Certos filmes usam e abusam do referencial verdadeiro para construir suas narrativas. Helter Skelter (2004) do diretor John Gray não é diferente. Baseado nas histórias relatadas no livro de Vincent Bugliosi, que foi o promotor responsável pelo processo criminal no qual todos os participantes da família Manson orientados pelo mentor Charles acabaram condenados. Inicialmente vinculado a televisão americana em episódios, foi lançado no Brasil em 2004 no formato película.
O mosaico histórico é muito forte, cenas e colagens de fotografias sobre a efervescência cultural principalmente com os avanços americanos e a ousadia transgressora dos jovens são recorrentes na narrativa. Concomitantemente acontecem explorações de assuntos relativos com a religião e o fim do mundo. Charles Manson se auto-intitula “Jesus Cristo” e aliado ao talento de sua persuasão musical começa a reunir vários jovens em um rancho na Califórnia. Estes todos acabam incumbidos em desenvolver o Helter Skelter que seria o fim do mundo, segundo a teoria de Manson.
Com a carreira musical impossibilitada no meio musical de Hollywood, quando conseguiu apenas lançar um único single, aumentando o seu desequilíbrio psiquiátrico de fracassado rock star. Dentro de uma estética realista o filme consegue mostrar a influência dos crimes praticados por eles como uma vitória sobre a classe artística americana uma espécie de vingança contra aquela sociedade que lhe negou a oportunidade na carreira musical. Entre os crimes bárbaros contra celebridades o mais terrível certamente foi de Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski, que estava grávida de oito meses do primeiro filho do casal e acabou assassinada por dezesseis facadas. Outros crimes aconteceram com a orientação de Manson, e um traço característico dos crimes eram inscrições agressivas com o sangue das próprias vítimas na parede ou em objetos – “porcos safados” e a inscrição do próprio movimento – Helter Skelter. Após sucessivas investigações chegou-se a conclusão que todos os crimes que abalaram os Estados Unidos eram de autoria do bando dos Manson.
O próprio promotor responsável pela produção do filme e autor do livro que detalhou os acontecimentos praticados pela família Manson, relatou: O caso Manson foi e continua a ser único, mas não é o número de vítimas que o torna diferente e fascinante e sim os diversos outros elementos para os quais não há provavelmente nenhum paralelo: a preeminência das vítimas, os meses de investigação, o terror que dominou uma grande cidade, o motivo inacreditavelmente estranho dos assassinatos, a relação entre os Beatles e os crimes, a manipulação de um guru sobre seus seguidores de forma a não deixar nenhum traço de remorso após a execução de crimes tão bárbaros. Todos estes fatores se combinam para fazer de Manson o mais terrível assassino da história americana.
Partindo para uma análise do formato fílmico temos
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