1 de junho de 2009

Entre cores e sons: a televisão com salvação.

A atriz Mayara Constantino, intérprete da personagem Thereza.


Quando falamos sobre a televisão brasileira, principalmente sobre a programação, omitimos muitas verdades. Quem nunca teve a sensação de vergonha, ao ser indagado a algum programa televisivo? Deixo de lado esta questão voltada ao infinito particular de cada um, para escrever sobre a temática atual da tv aberta no Brasil. Basta pegar o controle remoto e escorregar o dedo sobre ele, pronto: um infinito de programas na sua frente. Dentro destas infinidades, a maior parte se resume o entretenimento, até mesmo os programas jornalísticos de várias emissoras ingressaram nesta linha. Se antigamente o glamour televisivo estava restrito as novelas no formato preto e branco, a festivais populares de músicas, hoje, o glamour está na valorização da competição apelativa na busca da maior fatia da audiência. As emissoras entram em duelos homéricos, nas quais o resultado final normalmente é um inferno dantesco.
A margem de toda esta competição acirrada entre os maiores veículos televisivos brasileiros está a TV Cultura - Fundação Padre Anchieta de São Paulo, retransmitida a todo o país pelas tv´s educativas. Há quarenta anos “a FPA colabora com a cultura nacional e abre caminhos para ensinar, divertir, e cumprir a sua função no desenvolvimento social”.
Dentro da sua grade encontramos programas voltados para todos os públicos: Rá Tim Bum, Cocoricó, Roda Viva, Nossa Língua, Entrelinhas, Zoom, Metropolis, Cine Brasil, entre outros. A Tv Cultura privilegia todas as áreas do conhecimento, seus programas dialogam com a modernidade e com o passado concomitantemente. Assim, faz das suas produções, desde os voltados para o público infantil, interessantes e produtivos para nós adultos. A ampla relação dos programas da emissora com a literatura é algo fantástico, quando tratado do espaço cedido pelas outras. O espaço destinado ao cinema é muito forte, pois, com programas como o Zoom, temos profundidade nas matérias e, também a abertura dos conceitos que normalmente não são mostrados na televisão (roteiros, produções, co-produções), além da exibição de curtas-metragens.
Esta valorização de relacionar as mais significativas áreas da cultura com uma programação voltada para uma televisão aberta, valoriza ainda mais a forma como a TV Cultura se posiciona como divulgadora da arte em um país, em que ela muitas vezes é sucateada entre propagandas intermináveis.
A sugestão do momento é para a série Tudo que é Sólido Pode Derreter, um programa juvenil, produzido pela Ioiô Filmes em parceria com a Tv Cultura e com direção de Rafael Gomes. Abaixo a descrição da série.



Tudo o que é Sólido Pode Derreter é uma série juvenil que busca explorar de forma atraente e com bom muito humor o universo adolescente a partir do cotidiano de uma jovem, Thereza, que estuda na escola grandes obras da literatura de língua portuguesa, descobrindo e envolvendo-se com suas histórias.
Produzida pela Ioiô Filmes em parceria com a TV Cultura, a série é derivada do premiado curta-metragem de mesmo nome, dirigido por Rafael Gomes, que agora adapta a trama para uma construção dramatúrgica em capítulos.
O curta-metragem Tudo o que é sólido pode derreter é uma porta de entrada para o universo shakespeariano. Contando a história de uma garota de 15 anos que tem de estudar a peça Hamlet, de Shakespeare, justamente numa fase em que sua vida está em crise, o filme coloca numa mesma mistura, entre outros, a solidão e a angústia características da adolescência, a vida escolar e a dor da perda de um parente querido – tudo permeado pela descoberta de um clássico da literatura universal.
Assim, o curta acompanha a jornada de iniciação artística de uma garota inteligente e de vibrante vida interior. Conforme começa a compreender as inquietações do príncipe Hamlet, a protagonista passa a compartilhar de suas dores e, a partir delas, aprende a se fortalecer para a vida.
Tudo O Que É Sólido Pode Derreter, o filme, mostra como Hamlet pode dialogar com o público jovem da atualidade, traçando paralelos entre livro e vida e construindo uma crônica juvenil delicada e divertida, que mescla humor e drama para abordar o tema da transição para a idade adulta.
Tudo o Que É Sólido Pode Derreter, a série, visa adaptar essa premissa para uma construção dramatúrgica em capítulos. Terá a mesma jovem do filme como personagem fixa, descobrindo e envolvendo-se, a cada episódio, com uma obra importante da literatura de língua portuguesa, seja ela um romance, uma peça de teatro ou um poema.
Viajando por entre o O Auto da Barca do Inferno, Os Sermões, Os Lusíadas, Canção do Exílio, Senhora, Macário, Dom Casmurro, Ismália, Quadrilha, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, Quem Casa Quer Casa, O Guardador de Rebanhos e Macunaíma, a série dialoga com o público jovem da atualidade, traçando paralelos entre livro e vida e construindo uma crônica juvenil delicada e divertida, que mescla humor e drama para abordar o tema da transição para a idade adulta.
Durante cada um dos 13 episódios, acompanhamos a aproximação da adolescente à obra em questão, traçando paralelos lúdicos e sentimentais. São amplamente exploradas as possibilidades cênicas e dramáticas do encontro entre a realidade juvenil retratada e o vasto mundo ficcional presente na obra literária.
A série busca equilibrar um tom realista, de observação das dores e alegrias da personagem adolescente, e o lado fantasioso de encontro entre a vida real urbana com todo um universo ficcional distinto, que possibilita à mente jovem ousado voos associativos e imaginativos. Possui um ponto de vista bastante subjetivo. O espectador é sempre guiado pelo olhar da protagonista e a costura entre seu cotidiano e a obra por ela estudada se dá através do seu mundo e de seus sentimentos.
Para acompanhá-la nessa jornada pelo universo literário, Thereza conta com seus amigos Marcos, Letícia e João Felipe, sua rival, Dalila, seus pais, Marta e Décio, e a lembrança de seu falecido tio, Augusto.



A frase desligue a tv e vá ler um livro, neste caso podemos mudar para: ligue a tv e descubra livros.



Bruno.

1 comentários:

Unknown disse...

Muito boa a dica Bruno!