31 de dezembro de 2008

Enciclopédia Online

É tão bom sabermos que há pessoas interessadas na divulgação de arte e cultura, por isso, fiquei muito contente de saber de mais uma iniciativa na área.

O Itaú Cultural possui uma enciclopédia online com diversas informações relativas à cultura brasileira. Na Ilustrada online de hoje, a notícia de uma enciclopédia do teatro brasileiro me chamou a atenção e fui atrás do site.

Muito mais que informações sobre o teatro (a enciclopédia traz um histórico do teatro brasileiro dos últimos 60 anos), há ainda a enciclopédia de artes visuais, com três mil verbetes, e de literatura brasileira, em que podemos consultar biografias de autores e críticos, trechos de obras e vídeos com depoimentos dos escritores e leituras de algumas obras. O mecanismo de busca nos permite encontrar matérias, notícias, dissertações, vídeos etc. Há ainda a encilopédia de arte e tecnologia, que incorpora o conteúdo da revista Cibercultura. Nesse espaço, além de fazer consutas, o usuário pode participar criando e alterando verbetes.

O acesso é gratuido e não é necessário fazer cadastro para utilizar o site.

Segundo a Ilustrada, o Itaú Cultural pretende lançar também a enciclopédia do cinema nos próximos anos.

Vale a pena conferir:
http://www.itaucultural.org.br/

Os desejos de ótimo 2009, com muita literatura e muito cinema!

Angelis

29 de dezembro de 2008

Feliz Livro Novo!

Relendo alguns textos de Eça de Queirós e Machado de Assis, vemos que já no século XIX esses autores se preocupavam em retratar e criticar os comportamentos de determinada classe social, os burgueses. A classe que surgiu na Europa com o desenvolvimento do comércio evoluiu até alcançar poder para dominar as demais classes.

O dicionário Houaiss define burguês como “que ou o que demonstra contar com horizontes estreitos: ser antiprogressista, preconceituoso, reacionário, ou nada entender das coisas do bom gosto e da arte, ou ter inquinações e sentimentos pouco elevados (todos considerados como características dos burgueses)”

A burguesia que Machado e Eça apresentavam está bem de acordo com a definição do Houaiss. Todos os componentes dessa classe estabeleciam suas bases no cultivo de uma aparência freqüentemente forjada. O que importava para as personagens burguesas era parecer rico, parecer saudável, parecer culto. Não era necessário ler, mas ter livros. Não era necessário ter dinheiro, mas estar sempre bem vestido e possuir as novas tecnologias. Importava ter uma esposa que fosse bem apessoada, não amá-la e respeitá-la. As mulheres eram moeda de troca.

Nessa época de Natal e Ano Novo, logo se ouve falar em reflexão, organização, mudanças, planos... Reflete-se, organiza-se, muda-se, mas muitos dos planos que fazemos ficam para trás.

Do século XIX até hoje já se foram mais de 100 natais e 100 fins e inícios de anos. Quais foram as mudanças? A busca ininterrupta por uma aparência e por bens materiais? Qual a profundidade dos relacionamentos de hoje? Talvez a mudança tenha sido apenas nos objetos de nosso desejo. Mudou-se a moda.

Quantos natais e fins de ano serão necessários para que realmente se opere alguma mudança?
Será necessária alguma leitura para que haja transformação. Alguém já disse que uma das funções da arte é provocar a reflexão no leitor e operar a mudança em suas vidas. De nada adianta desejar um Feliz Ano Novo se ele for apenas igual a este velho que já se vai, então, Feliz Livro Novo, porque este trará alguma alegria e esperança.

Angelis Cristina Soistak

23 de dezembro de 2008

As (nossas) discussões de cada dia


Não raras vezes nos vemos diante do embate, o que seria melhor – livro ou filme. No ensejo dessas discussões percebemos que grandes bilheterias do cinema nacional em sua última década, foram buscar inspiração nas páginas de livros - Carandiru (2002), Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007) são exemplos clássicos do estreitamento entre literatura e cinema. Não podendo deixar de relatar que anterior a essa fase após a reabertura do cinema novo, tivemos outros filmes brasileiros frutos de adaptações da literatura, inclusive o líder da bilheteria do cinema nacional de todos os tempos com 10 milhões de expectadores – Dona Flor e seus dois Maridos adaptação do romance de Jorge Amado e levado ao cinema pelo diretor Bruno Barreto em 1976. Porém, o que leva as pessoas a discutirem o que seria melhor, um livro ou um filme? Talvez o indigesto nessas discussões seja o gosto pessoal de cada um. O que é válido, afinal uma obra é voltada para o público, seja ela literária ou cinematográfica. É o publico que vai fazer da produção sucesso ou fracasso. É ele que vai divulgar coletivamente a obra .
Bem, voltando ao principio da postagem, por mais que exista um estreitamento entre literatura e cinema, ambos possuem linguagens diferentes, cada uma se valendo de peculiaridades. Enquanto as páginas romanescas contam histórias narradas em páginas e mais páginas e descrevem cenários no silêncio da leitura o filme é visual, tem duração comum de 100 a 180 minutos e as ações construídas são debruçadas em sons, imagens e interpretações. Imaginem uma página de um romance em que o narrador relate que um dos personagens esteja sentado em um café na espera de ser atendido. Na espera enquanto fuma um cigarro chega um homem desconhecido. Provavelmente enquanto o leitor estiver lendo, as imagens serão imaginadas de diferentes formas em cada um. Agora, passemos da leitura para a adaptação do cinema para o mesmo trecho. A cena vai começar a mostrar o café pelos quadros que decoram as paredes, a imagem vai fazer uma tomada pelas pernas dos personagens, aparecerá uma atendente e somente após alguns segundos o personagem que fuma na espera do café vai aparecer. O homem desconhecido vai aparecer e lhe confundir com um amigo, ex-combatente de guerra do exercito alemão. As interpretações serão próximas de serem iguais no segundo caso, não que não possamos encontrar visões diferentes desta mesma cena.
O terreno das adaptações é arenoso e produzir filmes fiéis as páginas escritas de um romance pode torna-se exaustivo demais em uma película de no máximo três horas, além de não privilegiar os traços do trabalho de roteiristas e diretores.
As discussões nossas de cada dia em torno deste embate entre o que seria melhor – literatura ou cinema, por mais que tratem de linguagens diferentes estão longe de acabar. Babenco, Meirelles, Padilha, nós e tantos outros sabemos muito bem disso.

Bruno Scuissiatto

19 de dezembro de 2008

Saudações comunidade transtornada

Este ano foi o ano da conquista, da conquista de muitos sorrisos, risadas, sonhos, amigos, mudanças, que foi a senha para o progresso, enfim muitas conquistas e epifanias. Para isso, parti do meu pressuposto amor pela Literatura e pelos alunos queridos do Colégio Duque de Caxias.
A viagem longa para chegar a São Mateus e o cansaço sempre foram compensados pela chegada na cidade calorosa e por seus habitantes queridos e simpáticos. Quando entrava na sala de aula e “dava de cara” com todos aqueles alunos a minha frente que pensavam por vezes: “Quem é esta pessoa?”, “O que será que ela pensa que está fazendo?”, “É um pouco louca!”...Entre tantas expressões que imaginava e ouvia, me sentia extremamente feliz e empolgada.
Amo a profissão, amo o projeto, amo o objeto de estudo e amo aqueles que sem eles nada seria concretizado: alunos duquecaxianos. A literatura é uma arte e uma mãe, com ela tenho um olhar otimista sobre a vida, posso embarcar em inúmeras jornadas, ver cachorros narrando histórias, histórias mal assombradas, morais, dramas psicológicos (meus favoritos) e, o melhor de tudo, posso criar. Ah, a criatividade, que move a criação, embora soe um pouco estranho.
Cinema, ah! O cinema, a sétima arte notavelmente notável (?!). Eis outra grande paixão que me causa “Gritos e Sussurros”...
Pois bem, embora sempre me chamem de aluada, sonhadora, utopista, idealista, continuarei lutando por um lugar, pela humanização, pelo ensino não repressivo e pela colaboração na valorização da profissão e da Literatura Brasileira esquecida, normalmente, em gavetas e estantes por aí...
Como diria Leminski:

Não discuto
Com o destino

O que pintar
EU ASSINO

Agradeço a todos os alunos que participaram do Festival, da equipe do colégio que tão bem nos receberam, a todos do projeto. Fico por aqui pois, como diz o autor, “Quanto maior o repertório, menor o auditório.” (Leminski)
Boas Férias
Abraços longos e apertados
Ana Carla

18 de dezembro de 2008

O evento cultural do ano

Gente,

Essa semana tivemos mais um motivo para nos orgulharmos da UEPG. As vezes não nos damos conta de quantas coisas legais acontecem por aqui.

Uma pesquisa realizada pela Aplicef entre 15 e 30 de novembro em Ponta Grossa apontou o FENATA como "o evento cultural do ano". Não podia ser diferente, visto que a primera edição do evento aconteceu em 1973 e, esse ano, tivemos o 36º FENATA.

Além disso, o evento conta com mais de 650 grupos de teatro de todo o país, que movimentam a cidade no mês de novembro trazendo peças de várias categorias, com apresentações em teatro, nas ruas, em hospitais e escolas, promovendo um debate sobre o papel das artes cênicas e formando um público para o teatro (que vai desde as crianças até a terceira idade).

Dessa forma, podemos bem entender a proporção do evento e a justificativa para esta premiação. No próximo ano será o FUC? A UEPG tem sim muitas coisas boas!

Confiram a notícia da premiação e a página do FENATA:

http://www.tibagi.uepg.br/uepgnoticias/noticia.asp?Page=6002
http://www.uepg.br/fenata/

Angelis

12 de dezembro de 2008

RESULTADO Festival de Literatura e Cinema

Pessoal,

Segue aí a lista dos grupos votados no Festival de Literatura e Cinema e a quantidade de votos.


1º Música (2°C) = 33

2º Bonecos de barro (3° B) = 28

3º Capitalismo (1ºB) = 19

4º Jorge Furtado (1ºB) = 18

5º Coração denunciador (2° D) = 14

6º Grande sertão: veredas (3°D) = 11
História do Cinema (1°C) = 11
Fernando Pessoa: Heterônimos (3°B) = 11

7º Escritores São-mateuenses (2°A) = 10

8º Romanceiro da Inconfidência (2°A) = 08

9º Inconfidência Mineira (2°B) = 07
Salvador Dali e o surrealismo (2°F) = 07

10º Busque amor novas artes, novo engenho (1°D) = 06
Trechos de autores conhecidos (2°A) = 06
Personagens históricos do ator José Wilker (2°B) = 06
O cinema na ditadura (2°B)= 06
Carlos Drummond de Andrade (1°C) = 06

11º Conceitos de liberdade (1°B) = 04
A vida de Camões (1°D) = 04
Mitos e lendas populares (1°C) = 04

12º Sir Charles Spencer Chaplin (1°A) = 02
Imagine (1°A) = 02

13º Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (1°D) = 01
A vida de Idi Amin Dada (3°E) = 01


Pedimos desculpas pela demora na divulgação oficial do resultado e sentimos muito pelo problema que tivemos hoje na vinda dos premiados para a cidade de Ponta Grossa. Fazemos questão de que esta premiação aconteça e, para isso, faremos contato com vocês no próximo ano.

Além disso, agradecemos a toda a cidade de São Mateus do Sul, que recebeu muito bem a nossa equipe, ao Hotel Sada's, à Panificadora Pão Quente, à Secretaria de Educação e, em especial aos alunos, professores, e equipe pedagógica dos colégios Duque de Caxias e São Mateus.

Abraço a todos!

Angelis

Resultado da seleção de novo bolsista

1º LUGAR
Amanda Cieslak Kapp


SUPLENTES

2º LUGAR
Cristiane Nunes Borges
3º LUGAR

Carolina Batista Molina

10 de dezembro de 2008

"Cultura e Consumo"

De modo geral, quando pensamos em Literatura não pensamos em mercado ou no lucro que os autores recebem pelos seus livros, como se, por ser uma forma de arte, fosse algo elevado a ponto de não vermos os livros como produtos ou como algo ligado ao mundo financeiro.

Há cerca de um mês, na aula da professora da UFPR, Patrícia Cardoso, acabamos entrando no assunto de consumismo (sempre inspirados pelos estudos da burguesia), pirataria etc. Por que as mulheres compram sapatos, bolsas e relógios? Por que homens gostam de comprar eletrônicos? Por que nós, estudantes e admiradores das Letras, compramos livros ao invés de consultá-los numa biblioteca? Salvo raras exceções, temos acesso aos livros que precisamos ler nas bibliotecas públicas ou da universidade.

Na verdade, comprar livros é como comprar uma bolsa Armani ou computador de última geração. É um impulso consumista. Gostamos de exibir nossas pequenas bibliotecas. Fazemos questão de TER as obras completas de determinado autor. É isso que movimenta o mercado literário.

Hoje, por acaso, me deparei com uma reportagem na Ilustrada online, que transcrevo:


"Livro é produto cultural como qualquer outro", diz Cristovão Tezza
DAYANNE MIKEVISPAULA CARVALHO da Folha Online


O escritor Cristovão Tezza, grande vencedor das premiações literárias deste ano com o livro "O Filho Eterno", afirmou que o livro é um produto cultural como qualquer outro e pontuou que veio de uma época na qual os escritores se viam como à parte do mercado.

"O livro é um produto cultural como qualquer outro", afirmou Tezza, que ainda disse que a circulação do livro como objeto melhorou significativamente". Tezza exemplificou o interesse que o produto atrai ao comentar os investimentos estrangeiros no setor no Brasil.

As afirmações ocorreram durante o debate "Cultura e Consumo" começou nesta terça-feira no auditório do Masp, em São Paulo. Abertura do evento, que é parte das ações pelos 50 anos da Ilustrada, foi feita por Alcino Leite Neto, ex-editor do caderno e do "Mais!" e atual editor de Moda.

Além do escritor, participam da mesa o psicanalista Contardo Calligaris, o cineasta José Padilha e o cantor Lobão.

"Literatura sempre foi sentida por mim, ou por parte da minha geração, como uma linguagem que não se enquadra", afirmou Tezza, quando comentou sobre a relação inicial dos artistas com o mercado.

Calligaris

Calligaris afirmou que o consumo possibilita a diversidade cultural e mobilidade social.
O colunista da Ilustrada disse que a idéia comum é que o consumo seja uma coisa ruim, mas o contrário de consumo são restrições de acesso a produtos a certas classes sociais.
"Nem toda cultura popular é porcaria ou alienante. A cultura popular é o que se oferece mundo afora", declarou Calligaris, que ainda acrescentou que cultura e mercado não são princípios contraditórios.

Lobão

Lobão defendeu que o dinheiro esteve presente em grandes manifestações artísticas. "Se a gente não toca no rádio, a gente não existe, e a gente não vira trilha sonora de uma geração", afirmou.
"Em todo transcorrer da arte houve grana e houve muita grana", disse o cantor ao mencionar um exemplo sobre o escultor, pintor e cientista Leonardo da Vinci.
Lobão também disse que as gravadoras devem ter um papel remodelado e que não é confortável que estejam nas mãos em que estão, mas que elas têm um papel e não devem se extinguir, já que possuem uma função importante de colocar novos nomes no mercado.

José Padilha

O cineasta José Padilha considerou que para refletir sobre cultura e consumo é preciso definir melhor os significados dos dois termos.
"Segundo os antropólogos, hábitos de consumo fazem parte da cultura de sociedade", explicou.
O diretor de "Tropa de Elite" ainda comentou que uma sociedade sem mercado, há menos liberdade. "Livro é produto cultural como qualquer outro", diz Cristovão Tezza

5 de dezembro de 2008

Lançamento de "A viagem do elefante", de Saramago

Pessoal,

Como todos sabem, na semana passada estive em São Paulo no lançamento do novo livro do Saramago, "A viagem do elefante".

Sim, o livro é muito interessante, embora, como o próprio autor comentou, não seja seu melhor livro, mas também esteja longe de ser o pior.

No momento do lançamento, me senti muito triste ao ver o quanto Saramago está fragilizado. Mesmo nessa condição, ele fez uma fala belíssima sobre a produção do livro e, por vezes, "fugindo do assunto", sobre sua vida, sua doença recente e seu relacionamento com Pilar, que também fez uma fala muito legal.

De modo geral, a fala de Saramago falou sobre a escrita, sobre o processo de escrever e sobre a função e a profissão de escritor.

Outras boas surpresas foram encontrar, no mesmo evento, a escritora Lygia Fagundes Telles (O seminário dos ratos) e a atriz Sandra Corveloni, premiada no Cannes como melhor atriz pelo filme "Linha de passe".

Bem, felizmente consegui o autógrafo e a foto com Saramago (mas a única que ficou boa foi a do abraço). Apenas lamento que as pessoas tenham saído no meio da fala do autor para garantir seu autógrafo (limitado a 150 pessoas), como se este fosse a única razão para a ida ao lançamento. Fui a 143 da fila, mas valeu a pena!

Lamento também não ter estado em São Paulo um dia antes, para a fala de Fernando Meirelles sobre o filme "Ensaio sobre a cegueira" e um dia depois para conferir a exposição sobre Saramago no Instituto Tomie Ohtake.

Para ter acesso a alguas imagens da exposição sobre o autor basta acessar o link http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/p_20081127-saramago1.shtml da folha de São Paulo.
Até,
Angelis