Memórias de Adriano
Não há como negar o primor da obra em si - a história do imperador romano Adriano, datada do século II, em que é narrada, em primeira pessoa, grande parte da sua vida.
Mesmo os que não admiram a literatura dita histórica imagino que vão se surpreender com as diversas reflexões presentes durante a narrativa.
O que gostaria de chamar a atenção, para que no momento da leitura houvesse uma análise detalhada, diz respeito às notas que a escritora Marguerite Yourcenar publicou ao fim do livro, que retratam momentos muito interessantes na escrita desafiadora da obra de arte.
Para aqueles que não valorizam a escrita ou mesmo aqueles que sabem como o processo se dá, certamente é uma oportunidade interessante. Marguerite simplesmente descreve em pequenas notas a trajetória dos trinta anos que levou para concluir seu trabalho.
Além das exaustivas pesquisas e apego ao tema, de acordo com ela mesmo quando havia desistido do projeto de escrever acabava sempre publicando trabalhos relacionados ao tema, relata momentos crueis como a queima de algumas de suas anotações e as imprevisíveis “travadas” na escrita, quando abandonava o projeto do livro.
Assim como alguns esclarecimento que a autora pontua sobre a escolha de Adriano como protagonista, a relação com o romance histórico e esclarecimentos acerca do desenrolar da narrativa.
Entender como cada detalhe foi pensado dentro da obra dá a impressão de uma intimidade maior com ela, passamos a admirá-la e valorizá-la ainda mais, e concordar, nesse caso, com a fama desse ser um dos melhores romances do século XX.
Katrym
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