31 de março de 2010

FESTIVAL É TUDO VERDADE 2010

       O É Tudo Verdade é o principal festival do Brasil e da América Latina dedicado a exibição e a premiação de documentários. O evento, que acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo, foi criado por Amir Labaki e este ano completa sua décima quinta edição.

       Nesses quinze anos de história de evento é possível perceber mudanças na produção deste tipo de cinema. Se antes eram dignos de documentários os grandes fatos, pessoas famosas ou abordagens politizadas, hoje os produtores trabalham também com outro viés. Recentemente encontramos documentários sobre os mais diversos temas, que se preocupam com “coisas banais” e com o cotidiano, como se pode comprovar a partir da programação do É Tudo Verdade 2010 disponível no site do evento: www.itsalltrue.com.br.

       A sessão de abertura no Rio de Janeiro exibe Segredos da Tribo, documentário de José Padilha que trabalha com o contato de cientistas norte-americanos e europeus com os índios ianomâmis da Venezuela. A sessão de abertura de São Paulo mostra Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil. O documentário faz um balanço da geração musical que participou do III Festival da Música Popular Brasil da TV Record.7556900.capitalismo_cultura_299_418

      O festival que é divido em categorias de competição nacional e internacional, e de longa, média e curta metragem, exibe na Programação especial mais uma produção do provocativo Michael Moore. Um documentário que, segundo Michael, fala sobre “luxúria, paixão, romance e 14 mil postos de trabalhos eliminados todos os dias na terra do Tio Sam.”

     O evento que, boa notícia, tem entrada gratuita premiará os vencedores de médias e longas com 100 mil reais e os curtas premiados com 6 mil reais.

Amanda Cieslak

29 de março de 2010

Marçal Aquino - do roteiro ao conto

Certamente se você frequenta cinemas no Brasil ou mesmo faz o papel de locatário em finais de semana, isso que normalmente nos sobra dentro dos compromissos diários, já teve contato com o nome de Marçal Aquino. Esse paulistano de Amparo tem uma estreita relação com o cinema, como roteirista escreveu para diversos filmes produzidos no cinema nacional na última década.

Os seus roteiros podem ser vistos em filmes como Os Matadores (1997), que inaugurou uma das suas parcerias dentro do universo do cinema com o diretor Beto Brant. Com a direção de Brant vieram Ação entre amigos (1998), O invasor (2001), Crime Delicado (2005) e Cão Sem Dono (2007). Outro diretor que costuma dialogar com os roteiros de Aquino é Heitor Dhalia, que produziu Nina (2004) e O Cheiro do Ralo (2006).

Para um leitor ou espectador de cinema atento será fácil perceber a relação inerente de Aquino com o cinema e a literatura. Da sua filmografia grande parte das produções são roteiros adaptados de obras da literatura brasileira contemporânea, como em O Invasor, escrito pelo próprio roteirista, Crime Delicado, à partir do livro de Sérgio Sant' anna, Cão Sem Dono, adaptado dos contos de Até o Dia em que cão morreu de Daniel Galera e Nina, uma visão moderna do romance Crime e Castigo de Dostoiévski.

Uma faceta que muitas vezes pode passar despercebida pela velocidade da contemporaneidade é de grande produtor de literatura. Seguir de uma tradição do conto brasileiro, Aquino tem uma produção de grande alcance dentro da geração de 90 da literatura brasileira. Vencedor do Jabuti de 2001 com os contos de Amor e Outros Objetos Pontiagudos, recebeu diversos outros prêmios com suas outras obras. Produziu também Faroestes e Famílias Terrivelmente Felizes e as novelas O Invasor e Cabeça a prêmio.

Seu último trabalho no campo literário foi o romance Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. O minimalismo do enredo é algo visceral, com a aplicabilidade da polifonia dentro da voz narrativa, o discurso dos defeitos, estes muito mais simpáticos que as qualidades. Como herança da escola de Rubem Fonseca, Dalton Trevisan e João Antônio nos é mostrada na visão do narrador Cauby o envolvimento com uma sociedade que muitas vezes está escondida, mas todos sabem onde está. Dentro de uma narrativa não linear, com puxetas de uma teoria do fluxo da consciência descritas por ali, o romance nos persuade alternar no mesmo viés realidade e imaginação dos personagens. Esse talho tão comum ao cinema aparece de forma magistral dentro do romance. Talvez, a partir de um convite, mais uma produção fílmica será produzida. Pois mesmo sendo criações totalmente diferentes, a literatura e o cinema dialogam de certa forma, ainda mais para Aquino que conseguiu construir uma trama amarrada nos moldes da narrativa cinematográfica.

A aproximação da urbe é um traço importante dentro de muitos dos seus outros contos. Em um país em que o tom autoral muitas vezes acaba esquecido, Aquino consegue seja pelos roteiros ou por sua literatura uma factualidade de seus tempos de jornalista.


Prosa:
O invasor
Faroestes
O amor e outros objetos pontiagudos
As fomes de setembro
Miss Danúbio
Cabeça a prêmio
Família terrivelmente felizes
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios


Roteiros:
Os Matadores
Ação Entre Amigos
O Invasor
Nina
O cheiro do ralo
Cão Sem Dono


Bruno Scuissiatto

24 de março de 2010

Amour

Amour’ é a palavra da língua francesa que significa ‘amor’. Sua provável origem é da literatura medieval, mais especificamente a Matéria da Bretanha, que incluía a produção trovadoresca. O trovador, ou troubadour, era o poeta lírico que habitava as cortes do sul da França, além de desenvolverem um estilo literário próprio, em verso, composto para ser declamado, ajudaram no desenvolvimento da língua d’Oil, de forte influência sobre o que veio a ser a língua francesa.

A literatura trovadoresca expressa vários âmbitos da cultura medieval como as classes sociais, a conduta rotineira que estas deveriam tomar, o papel dos gêneros, e todo o imaginário em torno do universo habitado pelo ser medievo, como a sua geografia e epifanias do cristianismo e das crenças populares de cunho pagão.

No contexto desta sociedade o amor possuía vários conceitos, denotando uma crise identitária quanto à conduta imposta pela religião. A instituição católica medieval via o amor com desconfiança, era um sentimento que devia ser tomado com cautela, mesmo entre marido e mulher, uma vez que o afeto, de acordo com a etiqueta não podia ser demonstrado em público, e a união sexual devia ser um ato sagrado de multiplicação, e não simbolizar a concretude do amor.

Assim a literatura trovadoresca expressa como fine amour mantinha os amantes em segredo, conferindo mistério à narração e tornando o encontro dos amantes em momentos apoteóticos da história, que geralmente se consumavam com juras de amor e beijos nas faces e lábios, carregados de ansiedade e sofrimento. As regras da sociedade são, então, parte fundamental no enredo, mostram aquilo que o poeta queria ultrapassar, modificar, mas a que não se atreve.

É assim que a literatura medieval se torna repleta de relacionamentos que dispensam o matrimônio ou que o ultrajam com o adultério, como fazem Tristão e Isolda, Lancelote e Guinevere. É também a possibilidade de transpor as classes sociais como em Aucassin e Nicolette, o amor entre um cavaleiro nobre e uma escrava.

O protagonista da literatura trovadoresca é o ideal de homem, o cavaleiro, no entanto, ele transpõe algumas normas, na medida em que sua fidelidade se deve à dama e não mais ao suserano. Pode-se dizer, que é a dama a suserana, e o cavaleiro seu vassalo, corajoso, leal e generoso, submisso ao amor e à amada. E ela é a idealização do feminino, discreta, resguardada, doce e amorosa.

Glossário do Amour:

Amor cortês: Expressão criada por Gaston Paris em 1883, no auge do romantismo, para designar o amor perfeito, o fine amour

Fine Amour: ou vraie amour, o amor perfeito, depurado como o ouro mais fino.

Fole Amour: O amor culpado, desonroso

Druerie: um presente de amor, ou o próprio amor.

Ana Elisa

21 de março de 2010

As sombras da leitura


Duas pequenas placas de argila, encontradas em Tell Brak, na Síria, de quatro milênios antes de Cristo (com um entalhe arqueológico que simboliza o número 10, além dos desenhos de animais) é um dos exemplos mais antigos de escrita que conhecemos. Alberto Manguel, em seu livro “Uma história da leitura”, nos traz um traçado sobre a leitura e diversos capítulos que encantam àqueles que se encantam com ela. Cada pessoa “encontra aqui certos fragmentos de sua própria experiência: o encantamento com o aprendizado da leitura, a leitura compulsiva de tudo, o prazer solitário de ser amigo do peito de Simbad, o Marujo (...)” e muito mais.

Em Leitura das Sombras somos levados aos primórdios da leitura e da escrita, em que dois pedaços de argila expressam a mensagem de alguém deixado há tantos milhões de anos, a imortalidade da mensagem e até do próprio pensamento de um pensador já não mais pensante, no tempo em que “os desertos eram verdes”.

Essa imortalidade encontramos constantemente na literatura, lemos clássicos escritos há décadas, por autores que já não escrevem mais, mas que nos permitem viver e reviver o seu pensamento através da leitura de sua escrita. Este fenômeno, por que não dizer, emocionante as vezes é esquecido ou não lembrado pelos leitores, quem sabe com ele a leitura ficaria ainda mais saborosa.

O capítulo das sombras traz ainda teorias sobre o processo da leitura, que começa pelos olhos, o mais agudo dos sentidos para Cícero e o ponto de entrada para o mundo para Santo Agostinho. O processo que chamamos leitura possui várias teorias que começa em Empédocles, no século V a.C., até os dias de hoje. Mas ficam apenas na teoria, pois “misteriosamente, continuamos a ler sem uma definição satisfatória do que estamos fazendo”, ler é um belíssimo mistério.

Alguns praticam diariamente este ato inexplicável e alguns nem sequer se dão ao trabalho de fazê-lo, sem saber o tamanho do poder que têm nas mãos. Você participa de um ritual ainda mais misterioso e magnífico, o de ler sobre a leitura. A leitura é um ideal de liberdade e é “a mais civilizada das paixões”.



MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. – São Paulo: Companhia das Letras, 1997.


Ana Carla Bellon

18 de março de 2010

A arte de escrever

 

         O filósofo alemão Arthur Schopenhauer nasceu em 1788 na cidade de Danzig, influenciou pensamentos como os de Nietzsche e Freud e acreditava que o mundo nada mais era do que uma representação formada pelo indivíduo.

        Embora a maioria das pessoas o conheçam por meio de seus pensamentos referentes à condição e existência humana, Schopenhauer foi também um estudioso da linguagem, escreveu vários ensaios sobre literatura e tinha uma visão muito crítica acerca do exercícios da tradução.

         No livro “ A arte de escrever” o doutor em Filosofia e escritor Pedro Süssekind traduziu e organizou 5 ensaios retirados da obra “Parerga e Paralipomena” publicado por Schopenhauer em 1851. Os ensaios tra1133109_4tam de um tema em comum, a literatura.

         Os textos  traduzidos por Süssekind e lançados em forma de coletânea pela editora L&PM em 2005, são: “Sobre a erudição e os eruditos” , “Pensar por si mesmo” , “Sobre a escrita e o estilo” , “Sobre a leitura e os livros” e “ Sobre a linguagem e as palavras”.

         Em linhas gerais, os textos tratam da arte de escrever, dedicando muita atenção ao tipo de literatura publicada na época do autor e às consequências da decadência identificada nessa literatura para o pensamento, a língua e a cultura. Formando assim uma teoria  da escrita que contém trassos metalinguisticos e que abrange as diversas questões envolvidas na exposição do pensamentos, seja teórico ou literário.

 

Kleber Bordinhão

14 de março de 2010

I ENCONTRO DE PROFISSIONAIS RECÉM-FORMADOS

Entre os últimos dias 5 e 7 de março ocorreu o I Encontro de Profissionais Recém-Formados, organizado pela Seti, que reuniu grande parte dos egressos dos projetos do Universidade Sem Fronteiras, em Faxinal do Céu - PR.

Na ocasião foi possível conhecer como os outros projetos funcionam, o que propiciou a troca de experiências e ideias, que culmina numa interação benéfica tanto para o egresso quanto para o projeto em si, que visto por um ângulo diferente, o de outros egressos, pode absorver novas ideias.

Além disso, pudemos ouvir a secretária de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Lygia Pupatto, um representante dos egressos, que havia atuado como bolsista em seu projeto anteriormente, um dos coordenadores de projetos e um das comunidades atendidas pelo USF, debatendo sobre o programa.

DSC02673 Debate realizado no Auditório Rubens Corrêa

A palestra da professora Ileizi Fiorelli Silva, sobre direitos sociais e cidadania, além de oficinas e grupos temáticos completaram a programação do evento, que funcionou como um modo de discussão das dificuldades e conquistas do programa Universidade Sem Fronteiras.

OgAAANIj1Dpw-PXT2bDEwLizRGzG0mts3LKg_rLqIxTk0OjIbvu54nuHviWYR8Qv-aLr5c29qs7stzy6wexyWkQ5JjUAm1T1UBwRO5glSlxkVzLHQN1RP9oeBDnr

Katrym

10 de março de 2010

A FITA BRANCA


Uma das maiores dificuldades encontradas no ensino e na aprendizagem da História, tanto nos bancos escolares como fora deles por pessoas que demonstram interesse pela área, são a memorização de datas, nomes e fatos. Não existe uma problematização dos acontecimentos ou um estudo sobre o contexto dos fatos. Os fatos são tratados de maneira isolada, como se fosse possível acontecerem sem nenhuma carga econômica, social e cultural que os antecederam e influenciaram. Os grandes nomes também são lembrados como os únicos responsáveis por determinado acontecimento, como se tivessem um poder divino de realizarem o que desejam.
Nomes que logo nos vem a cabeça, por exemplo, são a princesa Isabel, conhecida como libertadora dos escravos, Dom Pedro I, lembrado como proclamador da Independência do Brasil, e Adolf Hitler, imortalizado como responsonsável pelo nazismo.
É claro que, esses personagens tiveram extrema importância nos acontecimentos citados acima, mas o que não pode acontecer é nomea-los como únicos responsáveis por determinados fatos. É preciso que se entenda todo o contexto por que se passava a sociedade onde ocorreram tais acontecimentos.
O filme A fita branca, do diretor austríaco Michael Haneke, indicado ao último oscar como melhor filme estrangeiro trata desta questão. Em seu longa, Haneke procura explicar o origem do nazismo e do holocausto alemão, contando a história de um vilarejo antes da Primeira Guerra Mundial. A paz do local é ameaçada por crimes horripilantes que, posteriormente são relacionados as crianças da vila. Haneke relaciona a violência cometida por estas ao sistema extremamente duro em que viviam. Uma relação familiar extremamente autoritária, patriarcal, violenta e repressora é mostrada no interior das casas e da vida privada.
A ideia do diretor é mostrar como essa geração que cresceu com esses sentimentos e comportamentos aderiu a causa do nazismo anos depois, vendo em Hitler um pai que os apoiaria.
Com certeza não podemos assistir ao filme e entendê-lo como o decifrador da causa do nazismo. Existem várias críticas a serem feitas, é preciso que se analise também outros lados da ascensão desse tipo de regime ditatorial, como o econômico, por exempo. Outra crítica é que não se pode transportar comportamentos individuais, como de uma criança que foi reprimida e violentada e transfere esses traumas para a vida adulta, para uma sociedade toda, como faz o filme. Porém, apesar desses apontamentos o filme é um ótimo exemplo para mostrar que a história não se faz com grandes nomes ou fatos, resultantes de vontades individuais, e sim que estes acontecem a partir de grandes contextos e influências.

Amanda Cieslak Kapp

8 de março de 2010

Guerra ao Terror é o grande vencedor do Oscar

A premiação do Oscar 2010 teve como destaque a "disputa caseira" entre James Cameron e Kathryn Bigelow, como foi salientada na postagem prévia do oscar aqui no blog. No embate entre Avatar e suas cifras milionárias, contra o autoral Guerra ao Terror, a academia preferenciou o segundo, que levou entre outros, as duas estatuetas mais disputadas da noite - melhor filme e direção.
Nada melhor que no dia internacional da mulher, pela primeira vez uma receber o prêmio de melhor direção no Oscar.
No decorrer das premiações, filmes como Preciosa, UP- Altas Aventuras e Bastardo Inglórios receberam estatuetas, conforme mencionado na postagem anterior. Abaixo os todos os indicados em cada categoria e seus respectivos vencedores.

Melhor Filme

Melhor Diretor

Melhor Ator

Ator Coadjuvante

Melhor Atriz

Melhor Atriz Coadjuvante

Melhor Roteiro Adaptado

Melhor Roteiro Original

Melhor Animação Longa-Metragem

Melhor Animação Curta-Metragem

  • Logorama (sem previsão de exibição no Brasil)
  • French Roast (sem previsão de exibição no Brasil)
  • Granny O´Grimn´s Sleeping Beauty (sem previsão de exibição no Brasil)
  • The Lady and the Reaper (La Dama e la Muerte) (sem previsão de exibição no Brasil)
  • A Matter of Loaf and Death (sem previsão de exibição no Brasil)

Melhor Filme Estrangeiro

Melhor Documentário Longa-Metragem

  • The Cove (sem previsão de estreia no Brasil)
  • Burma Vj (sem previsão de estreia no Brasil)
  • Food Inc. (sem previsão de estreia no Brasil)
  • The Most Dangerous Man In America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers (sem previsão de estreia no Brasil)
  • Which Way Home (sem previsão de estreia no Brasil)

Melhor Documentário Curta-Metragem

  • Music by Prudence (sem previsão de exibição no Brasil)
  • Province (sem previsão de exibição no Brasil)
  • The Last Campaign of Governos Booth Gardner (sem previsão de exibição no Brasil)
  • The Last Truck: Closing of a GM Plant (sem previsão de exibição no Brasil)
  • Rabbit à la Berlin (sem previsão de exibição no Brasil)

Melhor Curta-Metragem

  • The New Tenants (sem previsão de exibição no Brasil)
  • The Door (sem previsão de exibição no Brasil)
  • Instead of Abracadabra (sem previsão de exibição no Brasil)
  • Kavi (sem previsão de exibição no Brasil)
  • Miracle Fish (sem previsão de exibição no Brasil)

Melhor Direção de Arte

Melhor Fotografia

Melhor Figurino

Melhor Montagem

Melhor Trilha Sonora Original

Melhor Canção Original

Melhor Edição de Som

Melhor Mixagem de Som

Melhores Efeitos Especiais

Melhor Maquiagem

  • Star Trek (já disponível em DVD e Blu-ray)
  • Il Divo (sem previsão de estreia no Brasil)
  • The Young Victoria (sem previsão de estreia no Brasil)

créditos: listagem de selecionados e premiados Omelete - http://www.omelete.com.br


Bruno Scuissiatto

7 de março de 2010

Oscar 2010: uma disputa caseira


Quando o relógio marcar próximo ás 2 horas (horário de Brasília) saberemos quem serão os vencedores do Oscar 2010. Entre as 24 categorias concorrentes, algumas chamam atenção. Começando pela mega-produção Avatar, que já acumulou aproximadamente U$$ 2,5 bilhões de bilheteria. Como principal adversário pelas estatuetas entregues no Kodak Theater em Hollywood, o filme de James Cameron vai ter pela frente uma produção contrária a sua. Guerra ao Terror é uma película que trata da Guerra no Iraque, episódio factual desde a tomada por tropas americanas no país em meados de 2002. Além disso, está ao avesso dos blockbusters, tendo em sua estrutura fílmica traços de um filme autoral e alternativo. Outro detalhe, este mais pitoresco, que coloca Avatar em embate com Guerra ao Terror é o fato de Kathryn Bigelow, diretora da produção bélica ser ex-esposa de Cameron.

Se por um lado os dois longas traçam uma disputa acirrada na briga por prêmios em: filme, diretor, fotografia, montagem, trilha sonora e edição de som, em categorias importantes no campo das interpretações apenas o ator Jeremy Renner de Guerra ao Terror disputa o prêmio de melhor ator.

Uma das coisas que chamam atenção nos indicados deste Oscar é a ausência de muitos nomes consagrados do cinema na categoria direção, com exceção de Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios) já destacado diretor em sua cinebiografia. Aliás, esse filme de Tarantino é um que postula como concorrentes em várias categorias, incluindo melhor filme, diretor, ator coadjuvante, roteiro original, fotografia e edição de som.

Perante a critica especializada o drama Preciosa – Uma história de Esperança pode ser uma das surpresas da noite e deverá ter ao seu lado o longa de ficção cientifica Distrito 9 que está na ponta na categoria melhor roteiro adaptado.

A animação UP- Altas Aventuras da Disney Pixar é favorita para ganhar a estatueta de melhor animação em longa metragem. Em uma premiação em que dois filmes detém destoam de certa forma do restante, rostos conhecidos como Sandra Bullock – Um Sonho Impossível, Meryl Streep – Julie & Julia, Penélope Cruz – Nine, George Clooney – Amor sem Escalas, Morgan Freeman e Matt Damon do excelente Invictus serão premiados em uma festa com ares domésticos entre Kathryn e Cameron.


Bruno Scuissiatto


6 de março de 2010

Sabe quando você adora um filme tido como ruim?


E o tempo passa você entra na faculdade, começa a estudar história das religiões e filosofia das religiões e aí descobri que o filme é melhor do que você mesmo acreditava?!! Bom, se você não sabe como é eu sei. E faço deste post um tributo redentor a um de meus filmes favoritos:
‘O 13º guerreiro’ foi lançado em 1999, mas teve suas gravações iniciadas em 1997, passando por diversos problemas, como mudanças no roteiro e a troca do realizador do filme. Com todos os problemas, teve uma despesa de aproximadamente 160 milhões, e um fracasso de bilheteria em apenas 61 milhões em torno do mundo, ou seja, prejuízo de aproximadamente 100 milhões. Um desastre de filme, taxado à época pela crítica da veja como “cenas épicas em meio a um clip do sepultura”…
Este desastre da indústria cinematográfica foi baseado no relato do viajante árabe Ibn Fadlan, que no século X da Era Cristã percorreu o leito do rio Volga (hoje Rússia), entrou em contato com os conquistadores vikings oriundos da atual Suécia e que exercíam domínio sobre a região. Os relatos deixados por Ibn Fadlan nos fornecem amplas descrições de costumes políticos, religiosos e sociais enfim da cultura viking. O filme chega a retratar com certa semelhança o funeral de um rei e sacrifício da donzela que com ele deveria alcançar o Valhalla, primando por representar a cena livre de esteriótipos como a barbarização daquela cultura.
O roteiro do filme também se inspira no épico anglo-saxão Beowulf, cuja origem é escandinava e narra a aventura do herói (Beowulf) para livrar o reino da Dinamarca do monstro Grendel. Para tanto, é inserido no roteiro o personagem Buliwyf, que encarna o herói da história, se propondo a uma jornada do Volga até a Suécia a fim de livrar a região de um mal incomensurável, a ele se unem outros 11 guerreiros, e por uma predição do oráculo, ibn Fadlan, se torna, no filme, o 13º guerreiro, e é forçado a empreender a aventura. Um poeta, da civilização e do monoteísmo que aprende a ser um guerreiro bárbaro lutando contra seres míticos.
Ao chegar, os 13 guerreiros descobrem que o grande mal se trata dos Vendol, criaturas tidas como sobrenaturais, monstros metade ursos, metade humanos, que assassinam, mutilam e devoram suas vítimas. Aparecem quando há neblina e com eles vem uma gigantesca serpente de fogo. Os heróis estão diante de um inimigo presente na mitologia viking, e estranhamente, é com a ajuda da sabedoria da religião praticada então, aliada à visão de fora daquela sociedade que simboliza Ibn Fadlan, que vão descobrir a forma de derrotar o inimigo.
O filme não é maravilhoso só por retratar com naturalidade o paradigma distante da civilização desparecida dos vikings, mas também por representar no inimigo o paradigma cultural dos antepassados daqueles. Deixe eu explicar: Os Vendol são na verdade uma população de cultura neolítica, na qual existem aspectos da cultura paleolítica, especialmente em sua religião. Eles cultuam a Terra mater, vivem num mundo onde tudo é sagrado, desde a natureza até suas existências e todo o seu cotidiano.
Tanto é assim que vivem dentro de cavernas (o útero da deusa terra), e se vestem com carcaças de ursos, numa incorporação xamânica, que tem sua sobrevivência na cultura viking através dos Berserkirs, guerreiros que lutavam nus, portando apenas carcaças de lobos, imbuídos pelo deus Odin de uma fúria sagrada. São uma cultura tentando sobreviver em meio à “evolução” da humanidade, disputando território como qualquer outra sociedade faz até hoje.
O 13º guerreiro confronta, assim, os vikings com seus antepassados mais distantes, e expõe toda a incompreensão mútua que há entre duas culturas distintas. Uma das cenas mais significativas do filme é a última batalha em que o herói viking Buliwyf se confronta com o herói e líder dos Vendol. Antes de morrer Buliwyf entoa sua passagem ao outro-mundo conforme o costume. Ele diz:
“Abaixo, eu vejo meu pai,
Abaixo, eu vejo minha mãe,
E meus irmãos e minhas irmãs
E toda a minha linhagem de antepassados, desde o início.
E eles me chamam para tomar meu lugar junto a eles
Nos salões do Valhalla, onde os bravos vivem para sempre.”
Buliwyf não fazia idéia do quanto era real seu encontro com os antepassados…
Se alguém tiver curiosidade em ver umas cenas épicas em meio a um clipe do sepultura, este link mostra a cena da batalha e morte dos heróis:
http://www.youtube.com/watch?v=fhm7DMvapGA&NR=1

Ana Elisa