paulo, A Boca do Lixo, localizada na Rua do Triunfo, esquina com Rua Vitória no bairro de Santa Ifigênia, “A Boca” como era chamada por seus freqüentadores, foi um pólo da produção cinematográfica brasileira.

Com a criação da lei de obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais em 1968, criou-se uma enorme demanda por filmes nacionais. O governo criou então a Embrafilmes, instrumento de incentivo do estado, mas que apenas financiava a elite do Audiovisual, à margem do financiamento estatal e preenchendo uma lacuna por filmes populares, surgiu a Boca do Lixo.

As produções eram filmes B, embora tenha ficado relacionada ao gênero da pornochanchada, na Boca eram produzidos faroestes, cangaços, kung-fus, melodramas e aventuras de segunda linha. Os produtores eram comerciantes, donos de postos de gasolina, ou qualquer pessoa que interessasse por filmes e que tivesse dinheiro e o público eram os trabalhadores das classes mais populares.

Roteiristas, produtores, técnicos e atores freqüentavam a rua Triunfo, mais especificamente o lendário Restaurante/bar chamado Soberano. Era o ponto de encontro, lá fechavam contratos, surgiam roteiros de última hora, e simples operários tornavam-se ilustres figurantes. Por ficar próxima às estações rodo e ferroviária da Luz e contar com uma rede de casas e hotéis baratos, a Boca era uma região de passagem, aglomerando toda espécie de malandro e jogados à sorte que se possa pensar, esses tipos eram a mão de obra e muitas vezes as mentes criativas das produções.

Entre 1970 e 1980 a média de produção de filmes nacionais era de 90 filmes por ano, a Boca do lixo era responsável por 40% disso, ou seja, o cinema marginal disputava o mercado com a elite do cinema brasileiro.

No início dos anos 80 juntamente com os últimos anos da ditadura, teve começo a decadência da Boca. Com a abertura do regime, a lei de obrigatoriedade da exibição de filmes nacionais teve um abrandamento, muito por pressão de distribuidoras internacionais. Outro motivo foi o gosto do público, entrando em contato com outros gêneros e tecnologias, e com o início dos blockbusters, as pessoas deixaram de prestigiar a produção nacional, fato esse que só veio a ter alteração há pouco tempo.


Esta noite ou nunca

ou A maldição da Rua Triunpho


Uma boa dica para quem quiser saber mais sobre este capítulo do cinema brasileiro o livro “Esta noite ou nunca ou A maldição da Rua Triunpho” do escritor paulistano Marcos Rey, publicado em 1985. Irônico, patético, mordaz e ao mesmo tempo realista e romântico: a história de um escritor marginalizado pelas censura e ditadura, que para sobreviver acaba se tornando um roteirista de filmes de pornochanchadas na Rua do Triunfo, a subdesenvolvida Hollywood dos anos 70.

Marcos Rey inspirou-se em sua própria experiência para recriar com muito estilo o clima maldito dos cenários e personagens daquela época: atrizes sexys, diretores de filmes, salas de cinemas, falsos moralistas, pseudos-intelectuais, detetives, homens-bala, doleiros, agentes da repressão, strippers, escoteiros, a Boca do Lixo, as boates da Vila Buarque. O personagem narrador do romance é o roteirista, e além de nos conduzir por sua história maldita, também explica como construir bons roteiros de comédias daquele gênero de filme. Em suma, uma curtição literária cinematográfica para quem se fartou do comedidos das velhas receitas. Um tema sério como o de “Esta noite ou nunca”, quase trágico, permite essas coisas. Só o superficial tem de ser obrigatoriamente sisudo.


Kleber Bordinhão

16 de dezembro de 2009

Indicações ao Globo de Ouro de 2010


Nesta última terça-feira, 15 de dezembro, foram divulgados os indicados ao Golden Globe Awards (Globo de Ouro) de 2010. O evento, que no próximo ano completará sua 67°edição entrega seus prêmios a quem considera (a partir de votos de jornalistas e profissionais da área) os melhores profissinais ou expressões do cinema e da televisão. Os vencedores, geralmente são os cotados a receber o Oscar, ainda considerado o maior prêmio para o cinema.
As categorias premiadas no cinema são: drama, musical ou comédia, animação, filme estrangeiro, diretor, roteiro, música original, trilha sonora, ator, atriz, ator coadjuvante, atriz coadjuvante. Para a televisão as categorias premiadas são: série (drama), série (musical ou comédia, ator de série, atriz de série, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, minissérie ou telefilme, ator e atriz de minissérie ou telefilme.
A grande promessa é o filme Amor sem Escalas do diretor Jason Reitman, que concorre a seis indicações. Tarantino, concorre ao prêmio de melhor diretor com Bastardos Inglórios, que disputa também como melhor drama e roteiro. Clint Eastwood, que recentemente foi condecorado pelo presidente francês com o título da Legião da Honra Francesa, concorre como melhor diretor por Invictus.
Os dois filmes assistidos pela equipe do Projeto Literatura e Cinema na Formação Humana e pelos alunos de São Matheus do Sul no cinema em Ponta Grossa como premição do Festival de Cinema e Literatura realizado no Colégio Duque de Caxias, concorrem ao Globo de Ouro. Up - Altas Aventuras, concorre ao prêmio de melhor animação e trilha sonora. Distrito 9, de Neill Blomkamp e Terri Tatchell concorre ao melhor roteiro.
Agora é só aguardar aos resultados, que serão divulgados no dia 17 de janeiro.




Amanda.

13 de dezembro de 2009

Refilmar o terror: novo filão do cinema

Os Pássaros de Alfred Hitchcock tem refilmagem prevista para 2011.




A ausência de grandes argumentos fílmicos dentro do gênero suspense/terror tem exercido nas últimas temporadas a refilmagem de produções emblemáticas de temporadas passadas no cinema.

O clássico "O Massacre da Serra Elétrica" (1974) de Tobe Hopper ganhou uma adaptação em 2003. Atualmente a Twisted Pictures, produtora do sequencial “Jogos Mortais”, que chegou ao seu sexto filme, está em processo de negociação com a Platinum Dunes, majoritária do filme “Sexta Feira 13” para aquisição da franquia. Outra refilmagem de um clássico do terror tem previsão de estréia para abril de 2010 – “A Hora do Pesadelo”, dirigido por Samuel Bayer. A mesma Dunes produtora da saga de Jason deverá refilmar brevemente o terror “O Bebê de Rosemary” de Roman Polanski que originalmente foi lançado no cinema em 1968.

Atualmente até mesmo o mestre do suspense o diretor inglês Alfred Hithcock (1899-1980), terá uma de suas maiores produções refilmadas. “Os Pássaros”, original de 1963 terá uma nova versão prevista para lançamento em 2011. A Universal detentora dos direitos do filme enfrenta problemas para a realização da refilmagem, pois Martin Campbell (007 Casino Royale) o nome mais cotado para a direção acabou abandonando a produção. Com George Clonney no papel de Mith Brenner o filme deverá ter uma das marcas mais comuns as refilmagens do terror /suspense dentro do cinema moderno: a dos atores com forte apelo publicitário dentro da indústria cinematográfica. Anteriormente outro clássico de Hitchcock teve seu remake levado ao cinema em 1998 pelo diretor Gus Van Sant – “Psicose” (1960). Aliás, a produção conseguiu faturar três prêmios no Framboesa de Ouro 1999 (festival que premia os piores filmes produzidos ao longo de um ano): pior filme, pior remake/sequência e pior atriz para Anne Heche.

Ao refilmar um clássico cinematográfico do passado muitas questões são exercidas dentro da dicotomia (original x remake), não são apenas os elementos técnicos, afinal para quem conhece a produção original a comparação é inevitável, sempre pendendo para o lado do filme “original”. A originalidade e a criação são fatores essenciais dentro da sétima arte – assim, as refilmagens começam com dois pontos de déficit neste cenário.





Bruno Scuissiatto

11 de dezembro de 2009

Prêmio de Extensão Universitária 2009

O Projeto "Literatura e Cinema na Formação Humana" recebeu nesta última quarta-feira, dia 09 de dezembro, o terceiro lugar no Prêmio de Extensão Universitária. A premiação é promovida anualmente pela pró-reitoria de extensão e assuntos culturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa e abrange todos os projetos de extensão da universidade.

Nós da equipe ficamos muito satisfeitos, pois no ano passado recebemos o segundo lugar!!!
Confiram no link abaixo a divulgação da premiação com os demais ganhadores!

http://www.tibagi.uepg.br/uepgnoticias/noticia.asp?Page=7471


Alguns dos integrantes do projeto no dia da premiação.



Acima, a coordenadora do projeto recebendo o prêmio.




9 de dezembro de 2009

Breve introdução à literatura medieval

Antes da romanização e cristianização os povos que habitavam a Europa Ocidental não tinham escrita. Haviam códigos como o Ogam celta e as Runas germânicas, mas eram de uso exclusivo das religiões. A maioria destas religiões não deixou vestígios escritos de sua existência, vigorava uma valorização da palavra falada, ou melhor, cantada.
Os encarregados de transmitir a cultura de forma oral eram os bardos, músicos profissionais itinerantes que ganhavam seu sustento viajando de vilarejo em vilarejo e de corte em corte, recontando fábulas seculares, algumas até milenares.
No entanto, do contato com os invasores romanos, resultou o sincretismo cultural que foi a civilização medieval, e lentamente a cultura oral perdeu status em favor da cultura escrita. Os bardos perduraram, mas por motivos diversos interessou aos senhores feudais a produção escrita destes contos. Entre o séculos IX e XII, estes senhores foram mecenas de muitos poetas que deixaram um legado literário marcante, intitulado como literatura cavaleiresca.
Este estilo literário bebeu da literatura grega e latina, como de Homero e Ovídio, pode ser entendida em algumas subdivisões tais como as Canções de Gesta produzidas na França (das quais se pode citar a Canção de Rolando), a Matéria da Bretanha (com a Demanda do Graal como uma das mais importantes realizações), e a posterior produção trovadoresca.
As duas primeiras subdivisões adaptavam os contos anteriores à invasão romana e à cristianização, transformando heróis de um passado pagão em membros das elites feudais – cuja ocupação na sociedade era as armas e a guerra. Tornaram-se guerreiros empreendendo grandes aventuras em nome da cristandade. Os contos nativos viajaram todo o continente Europeu, ficando famosos em longas distâncias.
Outro aspecto da literatura medieval era o romance, melhor ilustrado pela literatura trovadoresca. Nesta o protagonista continua sendo o cavaleiro, mas como desencadeadora de todas as suas aventuras e vicissitudes estão as damas, de alta posição ou de caráter feérico, mas sempre inacessíveis. No século XII chegou a ser escrito por André Capelão um Tractatus de Amore (Tratado de amor cortês), que ditava as formas corretas de expressão do amor.
Com esta introdução, proponho uma análise da manutenção e das transformações por que passa a literatura medieval em suas adaptações ao cinema.

Ana Elisa Bantel

6 de novembro de 2009

Sessão Premiada



No último dia 03, os alunos vencedores do II Festival de Literatura e Cinema do Colégio Estadual Duque de Caxias, de São Mateus do Sul, vieram a Ponta Grossa prestigiar uma sessão de cinema. Os alunos assistiram ao filme de ficção científica sul africano “Distrito 9”.



Além do filme, os premiados tiveram a oportunidade de conhecer o campus Central e de Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa, receberam um incentivo a mais para ingressar na Universidade e tiveram até direito a entrevista para a TV Educativa.


O passeio foi gratificante, cultural e divertido!!!


Confira as fotos!



A participação de todos foi essencial!


Até a próxima!

29 de outubro de 2009

Premiação do II Festival de Literatura e Cinema

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         No próximo dia 3 de novembro haverá a premiação dos alunos vencedores do II Festival de Literatura e Cinema, realizado no dia 1º de outubro no Colégio estadual Duque de Caxias na Cidade de São Mateus do Sul.

         Os alunos classificados virão para Ponta Grossa assistir a uma sessão de cinema, cuja entrada será gratuita, para a maioria dos alunos essa é uma experiência inédita. Eles sairão de São Mateus do Sul pela manhã e almoçarão no RU do campus central da UEPG. A sessão de cinema terá início às 14:00.

17 de outubro de 2009

Cinema e Literatura na Formação Humana no Terceiro Encontro de Ciência e Tecnologia!

Saudações a todos os visitantes do blog!!

O objetivo desta postagem é enfatizar a importância da pesquisa e da extensão dentro da academia. Nos dias 7, 8 e 9 de outubro a equipe do projeto Cinema e Literatura na Formação Humana esteve em Maringá, no Terceiro Encontro de Ciência e Tecnologia promovido pela Seti, que teve como finalidade dar espaço aos projetos de mostrar seus feitos e objetivos.

O encontro contou com a presença das principais universidades de todo o Paraná e foi muito útil, no sentido de propiciar trocas de experiências entre professores, pesquisadores, acadêmicos e a comunidade em geral.

São nesses encontros que percebemos, cada vez mais, que a função da universidade não é mais produzir conhecimento apenas para uma pequena parcela da população que tem acesso a ela, e sim, gerar saberes para a sociedade como um todo.

Amanda.

16 de outubro de 2009

Imagens do Extenso 2009

12 de outubro de 2009

Projeto Literatura e Cinema em evento uruguaio


Aconteceu, de 5 a 9 de outubro, na Universidad de La República, em Montevideo, no Uruguai, o X Congreso Iberoamericano de Extensión Universitaria - Extenso 2009 (http://www.extension.edu.uy/extenso/inicio), evento cujo objetivo era reunir e difundir as experiências de programas de extensão universitária de toda a América Latina. O tema desta edição era "Extensión y Sociedad" e tinha como foco central destacar não apenas a importância acadêmica e educacional dos projetos de extensão universitária, mas, também, as profundas influências que os mesmos têm no contexto social, oferecendo oportunidades, conhecimento, desenvolvimento e difundindo o saber construído no ambiente universitário.
O Projeto Literatura e Cinema na Formação Humana contou com a participação das docentes Silvana Oliveira e Rosana Apolonia Harmuch, que apresentaram sua comunicação no dia 6 de outubro, no Espacio Cultural de Extensión Universitaria.



Na sessão de perguntas e respostas que se seguiu à apresentação, o projeto despertou o interesse de representantes uruguaios e também de outras universidades latinoamericanas e brasileiras.
Nossa participação nesse importante congresso também nos trouxe a oportunidade de travar conhecimento com os mais destacados projetos de extensão atualmente em desenvolvimento na América do Sul, além de nos colocar em contato com uma ampla oferta de palestras, conferências e atividades oferecidas por profissionais de renome mundial.
Tudo isso contribuiu, é claro, para nosso aprimoramento como docentes e como participantes de um projeto que tem como meta levar à comunidade em geral e aos jovens, em particular, novas visões sobre o cinema e a literatura.

Publicado por: Rosana Harmuch

6 de outubro de 2009

O olhar do mundo pela leitura

Miguel Sanches Neto conversa com professores da rede estadual após a palestra.


Equipe do projeto Literatura e Cinema, pedagoga do colégio e Miguel Sanches Neto


O professor e escritor Miguel Sanches Neto esteve presente no fechamento do II Festival de Literatura e Cinema, na noite de quinta-feira, dia 2 de outubro, no salão social do Colégio Estadual Duque de Caxias. A palestra teve a participação de alunos e professores, assim como também da comunidade sãomateuense em geral.
Após o anúncio dos alunos vencedores do Festival, que foram premiados com uma sessão especial de cinema em Ponta Grossa, o escritor iniciou a sua fala ao público presente. Sanches Neto defendeu a importância da leitura para a vida das pessoas. Inclusive, descreveu suas próprias experiências, de menino do interior do Paraná, que somente teve contato com uma obra literária quando já se encontrava na adolescência. Com uma fala categórica e carregada de sentimentalismo, o escritor conseguir emocionar grande parte das pessoas, com seus exemplos familiares de luta e perseverança para hoje ser escritor e leitor. “Você pode ser alfabetizado, e ler. Mas somente será leitor, se após a leitura, sentir alguma transformação em você”, contou o romancista.
Durante as quase duas horas de palestra, o público foi agraciado com uma experiência de escutar um leitor inveterado, um escritor destacado, e de um professor de literatura ciente das transformações que as experiências da leitura podem provocar. Sanches Neto utilizou como exemplo o romance Vidas Secas, escrito por Graciliano Ramos, na década de 30, no qual a história de dois meninos, sem nomes, somente poderá ser mudada se eles entrarem na escola, isto é o que fica quando chegamos ao final da saga da família de Fabiano e Sinhá Vitória. Este foi um dos pontos altos da palestra, quando o foco se direcionou para os professores, estes que podem mudar toda a trajetória de um aluno, se for com literatura e gosto por ela, melhor, disse o escritor.
A experiência da palestra dentro das dependências do colégio foi um acontecimento ímpar dentro da comunidade de São Mateus do Sul, que aflorou com as perguntas de alunos e professores no final. Os exemplos da trajetória de Miguel Sanches Neto como um escritor premiado e destacado dentro da literatura brasileira contemporânea foram imprescindíveis para todos, principalmente para aqueles que encontraram na sua fala uma aproximação com suas próprias vidas. A leitura de literatura pode ser a janela e começo que tanto necessitamos para ver um mundo melhor.
Bruno Scuissiatto


















II Festival de Literatura e Cinema de SMS

São Mateus prestigiou, no último dia 1o, o II Festival de Literatura e Cinema que foi, mais uma vez, um sucesso, pois contou com a participação essencial dos alunos do Colégio Duque de Caxias.
Neste dia, os estudantes do Ensino Médio que participaram da preparação dos trabalhos com os bolsistas do projeto, puderam expor suas composições no salão da escola, as quais abordaram temas ligados a Literatura e Cinema: Poesia Concreta, A Ópera do Malandro, Shakespeare, A Semana de Arte Moderna, Efeitos Especiais, Edgar Allan Poe, entre outros.

Na abertura do Festival, ocorrida pela manhã, contamos, mais uma vez, com a participação especial da aluna Liriane Afonso do 2o ano, Turma A, que cantou a música “Vida de Viajante”, de Luis Gonzaga. Esta aluna recebeu menção honrosa por sua atuação e está entre os vencedores do Festival.

Os autores dos trabalhos permaneceram até o final dando explicação sobre o conteúdo a quem desejasse. Assim, os demais alunos e professores do colégio puderam eleger e votar no melhor trabalho.

Para encerrar as atividades, no final do dia, contamos ainda com a ilustre presença do professor, pró-reitor de assuntos culturais da UEPG e escritor aclamado: Miguel Sanches Neto.
Todos os alunos estão de parabéns pela dedicação!

Agradecemos a todos os professores participantes, a diretoria, as assistentes de limpeza, a toda equipe do colégio e também à comunidade que esteve presente prestigiando nossos alunos!

Abaixo os ganhadores do II Festival, que terão como prêmio uma viagem até Ponta Grossa para prestigiar uma sessão de cinema! Abraços a todos e nos vemos na viagem!!

1 lugar: Leitura integral Romeu e Julieta 1C
Aluna: Carina Maria Witkowski

2 Lugar: Filmes de Animação 2 C
Alunas: Josiele Kovalski
Milena Clari da Luz
Jenifer Kaliny
Tatiane Caroline

3 Lugar: Arnaldo Antunes 2 B
Alunos: Karine Patricia Oroski Portes
Francieli Blaszyk Glinski
Jaqueline Vieira Glinski
Marina Pietzack
Rosinei Ferraz dos Santos

4 Lugar: Nosso Símbolo por um Novo Ângulo: 3 B
Alunas: Janete Araseski Macuco,
Bruna de Mello
Vanessa de Oliveira Kryszeuski


5 Lugar: Os sonetos e as Adaptações de Shakespeare 2 A
Alunas: Ana Cláudia Blaczzyk Nowak
Caroline Iachaki
Patricia da Marca Zwierzikoski
Vanessa Waiss Soares
Joice Aparecida Chula Pereira

6 Lugar: Romeu e Julieta: Amo-te! E eu a ti, cada segundo, cada minuto penso em ti 3 B
Alunas: Maria Jaqueline Walter
Daniele Pinheiro
Daiane Padilha
Camila Ribeiro de Souza
Tatiane Cruz


7 Lugar: Samba 2 B
Alunos: Ingrid Diane Oleniniki Vieira
Jose Leones Polak Junior
Carla Marzczaokoski dos Santos
Julheri

8 Lugar: O Duque dentro do Modernismo 3 A
Alunas: Luciana Daldin Cordeiro
Sarajane Daldin
Maria Cristina Muchalak Staniszewski
Leodina N. Witonski
Leidiomara Ferraz Cunha

9 Lugar: Vinicius de Moraes: É o amor. 3 B
Alunas: Jucelene Bagdzenski da Silva
Fernada Camargo Drobnieski
Tatiane Faria
Vanessa Walter Kravetz

10 Lugar: Pearl Harbor e a 2 guerra mundial 2 B
Alunas: Sidnei Wierczorkowski
Marcio Luis Schimainda
Rodrigo Silva Wieczorkoski
Giovani de Oliveira
Luis Fernando Zabloski
Adriano Blaczyk
Iraceli Riske


Menção Honrosa
Liriane Stavacz Afonso


Um abraço especial aos alunos do 2o B, foi um grande prazer trabalhar com vocês durante este período e espero que sigam com a mesma dedicação e parabéns aos ganhadores desta turma! Obrigada pelo carinho e atenção!


Ana Carla Bellon

18 de setembro de 2009



Olá!!!

Hoje estivemos novamente em São Mateus seguindo com os preparativos para o nosso segundo Festival de literatura e cinema. Como sempre, fomos muito bem recebidos no Colégio Estadual Duque de Caxias.

Aproveito para deixar aqui dois pequenos depoimentos de alunas do 2° A, Patrícia e Liriane, que já participaram da edição do ano passado do festival e que nesse ano estarão novamente conosco!

Patrícia comenta no vídeo sobre o livro de Lygia Fagundes Telles, Seminário dos Ratos, e Liriane conta qual será a atividade que desenvolverá no festival desse ano.






Em breve postaremos fotos da Mostra de Cinema que está acontencendo no salão do Colégio Estadual Duque de Caxias e também dos alunos que participam do projeto trabalhando na confecção de material para o festival.

Até a próxima!

Katrym



2 de setembro de 2009

Um país de maravilhas ou uma maravilha de país?

- Tudo bem, eu digo – respondeu Alice prontamente – pelo menos... pelo menos eu estou pensando no que vou dizer... o que é a mesma coisa, não é? - De maneira alguma! – exclamou o Chapeleiro. – É como se você dissesse que “vejo o que como” é a mesma coisa que “como o que vejo”. - Ou o mesmo que dizer que “gosto de tudo o que tenho” é o mesmo que “tenho tudo o que gosto” – explicou a Lebre. - Ou o mesmo que dizer - acrescentou o Esquilo, que parecia estar falando dormindo – que “respiro quando durmo” é o mesmo que “durmo quando respiro”. - No seu caso é a mesma coisa – afirmou o Chapeleiro.
Fragmento de “Alice no País das Maravilhas”, por Lewis Carrol





Conta a história que um estudioso, compositor de tratados matemáticos não muito conhecidos e nada além disso, um certo dia resolveu escrever a narração que costumava contar para suas irmãs mais novas; um “conto de fadas das aventuras subterrâneas de Alice...”. O livro chegou até a corte e a rainha se deslumbrou tanto com o conto que mandou chamar o seu autor para uma conversa, seu nome: Lewis Carroll.


Carroll, mais que depressa foi ter com a rainha e esta elogiou tanto aquela história intitulada “Alice no país das maravilhas” que solicitou ao estudioso que levasse suas outras histórias, já que supusera que se tratara de um escritor profissional e autor de muitas outras histórias. Lewis satisfeito com a atenção reuniu todos os seus tratados matemáticos e levou-os a rainha que, nem é preciso dizer, se decepcionou.


Desta forma se divulgava este livro que foi conhecido por várias gerações e que encanta quem o lê. Em 2010 o cinema nos promete uma nova versão desta famosa obra-prima da literatura universal destinada ao público infantil em formato cinematográfico, com a atuação de Jhonny Deep como o Chapaleiro Maluco.


“São fantasias oníricas e lúdicas sobre a realidade e a linguagem. Explorando a aparente ausência de sentido em sentenças gramaticalmente corretas, Lewis Carroll foi um dos pioneiros na pesquisa de uma nova ciência do discurso, por meio da simbolização”. Além disso, esta obra que é aparentemente destinada às crianças, esconde questionamentos de muitas espécies, lógicos ou semânticos, problemas psicológicos de identidade (a certa altura do conto, Alice já não sabe mais quem é) e até políticos, tudo isso emoldurado em aventuras fantásticas.


Como se não bastasse, o terror e a fantasia caminham lado a lado nesta horripilante e fantástica aventura. Alice desejou um mundo só seu, onde o que fosse não fosse e aquilo que não era passasse a ser, quando se vê neste mundo rodeado de “loucos” se arrepende instantaneamente e a partir daí muitas coisas passam a arrepiá-la e assustá-la e o que parecia fantasia se transforma em terror.


Convido-os a mergulhar nesta história cativante, sem se afogar no medo, quero dizer, sem medo de se afogar!!!

Ana Carla Bellon

25 de agosto de 2009

Cinema: uma arte em movimento


O cinema caracteriza-se como uma arte em constante movimento e renovação desde seu surgimento.Quando surgiu impressionava pela simples capitação de imagens funcionando como mero registro,depois Melies inova com o inicio do cinema narrativo.Mas isso ainda não era o bastante,então eis que aparece Griffith que apesar dos problemas éticos do seu filme não pode deixar ser desconsiderado como marco inicial do cinema americano em termos de estrutura do cinema.Quase no mesmo período surgem novas tendências ao redor do mundo.Na Alemanha o expressionismo,com o uso de cenários com obras-primas como a última gargalhada e outros.Na Rússia os formalistas como Einsenstein revolucionam a utilização de cortes e edição.

Mas o cinema continuava a avançar com a tecnologia.O advento do som marcou a história introduzindo a voz como elemento essencial.Mas muitos negaram esse advento ferozmente como Chaplin que combateu o som, realizou seu protesto através da realização de “luzes da Cidade” no ano de 1931,um filme mudo em pleno período sonoro,mesmo assim algum tempo depois esse critico acirrado do som rendeu-se a ele,realizando filmes como “O Grande Ditador”.considero esse um dos inúmeros exemplos de que como o cinema é uma arte em constante movimentação.

Ninguém melhor do que Hollywood soube tirar proveito dessa inovação. O som inaugura o período áureo do cinema, o denominado cinema clássico americano,marcado por uma estrutura narrativa com características próprias herdadas de Griffith.Este tipo de narrativa marcada por uma linearidade com inicio,meio e fim.Mesmo assim alguns cineastas ultrapassaram as barreiras das convenções narrativa,criando características próprias em suas obras como Billy Wilder,Alfred Hitchcock,John Ford e Willian Wiler.

Mas quem diria que um jovem de 25 anos em se primeiro filme iria revolucionar o cinema, Orson Welles com seu “Cidadão Kane”,mudou a historia do cinema ao quebrar com as convenções lineares do cinema clássico ao utilizar o flash-back para narrar e não justificar uma ação de uma determinada personagem,ou com uso da profundidade de campo.Cidadão Kane é um marco na história do cinema,tornando-se um dos filmes mais influentes,até os dias atuais.Muitos dos cineastas que vieram depois tiveram em Welles um mestre,inclusive Stanley Kubrick,que soube como ninguém aplicar os ensinamentos de seu professor.

O cinema que no seu início era considerado uma mera atração de feiras,confirmou-se como arte com linguagem própria.A invenção sem futuro como julgavam seus inventores, conquistou o mundo e chegou a mais de um século de existência.Longe de ter um fim,e com os constantes avanços tecnológicos é difícil prever quais serão os novos rumos dessa arte.

No ano de 1995 data em que o cinema completou um século de existência,uma revista publicou uma reportagem intitulada “o cinema nas palavras de quem o faz”,essa reportagem trazia depoimentos e declarações de cineastas,roteiristas,atores e críticos,dentre os vários depoimentos vale a pena ressaltar o depoimento do cineasta Francis Ford Coppola.quando pediram a ele para dar sua opinião pessoal,ele deu a seguinte opinião “para mim,a grande esperança é que agora,com essas coisas que estão acontecendo,como os gravadores de vídeo de 8 mm,algumas pessoas que normalmente não fariam filmes passem a faze-los.Algum dia,uma garota gordinha de Ohio será o novo Mozart e fará um lindo filme com a camerazinha do seu pai.Daí o assim chamado profissionalismo terá sido destruído,e o cinema passará a ser uma forma de arte.Essa é minha opinião”.Esta opinião era a única a fazer algum tipo de previsão quanto ao futuro do cinema,já é possível observar um pouco dessa previsão tornando-se concreta.Por isso definir algo como possível ou impossível na arte cinematográfica seria uma afirmação sem sentido.





Publicado por Andressa

5 de agosto de 2009

Rota Comando

capa do filme - Rota Comando




O estopim foi acesso por Hector Babenco em 1981 com Pixote – A Lei do Mais Fraco. Passado pouco mais de duas décadas o diretor nos apresentou Carandiru. Anterior a este tivemos Cidade de Deus, do diretor Fernando Meirelles. Porém, foi com o longa Tropa de Elite, de José Padilha, lançado em 2006 que o cinema policial ganhou discussões além das fronteiras das mesas redondas cinéfilas.

Chegamos a 2009 e acaba de chegar às locadoras de todo país Rota Comando, um filme do estreante diretor Elias Junior. Orçado com apenas 550 mil reais, um valor distante de uma produção cinematográfica, o longa tem 2h14, e foi uma adaptação do livro Matar ou Morrer de Conte Lopes, atualmente deputado estadual pelo estado de São Paulo, mas que anteriormente foi capitão da Rota.
A ação do filme se concentra nos habituais crimes e perversidades presentes na cidade: crimes, trafico de drogas, estupros e logicamente o efetivo do batalhão de choque da Polícia Militar de São Paulo.

Não estabelecer proximidades entre Rota Comando e Tropa de Elite é aparentemente superficial demais, pois ambos são adaptações de livros escritos por comandantes da ROTA e BOPE. E, a concentração das cenas é envolta aos comandantes e suas equipes, na tarefa de eliminar os crimes e proteger a cidade.
Lançado com diretamente para as locadoras, o longa saiu com uma tiragem de 20 mil, porém se acredita que o número de cópias seja muito maior pela pirataria na cidade de São Paulo.

O filão que ficou adormecido por quase vinte anos, se tornou um mercado altamente rentável para o cinema nacional. Assuntos que agradam imensamente o público presente em salas de cinema, ou mesmo em casa, em suas leituras muitas vezes estáticas, e também as discussões mais amplas de ordem sociológica feitas sempre em torno destas produções. Se o termo “favela movie” ganhou força com Cidade de Deus e Cidade dos Homens, com Tropa de Elite e o novo Rota Comando ficamos com o termo “PM movie”. Além do cinema, a televisão e o teatro tem apresentado nos últimos anos produções baseadas nestes filmes, ou mesmo nos temas, basta recordar do Força Tarefa e a Lei é o Crime, e da excelente montagem teatral Salmo 91 (adaptação do livro Estação Carandiru).

A fórmula do cinema policial nacional esta montada, resta saber se a equação será cumprida a regra do que se espera de um bom filme: boas interpretações, montagens e fotografia. De resto ficamos com a imagem do cinema policial, resta saber se não o bastardo.


Bruno Scuissiatto

16 de julho de 2009

1984 e a História Oficial.

   O filme 1984, uma adaptação cinematográfica da clássica obra de George Orwell, escrita em 1948, já foi alvo e ainda é de múltiplas interpretações. A mais famosa e recorrente delas fala sobre a alusão que a obra faz aos  regimes totalitários.

   Porém outras análises são também possíveis. Na última vez em que assisti ao filme pensei na questão da História Oficial e da História Vivida. O que vivemos diariamente, em nosso cotidiano é a História vivida, formada pela nossa memória e pela maneira que processamos as lembranças. Se não deixarmos nenhum registro, nenhuma anotação, nenhuma foto nós morremos e junto conosco esta história também. A História Oficial é aquela que 1984-capaaprendemos na escola, são as datas e os heróis de quem lembramos e cultuamos. É a história em favor de uma nação ou de uma instituição, com o objetivo de criar um sentimento de pertencimento identitário a um certo grupo de pessoas. Aprendemos que esta é a nossa história e que os fatos realmente aconteceram. Na maioria das vezes eles realmente aconteceram, porém eles foram construídos e transmitidos a partir de um viés ideológico que interessava e interessa a quem detém o poder.

   É nessa problemática que o personagem principal da obra, Winston Smith se centra. Ele vive em um regime totalitário que domina a população a partir de uma série de informações manipuladas. Essa tarefa é tão bem 1984-cinema-1984 exaustivamente executada que todos acreditam naquela verdade e lutam para conservá-la. Não existem mais verdades e nem sentimentos individuais, apenas uma crença que é coletiva. Smith não se encaixa nesse padrão e tenta reconstruir sua história a partir de suas lembranças e crenças. Não é preciso nem dizer que quando o regime descobre, o pune, até fazê-lo regressar ao estado “normal” do pensamento.

   O filme e o livro deixam claro esse abismo entre a História Oficial e a História Vivida e, como a primeira passa a fazer parte de nossas vidas de uma maneira tão sutil que na maioria das vezes não nos damos conta. Quando assistimos ao filme ficamos tão surpresos e nem imaginamos que, apesar de vivermos em um regime “democrático” as formas de dominação são tão mais sutis e mascaradas (nem por isso menos eficazes) que nem temos tempo de perceber.

  A seguinte frase explica o que escrevi até agora: só dominamos o presente conhecendo o passado, e só dominaremos a futuro conhecendo o presente.

Amanda Cieslak Kapp.