3 de fevereiro de 2010

SESSENTA E TRÊS PALAVRAS

        Sabe aquela história de que os livros perdem muito com as traduções? Pois bem, no meio de um livro de Milan Kundera, A arte do romance, em que ele resume como um “balanço de minhas reflexões sobre a arte do romance” (2009, p.7) encontro uma espécie de dicionário pessoal, voltado para essa questão da tradução.

        O autor explica que diante de inúmeras discordâncias acerca das traduções de suas obras, resolveu seguir a sugestão de um amigo e criar o seu próprio dicionário, o significado que ele pensou primitivamente na hora que resolveu utilizar justamente aquela palavra e não um sinônimo, já que segundo Kundera “cada palavra tem seu sentido próprio e é semanticamente insubstituível”(2009, p.134).

        Diante das sessenta e três palavras por ele citadas não resisti a compartilhar alguns trechos:

MISTIFICAÇÃO: o modo ativo de não se levar o mundo a sério.

ROMANCE: a grande forma de prosa em que o autor, através dos egos experimentais (personagens), examina até o fim alguns grandes temas da existência.

OBSCENIDADE: a mais profunda raiz que nos liga a nossa pátria.

PSEUDÔNIMO: Sonho com um mundo em que os escritores sejam obrigados por lei a guardar secreta sua identidade e usar pseudônimos. Três vantagens: limitação radical da grafomania; diminuição da agressividade na vida literária; desaparecimento da interpretação biográfica de uma obra.

        Fica a sugestão da leitura completa da obra, que conta com entrevistas e discursos do autor de “A insustentável leveza do ser”.

Katrym

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