17 de janeiro de 2010

Reflexos e reflexões

"- Quando eu uso uma palavra - disse Humpty Dumpty num tom escarninho - ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique ... nem mais nem menos.
- A questão - ponderou Alice – é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
- A questão - replicou Humpty Dumpty – é saber quem é que manda. É só isso."
(Lewis Carrol, Alice Através do Espelho, Editoras Fontana/Summus, edição de 1977)


Depois que Alice perseguiu o coelho apressado e caiu no país das maravilhas, Lewis Carrol a conduziu ao país dos espelhos. Numa tarde em que jogava xadrez com uma de suas gatas, a garotinha passou através do espelho e penetrou em um novo mundo, que todos já pensamos em algum momento da vida...

Novamente a aventura da pequena Alice não para em uma simples contação de história infantil, a criação de Carrol nos leva a um universo de indagações lingüísticas, psicológicas e até políticas, o que atribui toda a riqueza à obra, além de problemas matemáticos e lógicos ocultos ao livro.

O país dos espelhos é a seqüência do país das maravilhas e é composto em torno de uma relação com o jogo de xadrez, em que as personagens também exercem esta relação: rainha vermelha, rei branco, cavaleiros.

Os acontecimentos são surreais, como é o caso de se correr muito e não sair do lugar, ou o de ir ao lado oposto do qual se encontra a pessoa para poder se chegar a ela. Com isto as noções de tempo e espaço se tornam imprevisíveis de tal forma que tudo pode acontecer de diversas maneiras, desde matar a sede com um biscoito a um bolo se partir sozinho.

A protagonista deseja se tornar rainha e para isto deve atravessar algumas casas para chegar então a oitava e ser coroada. A cada casa que percorre se depara com um tipo diferente de criatura, por assim dizer. Os irmãos Tweedle-Dee e Tweedle-Dum, Humpty Dumpty, entre tantos outros que nos obrigam a penetrar na sua lógica, ao mesmo tempo que nos divertem e nos fazem refletir.

Algumas personagens são reencontradas, pois já estavam presentes na primeira aventura de Alice enquanto outras são inéditas. A obra de Carrol é hoje representada de diversas formas, entre elas versos, filmes e teatro.

Enfim, a história pode e deve ser lida por todos os públicos sem medo desta jornada de auto-conhecimento em frente ao espelho. Fica aqui a sugestão deste clássico da literatura fantástica! Boa leitura!


Ana Carla Bellon

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