13 de maio de 2010


JANELA DA ALMA


Como é a sua visão? O que você enxerga? Em que você foca seu olhar? Que imagens te atraem? Que tipo de cenas para contemplar ou observar? Você enxerga o mesmo que os outros? O que é ver?


O documentário Janela da Alma, de Jõao Jardim e Walter Carvalho, lançado em 2002, trabalha com a visão de um forma diferente e inesperada, sem entedê-la apenas como uma função biólogica do corpo. Dezenove pessoas, com profissões, idades e personalidades distintas, e com diferentes graus de deficiência visual, que vão da mais leve miopia à cegueira total falam sobre a experiência de ver.


O escritor José Saramago, a atriz alemã Hanna Schygulla, o músico Hermeto Pascoal, a atriz Marieta Severo, o poeta Manoel de Barros, o neurologista Oliver Sacks entre outros contam como vêem o mundo a sua volta, como vêem os outros e como se vêem.


A questão central do documentário não é então, os problemas de visão, suas consequências e possíveis limitações. O enfoque está na experiência única do que é enxergar, de como enxergar e porque focar seu olhar em tal objeto ou acontecimento. A visão não é posta como natural e comum a todos, mas como algo pessoal, que acontece através de construções do que o indivíduo considera ter importância ou significado.


Amanda Cieslak

1 comentários:

maik disse...

Para o Nobel de química Ilya Prigogine, o princípio da incerteza é o que produz a natureza que conhecemos. Incerta é origem, o meio e fim último das coisas. Transtornamos a vida para a partir daí constituirmos novas possibilidades – janelas, portas ou túneis – para saírmos dos labirintos da existência. Trantornar é tensionar os encontros do acaso. Pode ser um filme, uma música, uma pintura, um beijo. A produção dos sentidos é a única forma de vencermos as forças que nos constrangem. Esse mesmo “ senso comum” que nos sufoca, que tenta nos obrigar a aceitar a vida como ela é: “as coisas sempre foram do mesmo jeito”. A arte é o caminho para saírmos da “normalidade” do mundo.Não podemos separar a arte da vida: ela não é fim, mas produção; não é o porquê, mas a construção de novos mundos; não é um limite geográfico definido, mas nomadismo - os artistas são nômades, andarilhos a procura de novos territórios - o mundo dos possíveis.Como dizia o filósofo Gilles Deleuze: “um pouco do possível, se não eu sufoco”.
“Transtornando o Incerto” é esse possível. A sétima arte como diferença contra a repetição do cotidiano.
Uma nova “Janela da alma”.