16 de julho de 2009

1984 e a História Oficial.

   O filme 1984, uma adaptação cinematográfica da clássica obra de George Orwell, escrita em 1948, já foi alvo e ainda é de múltiplas interpretações. A mais famosa e recorrente delas fala sobre a alusão que a obra faz aos  regimes totalitários.

   Porém outras análises são também possíveis. Na última vez em que assisti ao filme pensei na questão da História Oficial e da História Vivida. O que vivemos diariamente, em nosso cotidiano é a História vivida, formada pela nossa memória e pela maneira que processamos as lembranças. Se não deixarmos nenhum registro, nenhuma anotação, nenhuma foto nós morremos e junto conosco esta história também. A História Oficial é aquela que 1984-capaaprendemos na escola, são as datas e os heróis de quem lembramos e cultuamos. É a história em favor de uma nação ou de uma instituição, com o objetivo de criar um sentimento de pertencimento identitário a um certo grupo de pessoas. Aprendemos que esta é a nossa história e que os fatos realmente aconteceram. Na maioria das vezes eles realmente aconteceram, porém eles foram construídos e transmitidos a partir de um viés ideológico que interessava e interessa a quem detém o poder.

   É nessa problemática que o personagem principal da obra, Winston Smith se centra. Ele vive em um regime totalitário que domina a população a partir de uma série de informações manipuladas. Essa tarefa é tão bem 1984-cinema-1984 exaustivamente executada que todos acreditam naquela verdade e lutam para conservá-la. Não existem mais verdades e nem sentimentos individuais, apenas uma crença que é coletiva. Smith não se encaixa nesse padrão e tenta reconstruir sua história a partir de suas lembranças e crenças. Não é preciso nem dizer que quando o regime descobre, o pune, até fazê-lo regressar ao estado “normal” do pensamento.

   O filme e o livro deixam claro esse abismo entre a História Oficial e a História Vivida e, como a primeira passa a fazer parte de nossas vidas de uma maneira tão sutil que na maioria das vezes não nos damos conta. Quando assistimos ao filme ficamos tão surpresos e nem imaginamos que, apesar de vivermos em um regime “democrático” as formas de dominação são tão mais sutis e mascaradas (nem por isso menos eficazes) que nem temos tempo de perceber.

  A seguinte frase explica o que escrevi até agora: só dominamos o presente conhecendo o passado, e só dominaremos a futuro conhecendo o presente.

Amanda Cieslak Kapp.

2 comentários:

Eliton Moreira disse...

No filme notasse a questao da historia vivida e a historia oficial, onde o partido tenda excluir isso das pessoas, fazendo como se elas nao tivessem a sua historia, e que quem faz a historia é partido.
Outra aspecto importante no filme é a respeito da liberdade que o partido tenta mostrar as pessoas, que o partido que guia a "liberdade das pessoas", e da excusao dos sentimentos das pessoas, enfim existem varios elementos do filme que merecem uma atencao.
Filme muito bom, recomendo a todos.

Abraço

Eliton Moreira - Irati

Eliton disse...

** nota-se