10 de fevereiro de 2010

"O medo destrói qualquer pessoa!"


Já imaginou morrer jovem, condenado injustamente e ser executado no garrote vil?

Dentre as produções espanholas que revivem a ditadura franquista, ‘Salvador (Puig Antich)’, de 2006, é uma ótima pedida. A produção é dirigida por Manuel Huerga, e estrela Daniel Brühl (Adeus Lenin e The Edukators), mais famoso pelas produções alemãs, mas que tem ascendência materna espanhola.
O filme relata a trejetória de Salvador, estudante catalão e anarquista, envolvido com o Movimento Ibérico de Libertação (MIL) entre o fim da década de 60 e início da de 70. A narração relata a atuação do movimento em roubos a banco e patrocínio de sindicatos e greves, além das publicações do MIL, mas sem se aprofundar na questão do anarquismo.
Embora o recorte temporal do filme seja do envolvimento de Salvador com o anarquismo e o MIL até a sua morte, trata-se de uma história sobre personalidade e família. Salvador representa uma geração expurgando os demônios que atormentaram a geração anterior, de seus pais e as ditaduras iniciadas no pós-guerra em torno do mundo. As tradições e os rompimentos com esta estão presentes nos personagens femininos das namoradas de Salvador e dos outros militantes, além da família, que é ponto marcante na narrativa. O filme, aliás, é baseado na obra literária de Francesc Escribano, que usou como principal fonte de pesquisa entrevistas com as irmãs de Salvador, que passaram com ele as últimas 12 horas anteriores a sua execução.

Podemos dividir o filme em dois momentos, um primeiro em que a narração é leve, com um ar jovial e revolucionário, retratando as ações do MIL, repletas de Rock’N’Roll na trilha sonora. E, um segundo, no qual Salvador é preso pelo regime e condenado repetidas vezes à pena de morte pelos tribunais militares. A luta vã pela sobrevivência é sufocante para o espectador. O roteiro fica cada vez mais dramático à medida que se aproxima do fim e culmina com a execução através do garrote vil (máquina espanhola de execução que prende a vítima a um mastro pelas mãos e pescoço, pressionando a nuca enquanto estrangula e rompe a coluna vertebral).
Mas Salvador era uma pessoa que viveu sem medo e que lutou contra o medo que se instalou na sociedade espahola da ditadura franquista, e tornou-se mátir da dissolução da ditadura franquista e da história daquele país.

E é isso. Para quem se interessou pelo assunto, fica o link de um site catalão sobre Puig Antich e o MIL, bem rico em materiais publicados pelo movimento:

http://www.salvadorpuigantich.info/?sec=inici

Ana Elisa

0 comentários: