10 de março de 2010

A FITA BRANCA


Uma das maiores dificuldades encontradas no ensino e na aprendizagem da História, tanto nos bancos escolares como fora deles por pessoas que demonstram interesse pela área, são a memorização de datas, nomes e fatos. Não existe uma problematização dos acontecimentos ou um estudo sobre o contexto dos fatos. Os fatos são tratados de maneira isolada, como se fosse possível acontecerem sem nenhuma carga econômica, social e cultural que os antecederam e influenciaram. Os grandes nomes também são lembrados como os únicos responsáveis por determinado acontecimento, como se tivessem um poder divino de realizarem o que desejam.
Nomes que logo nos vem a cabeça, por exemplo, são a princesa Isabel, conhecida como libertadora dos escravos, Dom Pedro I, lembrado como proclamador da Independência do Brasil, e Adolf Hitler, imortalizado como responsonsável pelo nazismo.
É claro que, esses personagens tiveram extrema importância nos acontecimentos citados acima, mas o que não pode acontecer é nomea-los como únicos responsáveis por determinados fatos. É preciso que se entenda todo o contexto por que se passava a sociedade onde ocorreram tais acontecimentos.
O filme A fita branca, do diretor austríaco Michael Haneke, indicado ao último oscar como melhor filme estrangeiro trata desta questão. Em seu longa, Haneke procura explicar o origem do nazismo e do holocausto alemão, contando a história de um vilarejo antes da Primeira Guerra Mundial. A paz do local é ameaçada por crimes horripilantes que, posteriormente são relacionados as crianças da vila. Haneke relaciona a violência cometida por estas ao sistema extremamente duro em que viviam. Uma relação familiar extremamente autoritária, patriarcal, violenta e repressora é mostrada no interior das casas e da vida privada.
A ideia do diretor é mostrar como essa geração que cresceu com esses sentimentos e comportamentos aderiu a causa do nazismo anos depois, vendo em Hitler um pai que os apoiaria.
Com certeza não podemos assistir ao filme e entendê-lo como o decifrador da causa do nazismo. Existem várias críticas a serem feitas, é preciso que se analise também outros lados da ascensão desse tipo de regime ditatorial, como o econômico, por exempo. Outra crítica é que não se pode transportar comportamentos individuais, como de uma criança que foi reprimida e violentada e transfere esses traumas para a vida adulta, para uma sociedade toda, como faz o filme. Porém, apesar desses apontamentos o filme é um ótimo exemplo para mostrar que a história não se faz com grandes nomes ou fatos, resultantes de vontades individuais, e sim que estes acontecem a partir de grandes contextos e influências.

Amanda Cieslak Kapp

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