13 de abril de 2010

Racionalismo e fantasia na cultura atual

O século XIX, no ocidente, foi palco de movimentos culturais antagonistas. A racionalidade e a fantasia disputavam espaço nas mentes, e refletíam-se na realidade em produções tecnológicas e artísticas. Neste contexto assistiu-se ao apogeu do posistivismo da consolidação da ciência e surgimento de disciplinas e campos que por si só já denotavam antagonismo, como é o caso das ciências humanas, em especial a psicologia. A literatura teve grandes escolas expoentes dentro de um só século, uma em resposta ao exagero de outra, como o realismo em resposta ao romantismo. O racionalismo em resposta à fantasia.
Triste devia ser ver o exagero, seja de qual lado, sempre prevalecer. E para o romântico e o simbolista, afinal rotulados como inferiores, femininos e místicos - em contraposição à superioridade, masculinidade, objetividade e evolução do positivista – deve ter sido opressor observar as chaminés industriais, e as invenções tecnológicas, e repetir para si mesmos que a única saída era o ópium ou a tuberculose.
Dessa forma se iniciou o século XX, a luz elétrica incessante, o motor tomando conta das ruas, as cidades explodindo demograficamente e as guerras ‘civilizadas’ demandando um absurdo contingente para a morte em nome da nação e sua expansão imperialista. No entanto, o antagonismo perdurou na produção artística. A 7ª arte chegou e rapidamente ocupou o espaço de entretenimento para os fins de semana dos assalariados.
Já na década de 50 a fábrica dos sonhos alcançava interiores recônditos do Ocidente ao Oriente, e embora não estivesse presente no pólo vermelho do mundo, o cinema estava, obedecendo à missão de legitimar a luta do proletariado e as ditaduras socialistas. Com a dissolução do mundo em uma homogênea massa neo-liberalista, o consumo cultural se torna imprescindível na construção identitária de cada indivíduo, perdido entre 6 bilhões de habitantes, de um mundo que assistiu a um século de criações e desmantelamentos de estados e fronteiras.
O realismo fantástico vem representar o imaginário do ser humano renascendo em um mundo acostumado a 2 séculos de pragmatismo e racionalismo. Denota a mudança cultural que se inicia na última metade do século XX e está em processo agora mesmo nas nossas mentes e de todos a nossa volta. A arte no nosso século está acessível através do consumo, de sonhos, religiões e esteriótipos.
O imaginário emerge agora no cinema devido à falência da cultura escrita. Afinal livros demandam tempo para serem produzidos, um custo muito maior do que no século XIX e ainda estão sob o estigma do ecologicamente incorreto. Já o cinema, é imediato como a nossa necessidade de consumo dos sonhos, da cultura e de preenchimento de nós mesmos. Nos oferece a história contada
de forma maniqueísta; representações esteriotipadas do outro em cores azuis, voando em animais gigantes e lutando contra máquinas de guerra futuristas; e, de quebra, a possibilidade de conviver com vampiros, lobisomens e deuses gregos, todos muito charmosos.

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