10 de dezembro de 2008

"Cultura e Consumo"

De modo geral, quando pensamos em Literatura não pensamos em mercado ou no lucro que os autores recebem pelos seus livros, como se, por ser uma forma de arte, fosse algo elevado a ponto de não vermos os livros como produtos ou como algo ligado ao mundo financeiro.

Há cerca de um mês, na aula da professora da UFPR, Patrícia Cardoso, acabamos entrando no assunto de consumismo (sempre inspirados pelos estudos da burguesia), pirataria etc. Por que as mulheres compram sapatos, bolsas e relógios? Por que homens gostam de comprar eletrônicos? Por que nós, estudantes e admiradores das Letras, compramos livros ao invés de consultá-los numa biblioteca? Salvo raras exceções, temos acesso aos livros que precisamos ler nas bibliotecas públicas ou da universidade.

Na verdade, comprar livros é como comprar uma bolsa Armani ou computador de última geração. É um impulso consumista. Gostamos de exibir nossas pequenas bibliotecas. Fazemos questão de TER as obras completas de determinado autor. É isso que movimenta o mercado literário.

Hoje, por acaso, me deparei com uma reportagem na Ilustrada online, que transcrevo:


"Livro é produto cultural como qualquer outro", diz Cristovão Tezza
DAYANNE MIKEVISPAULA CARVALHO da Folha Online


O escritor Cristovão Tezza, grande vencedor das premiações literárias deste ano com o livro "O Filho Eterno", afirmou que o livro é um produto cultural como qualquer outro e pontuou que veio de uma época na qual os escritores se viam como à parte do mercado.

"O livro é um produto cultural como qualquer outro", afirmou Tezza, que ainda disse que a circulação do livro como objeto melhorou significativamente". Tezza exemplificou o interesse que o produto atrai ao comentar os investimentos estrangeiros no setor no Brasil.

As afirmações ocorreram durante o debate "Cultura e Consumo" começou nesta terça-feira no auditório do Masp, em São Paulo. Abertura do evento, que é parte das ações pelos 50 anos da Ilustrada, foi feita por Alcino Leite Neto, ex-editor do caderno e do "Mais!" e atual editor de Moda.

Além do escritor, participam da mesa o psicanalista Contardo Calligaris, o cineasta José Padilha e o cantor Lobão.

"Literatura sempre foi sentida por mim, ou por parte da minha geração, como uma linguagem que não se enquadra", afirmou Tezza, quando comentou sobre a relação inicial dos artistas com o mercado.

Calligaris

Calligaris afirmou que o consumo possibilita a diversidade cultural e mobilidade social.
O colunista da Ilustrada disse que a idéia comum é que o consumo seja uma coisa ruim, mas o contrário de consumo são restrições de acesso a produtos a certas classes sociais.
"Nem toda cultura popular é porcaria ou alienante. A cultura popular é o que se oferece mundo afora", declarou Calligaris, que ainda acrescentou que cultura e mercado não são princípios contraditórios.

Lobão

Lobão defendeu que o dinheiro esteve presente em grandes manifestações artísticas. "Se a gente não toca no rádio, a gente não existe, e a gente não vira trilha sonora de uma geração", afirmou.
"Em todo transcorrer da arte houve grana e houve muita grana", disse o cantor ao mencionar um exemplo sobre o escultor, pintor e cientista Leonardo da Vinci.
Lobão também disse que as gravadoras devem ter um papel remodelado e que não é confortável que estejam nas mãos em que estão, mas que elas têm um papel e não devem se extinguir, já que possuem uma função importante de colocar novos nomes no mercado.

José Padilha

O cineasta José Padilha considerou que para refletir sobre cultura e consumo é preciso definir melhor os significados dos dois termos.
"Segundo os antropólogos, hábitos de consumo fazem parte da cultura de sociedade", explicou.
O diretor de "Tropa de Elite" ainda comentou que uma sociedade sem mercado, há menos liberdade. "Livro é produto cultural como qualquer outro", diz Cristovão Tezza

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