18 de outubro de 2010

Tropa de Elite II - a redenção

Apesar da última postagem do blog ter sido sobre o Tropa de Elite II, não pude deixar de prolongar um pouco mais a discussão sobre o filme, tamanha a repercussão deste na mídia, seu apelo comercial e o sucesso de alcance entre a população de modo geral.
Como já citado no texto anterior e nos comentários, quem foi ao cinema esperando por ação ou por cenas de violência constantes, como aquelas que estampam todos os dias os jornais sensacionalistas que derramam sangue saiu decepcionado ou, espera-se, tenha aproveitado o gasto com a entrada para (re) pensar sobre a temática do longa.
Além das questões referentes a produção, que já foram bem analisadas aqui, é preciso atentar para a densidade com que o filme se propôs a tratar a problemática do tráfico, desta vez não tratando-o como um problema isolado, passível de ser resolvido através da ação de um grupo de policiais treinados para eliminar um dos “males” que aflige a sociedade.
Vários problemas foram explorados e toda a extensa rede que permeia o tráfico, a favela, a mídia, a polícia, a política, os corruptos, o poder do Estado e os micro-poderes que regem nossas relações em sociedade a todo o momento e o questionamento natural que leva todo ser humano a indagações e crises, como a pelo qual passou o capital Nascimento, que até então parecia um herói de pedra inabalável, e não um homem de carne, osso e sentimentos, são retratados muito bem durante o longa, mostrando o quão complexo e contraditório é o sistema.
Todos os lados foram abordados e não houve uma limitação em estereotipar todos os políticos como corruptos, traficantes como vagabundos e criminosos e a totalidade da polícia como vendida.
Fica muito claro, pelas reações e comentários dos expectadores durante e após a sessão, o quanto as produções cinematográficas tem o poder de suscitar discussões e influenciar estas. Neste sentido, acredito que após a superficialidade da primeira produção, a segunda alcançou a redenção através de uma proposta bem elaborada e produzida.
Amanda

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