11 de julho de 2010

Celebrando Sganzerla

O diretor Rogério Sganzerla foi um dos grandes produtores, críticos e fomentadores do cinema brasileiro marginal. Dirigiu filmes emblemáticos neste segmento, como O Bandido da Luz Vermelha, Mulher de todos, Sem essa, aranha e o Signo do caos.

Porém, poucas pessoas sabem que Sganzerla foi crítico de cinema do jornal Folha de São Paulo, inclusive escrevendo sobre filmes durante quatro anos – sua carreira atrás das câmeras é posterior ao trabalho na redação do jornal. E também fundou a produtora Belair com o também diretor do cinema marginal Júlio Bressane. No breve tempo de existência a produtora produziu sete filmes – 3 de Sganzerla, 3 de Bressane e um curta-metragem.

Recentemente foi lançado o documentário Belair, dirigido por Noa Bressani e Bruno Safadi, que mostra entrevistas e imagens dos filmes rodados pela produtora naquele Brasil de 70. Como afirmam os próprios diretores: Sganzerla e Bressane estavam no auge da criatividade, e o Rio de Janeiro foi o cenário inspirador para deflagrar a pólvora que incendiou suas miríades de ideias. Pela primeira vez, a favela era filmada em cinemascope, colorida, quente, explosiva. Era um cinema agressivo, de afronta, imoral na forma e coerente nas idéias. A radicalização de princípios custou caro para os dois: com a ditadura militar batendo na porta, foi preciso abrir mão do Brasil e pular fora rumo ao velho continente.

Celebrando o diretor nesta semana próxima a editora da UFSC lança Edifício Rogério - uma caixa com dois volumes de críticas cinematográficas de Sganzerla. Certamente uma contribuição a um diretor que fez muito pelo cinema e a cultura nacional.



Bruno Scuissiatto







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