9 de dezembro de 2009

Breve introdução à literatura medieval

Antes da romanização e cristianização os povos que habitavam a Europa Ocidental não tinham escrita. Haviam códigos como o Ogam celta e as Runas germânicas, mas eram de uso exclusivo das religiões. A maioria destas religiões não deixou vestígios escritos de sua existência, vigorava uma valorização da palavra falada, ou melhor, cantada.
Os encarregados de transmitir a cultura de forma oral eram os bardos, músicos profissionais itinerantes que ganhavam seu sustento viajando de vilarejo em vilarejo e de corte em corte, recontando fábulas seculares, algumas até milenares.
No entanto, do contato com os invasores romanos, resultou o sincretismo cultural que foi a civilização medieval, e lentamente a cultura oral perdeu status em favor da cultura escrita. Os bardos perduraram, mas por motivos diversos interessou aos senhores feudais a produção escrita destes contos. Entre o séculos IX e XII, estes senhores foram mecenas de muitos poetas que deixaram um legado literário marcante, intitulado como literatura cavaleiresca.
Este estilo literário bebeu da literatura grega e latina, como de Homero e Ovídio, pode ser entendida em algumas subdivisões tais como as Canções de Gesta produzidas na França (das quais se pode citar a Canção de Rolando), a Matéria da Bretanha (com a Demanda do Graal como uma das mais importantes realizações), e a posterior produção trovadoresca.
As duas primeiras subdivisões adaptavam os contos anteriores à invasão romana e à cristianização, transformando heróis de um passado pagão em membros das elites feudais – cuja ocupação na sociedade era as armas e a guerra. Tornaram-se guerreiros empreendendo grandes aventuras em nome da cristandade. Os contos nativos viajaram todo o continente Europeu, ficando famosos em longas distâncias.
Outro aspecto da literatura medieval era o romance, melhor ilustrado pela literatura trovadoresca. Nesta o protagonista continua sendo o cavaleiro, mas como desencadeadora de todas as suas aventuras e vicissitudes estão as damas, de alta posição ou de caráter feérico, mas sempre inacessíveis. No século XII chegou a ser escrito por André Capelão um Tractatus de Amore (Tratado de amor cortês), que ditava as formas corretas de expressão do amor.
Com esta introdução, proponho uma análise da manutenção e das transformações por que passa a literatura medieval em suas adaptações ao cinema.

Ana Elisa Bantel

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