30 de março de 2009

A MISSÃO


O filme A Missão, produzido no ano de 1986, vencedor da Palma de Ouro em Cannes e do Oscar em fotografia, tem em seu elenco atores como Robert de Niro e Jeremy Irons. Procura contar a história das Guerras Guaraníticas, em estilo romanceado, típico das produções hollywoodianas.
Inicia contando a história de um mercador de escravos, que após matar seu irmão que o havia o traído com sua amada resolve se unir aos jesuítas, como forma de redenção de seu pecado.
A ordem dos jesuítas já estava presente no Brasil desde o século XV, com a missão de evangelizar e catequizar o gentio. No filme, que se passa no século XVIII, os religiosos são retratados como heróis, homens bons que protegiam os índios e as missões do colonialismo espanhol e português.
O filme apesar de um tanto quanto cansativo e repetitivo, retrata bem o cenário e o cotidiano da época, mostra em algumas cenas as festas populares, mas comete alguns anacronismos como alguns jesuítas falando em democracia em tempos de monarquia, ou peca no vestuário das mulheres, exageradamente sofisticado para aquela época de Brasil colônia.
Quem assiste ao filme sem nenhuma outra referência toma os jesuítas como aqueles que vieram salvar os índios do terror da colonização e os levaram a uma vida santa através da fé cristã.
Apesar de realmente existir a crença de salvar os indígenas e objetivos em favor destes por parte dos jesuítas, o filme não mostra a relação de poder e interesses que abrange territórios, escravos e riquezas entre portugueses, espanhóis, jesuítas e índios.
Por muito tempo o filme não foi rodado nos Estados Unidos por ser considerado subversivo, talvez por mostrar a resistência indígena aos colonizadores.
Filmes nunca devem ser bases fiéis para pesquisas e análises historiográficas, pois este não é o objetivo de quem o produz, mas sempre são interessantes pois algumas referências podem ser retiradas, analisadas e discutidas.

Ficha Técnica:
Título original: The Mission.
Gênero: Drama.
Tempo de Duração: 125 minutos.
Ano de Lançamento:Inglaterra, 1986.
Amanda.

25 de março de 2009

O ano em que meus pais saíram de férias

Cresci assistindo a série Castelo Rá-tim-bum na TV Cultura e um dos nomes que guardo na memória  é "Cao Hamburger", talvez pela estranheza que sentia ao ler esse nome ou porque ficava pensando se ele realmente existia,  o fato é que sempre  guardei a cena dos créditos finais em que ele aparecia.
E foi justamente esse diretor que adaptou a série  tão adorada por mim para o cinema em 1999, e que também é responsável pela direção do filme que gostaria de sugerir hoje: O Ano em que meus pais saíram de férias.


O filme retrata o período da ditadura no Brasil sob a ótica de um menino de 12 anos, Mauro, que vê seus pais  "tirando férias" sem poder levá-lo, e deixando-o na casa do avô. Enquanto se adapta a essa nova realidade, ele convive com a euforia  que a Copa de 70 causa em todas as pessoas que convivem com ele.
A sutileza com que os temas são tratados, entre outros fatores, faz do filme uma ferramenta interessante para ser utilizada em aulas. Além disso, a visão infantil que Mauro apresenta pelas coisas faz qualquer um, mesmo tendo passado pela infância há muito tempo, se identificar com ele.
Visite o site oficial do filme e obtenha maiores informações acerca dessa obra significativa e que aborda um tema já tão retratado, de um modo diferente: www.oano.com.br

Katrym 


















16 de março de 2009

Just like a Dylan

 

       Quantas personalidades são necessárias para se formar um dos maiores ícones do rock de todos os tempos? 
       Difícil resposta hein? O diretor e roteirista Todd Haynes (Velvet Goldmine, 1998) responderia que são seis.imnotthere  
     Ao menos é o número de facetas do protagonista, que ele exibe na sua nada convencional biografia sobre Bob Dylan (I'm Not There, 2007).
          Haynes distribui momentos da vida do roqueiro entre os anos 60 e 70, entre seis atores: Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Ben Whishaw e Heath Ledger (é, esse mesmo).
          É interessante ver o jovem negro Marcus Carl Franklin interpretando Dylan, então com 11 anos, conversando e agindo como se tivesse 40. Outro atrativo, numa curiosidade um tanto mórbida, é ver Heath Ledger em um de im-not-there01tseus últimos traballhos, interpretando um astro caseiro e com problemas comuns à todos os mortais.   
          Mas sem dúvida quem rouba a cena é Cate Blanchett, interpretando o cantor na fase mais chapada (e provavelmente a mais criativa), apesar im-not-there08tde não ter o mesmo sexo do personagem,é de longe a mais parecida com ele! Além de ser nessa época  que ele tem encontros históricos e lendários com os beatles e o poeta beatnik Allen Ginsberg, e do sarrinho que tira de Bryan Jones dos Stones, o apresentando a um amigo como sendo "o guitarrista de uma banda de covers". 
           O resultado é um caleidocópio da vida de Bob Dylan, mostrando as identidades e mudanças necessárias para formar um artista completo, de criança prodígio a cristão novo, de profeta folk a Rockstar. O nosso Bob Dylan (ou seria o contrário?), já dizia que preferia ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo ...

I'm Not There

im-not-there-poster03t  Ficha Técnica

Título Original: I'm Not There (no Brasil: Eu não estou lá)
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 135 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Alemanha): 2007
Site Oficial: www.imnotthere.es
Estúdio: Killer Films / Wells Productions / John Wells Productions / Endgame Entertainment / Film & Entertainment VIP Medienfonds 4 GmbH & Co. KG / John Goldwyn Productions
Distribuição: The Weinstein Company / Europa Filmes
Direção: Todd Haynes
Roteiro: Oren Moverman e Todd Haynes
Produção: John Goldwyn, Jeff Rosen, John Sloss, James D. Stern e Christine Vachon
Fotografia: Edward Lachman
Desenho de Produção: Judy Becker
Figurino: John A. Dunn
Edição: Jay Rabinowitz
Efeitos Especiais: Intrigue

 

Kleber Bordinhão

9 de março de 2009

Angustiante e Real

“Já é hora de trabalhar” é a fase mais marcante do livro ‘Angústia’ (Misery no original, 345 páginas) do mestre do terror Stephen King. A frase é constantemente dita pela personagem Annie Wilkes que aprisiona o escritor Paul Sheldon em sua casa. O livro, publicado pela primeira vez em 1987 possui muitas características que assombram muitos escritores de sucesso.

Annie é uma leitora assídua dos romances de Misery Chastain escritas por Sheldon. Depois de vários romances publicados, o autor decide matar Misery para concentrar seus trabalhos em outros assuntos. Após Sheldon sofrer um sério acidente de carro, Annie o encontra e o leva para sua casa. Como o autor de Misery está muito debilitado por causa do acidente, a leitora assídua o mantém preso e o obriga a trazer a personagem de volta a vida. E não mede esforços para que isso aconteça.


Durante todas as páginas do livro, a impressão que se tem é que King está fazendo um desabafo. Ele quer mostrar que não se deve confundir fantasia com realidade. O realismo das cenas, por exemplo, é algo extraordinário. Num dos capítulos, Sheldon é obrigado por Annie a tomar água com detergente para continuar vivendo. A descrição da cena é tão real que parece ter sido vivenciada pelo autor.


Conta à lenda que realmente Stephen King passou por uma situação parecida. Um fã, psicótico e fanático invadiu a sua casa, obrigando-o a escrever um livro só para ele. Talvez por isso no final do livro o autor escreve: “Minha história já foi contada”. No entanto outras situações (nesse caso comprovadas) mostram que o autor queria mesmo fazer um alerta aos seus fãs e leitores. No prefácio de seu outro livro “A Torre Negra – Volume I, O Pistoleiro”, King diz ter recebido várias cartas de fãs para que ele contasse o final dessa história.


Diz ele que muitos leitores escreviam cartas emocionadas dizendo que estavam perto da morte e queriam saber o final do livro, que é divido em sete volumes. Indignado, King diz que nem ele sabia como iria acabar e que as pessoas deveriam esperar para saber realmente o final. Então, ‘Angústia’ se torna um livro para se pensar em até que ponto o leitor pode se relacionar com o escritor e até onde isso ainda é benéfico para os dois.


Outro aspecto interessante é a descrição psicológica minuciosa e perfeita (para quebrar um pouco o preconceito a Best Sellers) que Stephen King faz de seus personagens. Annie Wilkes, a leitora assídua é uma pessoa com sérios distúrbios mentais e que vive sozinha em sua casa, que é afastada da cidade. O único entretenimento dela são os romances de Misery. Quando essa morre, Annie surta e planeja alguma maneira de trazer a personagem de volta a vida.


São casos tão parecidos com a realidade, que um estudo de Psicologia sobre esse livro não seria nada de anormal. Descobrir o que leva uma pessoa a prender a outra apenas para a sua própria diversão e entretenimento. Ou ainda, o que leva uma pessoa a machucar a outra para conseguir o que ela quer, ainda que essa pessoa seja muito importante para ela. São indagações que facilmente poderiam virar uma pesquisa psicológica de transtornos de comportamento.


O livro ‘Ángustia’ foi adaptado ao cinema com o nome de ‘Louca Obsessão’. O filme de 1990 tem duração de 107 minutos. Traz no elenco Kathy Bates como Annie Wilkes e James Caan como Paul Sheldon. O filme rendeu a atriz Kathy Bates o Oscar e o Globo de ouro de melhor atriz em 1991.



Ana Carla Bellon

2 de março de 2009

HQ no cinema: Watchmen

Há cerca de 5 anos, entraram em moda as adaptações de quadrinhos para o cinema. Foram várias: Homem aranha 1, 2, e 3, Batman, X-man, V de Vingança, Constantine, 300. Nesta semana, mais uma dessas adaptações estréia nos cinemas: Watchman, um dos mais esperados do ano.

Esta é uma série de quadrinhos escrita por Alan Moore, ilustrada por Dave Gibbons e publicada pela DC Comics nos anos de 1986 e 1987. Seu caráter alternativo, juntamente com sua temática mais madura e menos superficial, o tornou um marco importante na história dos quadrinhos e passou a ser chamado de “Graphic novel” (romance visual).

A trama de Watchmen é situada nos EUA de 1985, um país no qual aventureiros fantasiados seriam realidade. O país estaria vivendo um momendo delicado no contexto da Guerra Fria e em vias de declarar uma guerra nuclear contra a União Soviética. A mesma trama envolve os episódios vividos por um grupo de super-heróis do passado e do presente e os eventos que circundam o misterioso assassinato de um deles. Watchmen retrata os super-heróis como indivíduos verossímeis, que enfrentam problemas éticos e psicológicos, lutando contra neuroses e defeitos, e procurando evitar os arquétipos e super-poderes tipicamente encontrados nas figuras tradicionais do gênero. Isto, combinado com sua adaptação inovadora de técnicas cinematográficas, o uso frequente de simbolismo, diálogos em camadas e metaficção, influenciaram tanto o mundo do cinema quanto dos quadrinhos.

A adaptação, apesar de ser a mais esperada do ano, não alcançou unanimidade dentre os críticos em sua premiere mundial que aconteceu em Londres na semana passada. O filme, dirigido por Zack Snyder (300), conta com muita ação, sangue e sexo. A música e os efeitos especiais desempanham papel importantíssimo, da mesma forma que aconteceu em 300. Os críticos admitiram, porém, que o filme não decepcionará os fãs de Watchmen e poderá agradar também aos espectadores que não tiveram acesso aos quadrinhos, mas deixa a desejar depois de tanta expectativa, gastos e disputas entre os estúdios Fox e Warner.

Aguardemos! Estréia dia 6 nos cinemas.

Angelis