24 de março de 2010

Amour

Amour’ é a palavra da língua francesa que significa ‘amor’. Sua provável origem é da literatura medieval, mais especificamente a Matéria da Bretanha, que incluía a produção trovadoresca. O trovador, ou troubadour, era o poeta lírico que habitava as cortes do sul da França, além de desenvolverem um estilo literário próprio, em verso, composto para ser declamado, ajudaram no desenvolvimento da língua d’Oil, de forte influência sobre o que veio a ser a língua francesa.

A literatura trovadoresca expressa vários âmbitos da cultura medieval como as classes sociais, a conduta rotineira que estas deveriam tomar, o papel dos gêneros, e todo o imaginário em torno do universo habitado pelo ser medievo, como a sua geografia e epifanias do cristianismo e das crenças populares de cunho pagão.

No contexto desta sociedade o amor possuía vários conceitos, denotando uma crise identitária quanto à conduta imposta pela religião. A instituição católica medieval via o amor com desconfiança, era um sentimento que devia ser tomado com cautela, mesmo entre marido e mulher, uma vez que o afeto, de acordo com a etiqueta não podia ser demonstrado em público, e a união sexual devia ser um ato sagrado de multiplicação, e não simbolizar a concretude do amor.

Assim a literatura trovadoresca expressa como fine amour mantinha os amantes em segredo, conferindo mistério à narração e tornando o encontro dos amantes em momentos apoteóticos da história, que geralmente se consumavam com juras de amor e beijos nas faces e lábios, carregados de ansiedade e sofrimento. As regras da sociedade são, então, parte fundamental no enredo, mostram aquilo que o poeta queria ultrapassar, modificar, mas a que não se atreve.

É assim que a literatura medieval se torna repleta de relacionamentos que dispensam o matrimônio ou que o ultrajam com o adultério, como fazem Tristão e Isolda, Lancelote e Guinevere. É também a possibilidade de transpor as classes sociais como em Aucassin e Nicolette, o amor entre um cavaleiro nobre e uma escrava.

O protagonista da literatura trovadoresca é o ideal de homem, o cavaleiro, no entanto, ele transpõe algumas normas, na medida em que sua fidelidade se deve à dama e não mais ao suserano. Pode-se dizer, que é a dama a suserana, e o cavaleiro seu vassalo, corajoso, leal e generoso, submisso ao amor e à amada. E ela é a idealização do feminino, discreta, resguardada, doce e amorosa.

Glossário do Amour:

Amor cortês: Expressão criada por Gaston Paris em 1883, no auge do romantismo, para designar o amor perfeito, o fine amour

Fine Amour: ou vraie amour, o amor perfeito, depurado como o ouro mais fino.

Fole Amour: O amor culpado, desonroso

Druerie: um presente de amor, ou o próprio amor.

Ana Elisa

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