14 de julho de 2010

ARTE DA GUERRA DO MAR

Fernando de Oliveira, possivelmente nascido em 1507, na vila de Aveiro, no bispado de Coimbra, publicou em 1555 um manuscrito intitulado Arte da Guerra do Mar. O padre, que fazia parte da ordem dos Dominicanos, demonstrou neste livro pioneirismo e incrível clareza com relação ao ofício da navegação. Além de Arte da Guerra do Mar, Fernando escreveu uma Gramática da Língua Portuguesa, em 1536 e o Livro da Fábrica das Naus, com data de publicação desconhecida.
Em seus escritos o autor defendeu a importância do comércio marítimo no fortalecimento do Estado Nacional Português pois, através deste seria possível a obtenção de lucro, grandeza e poder. Outra função de uma marinha bem preparada era a de defender (utilizando a força apenas se necessário) os interesses econômicos do país.
Para Oliveira, inspirado em Santo Agostinho, o objetivo da guerra era sempre o de promover a paz, através da punição dos contrários. Os justos tinham o direito divino de usar a força para castigar os pecadores. É possível perceber que a religião estava a serviço da ação militar do Estado. Religião e Estado não podem ser entendidos separadamente neste contexto.
Em determinadas idéias Fernando distinguiu-se da maioria de seus contemporâneos. Apesar de defender a guerra em nome da religião, o padre, que foi processado pelo Tribunal do Santo Ofício, dizia que não era legítimo empreender guerras contra infiéis que nunca foram cristãos e que nunca prejudicaram a cristandade. Dessa forma, o autor ao menos reconheceu, e de certa forma aceitou, a existência de outras religiões, desde que estas não interfirissem em seu meio.
Fernando também condenava a escravidão e a destruição dos contrários, o domínio deveria ser executado através de procedimentos éticos e legais. Tal forma de dominação não deixava de ser destrutiva e invasiva, tanto quanto as outras, porém diferia completamente quanto aos seus princípios e justificativas.

Amanda Cieslak

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