13 de junho de 2010

Efeito Cogumelo



“A toca do coelho dava direto numa espécie de túnel que de repente descia terra adentro, tão de repente que Alice não teve nem um segundo para pensar em parar, antes de despencar em algo que parecia ser um poço muito fundo” (CARROL, 2005, p.16). No fundo deste poço, Alice encontra um fantástico país de maravilhas, isso não é novidade. O que nos chama a reflexão é o boom Aliciano que surgiu nos últimos tempos.


De repente leituras e releituras brotaram como cogumelos de todos os cantos, quer dizer, as já existentes há algum tempo e as que foram lançadas mais recentemente. Pergunto-me o porquê e imediatamente sou guiada até o filme campeão de bilheteria do diretor Tim Burton, logicamente este foi o grande responsável pela febre instalada nos mais diversos cantos do mundo... mas, ingenuamente, não me conformo.


Claro que esta explosão do clássico está sim relacionada ao filme deste ano, mas isso que os criadores do filme e a mídia toda acabou fazendo também pode estar relacionada a um fato mais subjetivo, ingênuo, talvez absurdo...


Quando chegamos ao fim da narrativa, somos tranqüilizados pela informação de que Alice estava sonhando, somos conduzidos junto com ela para a segurança da “realidade conhecida”, no entanto o país das maravilhas continua ecoando em nossa sensibilidade e hesitamos, ainda, entre acreditar ou não que aquele sonho acabou. Talvez a recorrência das leituras e releituras da Alice na cultura contemporânea, este efeito cogumelo, esteja nos dizendo sempre que aquele sonho das maravilhas de Alice, na verdade, não acabou.


A beleza, a profundidade, a versatilidade, as inesgotáveis imagens e intertextos do clássico de Lewis Carroll vive e ultrapassa gerações, assim como toda a sua relevância e significação universal.


Mais que sobrevivência, mais que eco de sucesso, mais que mídia, o clássico nos prova a sua relevância, pois por mais que haja certa massificação nesta época, a sua riqueza e toda beleza não é sufocada. A arte literária é versátil e nos oferece inúmeros caminhos para percorrer, surpresas, descobertas e maravilhas, da mesma forma vivenciada por Alice naquele estranho país que percorreu.


Ana Carla Bellon

1 comentários:

MM disse...

Realmente dá um desgosto ver os clássicos sendo enlatados e vendidos na promoção, porém é o sistema.

Entendo a wonderland mais ou menos assim:
http://www.horizontevertical.org/

Você tem que ler um livro chamado "O livro tibetano da morte". Ele é toda a aventura de Alice.
Beijos