A estreia de 5 x Favela, Agora por Nós Mesmos no circuito comercial do cinema brasileiro é um marco para a filmografia nacional recente . Aclamado no último Festival de Cannes e muito bem recebido pela crítica e público no Festival de Paulínia no mês passado, a produção tem tudo para emanar pelas salas de cinema do país.
O filme é uma espécie de releitura do clássico Cinco Vezes Favela de 1962, que teve como diretores Miguel Borges, Joaquim Pedro de Andrade, Cacá Diegues, Marcos Farias, Leon Hirszman. Naquele contexto de efervescência do Cinema Novo, o filme teve o olhar de jovens diretores sobre os aspectos da favela carioca dos anos 60. Já na produção atual, a produção foi dirigida por diretores moradores das próprias comunidades cariocas. Conduzido pelo diretor Cacá Diegues, após uma seleção apurada, foram escolhidas 200 pessoas para o staff do filme.
Os episódios de 5 x Favela, Agora por Nós Mesmos, cada um com aproximadamente vinte minutos de duração - Arroz e Feijão,episódio dirigido por Cacau Amaral e Rodrigo Felha, Deixa Voar, dirigido por Cadu Barcellos, Acende a Luz, dirigido por Luciana Bezerra, Fonte de Renda, de Manaíra Carnero e Wagner Novais, Concerto para Violino, de Luciano Vidigal.
Quarenta e oito anos depois Diegues se mostra entusiasmado com o lançamento do filme, o projeto foi idealizado pelo diretor em favelas cariocas desde os inicio dos anos 90 juntamente com associações culturais. “Esta é precisamente a razão pela qual o filme é tão original e interessante, pela primeira vez a favela é vista de dentro, sem os estereótipos, os clichês da imprensa e da televisão, que são falsos”, comentou durante o Festival de Cannes.
Parece que depois de tanto ser cenário e personagem de filmes ao longo da trajetória do cinema nacional, a favela deixou de ser apenas protagonista, para também ser idealizadora e proprietária do próprio olhar do outro lado da câmera.
Bruno
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